Desde 2017, pessoas interessadas por desenho valorizam patrimônio arquitetônico local. Iniciativa ajudou designer a se reencontrar com a arte após ter um burnout. Desenhistas se reúnem para redescobrir e reproduzir arquitetura urbana
A designer Roberta Almeida Santos sempre foi apaixonada por desenhos, mas havia os deixado de lado depois que teve um burnout e tremores nas mãos causados por medicações. Recentemente, graças a uma iniciativa em Ribeirão Preto (SP), ela se reencontrou com a arte por meio da representação de paisagens urbanas.
Hoje, ela faz parte de um grupo de aproximadamente 20 pessoas, mais conhecidas como “urban sketchers”, que reproduzem, pelos traços, diferentes imóveis e pontos históricos da cidade e depois promovem exposições nas calçadas (veja abaixo alguns dos desenhos).
Urban Sketchers: grupo de Ribeirão Preto se reúne para desenhar paisagens urbanas e históricas
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“Aqui todo mundo senta junto, conversa, é no momento de cada um, não tem avaliação de nada, é muito livre. Aí eu voltei a desenhar, só que eu voltei com desenhos arquitetônicos mesmo, de fachada, com o grupo e isso foi me ajudando a voltar a desenhar”, diz.
Desenhistas urbanos
Parte de um movimento mundial, os “urban sketchers”, ou desenhistas urbanos, se reúnem mensalmente desde 2017 para reproduzir, de forma livre, paisagens urbanas e pontos históricos. Foi o arquiteto Domingos Guimarães e a design de interiores Elisa Piani que decidiram trazer a iniciativa para Ribeirão Preto.
Cada um dos participantes pode usar a técnica de sua preferência, da aquarela ao nanquim. O importante é se juntar e aproveitar o momento. Do profissional ao iniciante, todos se ajudam e encontram prazer no desenho.
Urban Sketchers: grupo de Ribeirão Preto adere a movimento mundial e se reúne para desenhar paisagens urbanas e históricas
Reprodução/EPTV
A ideia do movimento é deixar os participantes livres para desenhar e principalmente valorizar a história arquitetônica. Por isso, cada local é escolhido antecipadamente pelos organizadores com bastante cuidado.
“A gente já desenhou vários locais históricos de Ribeirão Preto. Praças, parques, lugares onde se encontram pessoas, até para fazer um tour pela parte histórica da cidade. A partir do momento que você vai desenhar vai percebendo detalhes da arquitetura que no dia a dia passam despercebidos”, afirma Elisa.
O último encontro do grupo foi em um casarão no bairro Higienópolis. O imóvel conta com uma construção da década de 1940, com uma mistura de estilos como clássico, colonial e espanhol.
Casarão em Ribeirão Preto é reproduzido por Urban Sketchers
Reprodução/EPTV
O produtor de eventos Lelo Guazzelli levou todo o material de desenho, um banco e se ajeitou na rua para conseguir desenhar. Para ele, é uma forma de se aproximar da história do município.
“A gente vai reconhecendo a cidade, é um pertencimento até porque a gente passa muitas vezes em muitas casas, muito prédios, desapercebidos, então tem essa questão de conhecer os lugares e você vai conhecendo outras pessoas que também gostam de desenhar, isso é bem bacana.”
Movimento aberto
Apesar de a maioria dos participantes ser ligada à arquitetura, o movimento é aberto para todo o público. O produtor Lelo é um exemplo de que este não é um requisito e todos podem se aventurar na arte do desenho.
“Eu não sou um grande desenhista. Apesar de ser formado em publicidade, eu não desenvolvi muito o desenho, mas esse momento agora é o meu momento de relax, é a hora que eu paro pra ficar olhando a paisagem pra desenhar, então é um momento muito gostoso, muito tranquilo e prazeroso.”
O movimento é aberto também para crianças que querem aprender. De Fortaleza (CE), Bruna Gabarra Pereira, de 12 anos, encontrou o grupo pela internet enquanto passava férias em Ribeirão Preto.
Bruna Gabarra Pereira, de 12 anos, participou do encontro com o grupo Urban Sketchers em Ribeirão Preto
Reprodução/EPTV
A mãe, Larissa Oliveira Gabarrada, é professora universitária e aproveitou a oportunidade para levar a filha para a nova experiência. A menina, que já gosta de desenhar, conseguiu se divertir enquanto aprendia novas técnicas.
“Eu preciso melhorar essa coisa de copiar o real, então vim pra cá pra melhorar o meu jeito de desenhar. Eu me sinto no meu próprio mundo quando desenho, no meu próprio espaço e eu posso desenhar o que eu quiser, se eu quiser colocar uma pássaro, eu posso”, afirma Bruna.
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