23 de setembro de 2024

Polícia Civil analisa amostras colhidas de corpos de detentos mortos em presídios; há suspeita de overdose por droga ‘K’

Segundo o governo do estado, sete mortes foram registradas em presídio de Ribeirão das Neves nos últimos dez dias. Outros seis detentos morreram entre dezembro de 2023 e março deste ano em outra unidade. Droga com efeitos devastadores preocupa as autoridades de saúde
O Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) está analisando amostras colhidas dos corpos dos detentos que morreram em presídios de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Há suspeita de que os óbitos tenham sido causados por overdose da droga sintética “K”.
De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), sete pessoas que cumpriam pena no Presídio Inspetor José Martinho Drumond morreram nos últimos dez dias. Outros seis detentos, do Presídio Antônio Dutra Ladeira, morreram entre dezembro de 2023 e março deste ano.
Segundo a pasta, “em nenhuma das ocorrências os presos apresentavam lesões aparentes”.
Presídio Dutra Ladeira em Ribeirão das Neves
Reprodução/TV Globo
As chamadas “drogas K”, conhecidas como K2, K4, K9 e spice, são substâncias sintéticas, desenvolvidas em laboratório, com alto potencial destrutivo (leia mais abaixo).
Em nota, a Sejusp afirmou que policias penais atuam diariamente para tentar coibir a entrada de drogas nos presídios e que revistas rotineiras são realizadas nas unidades, em visitantes e nas celas.
“As unidades prisionais mineiras estão dotadas de diferentes equipamentos de segurança que contribuem para os trabalhos, tais como banqueta de raio-x, aparelhos de raio-x, bodyscan e drones para o monitoramento externo. Além disso, são realizadas operações de revista em todas as unidades”, disse a pasta.
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Drogas “K”
Apesar de também terem se popularizado como “maconha sintética”, especialistas apontam que elas não devem ser chamadas assim porque isso pode trazer uma falsa ilusão sobre a forma perigosa como elas agem no corpo.
De acordo com Fernanda Bono Fukushima, professora e membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares de Cannabis (NEICANN) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a preocupação em não chamar as drogas K de “maconha sintética” passa pela discussão em torno da cannabis medicinal e da forma mais agressiva como as K atuam no organismo.
“Ela é vendida como maconha artificial, maconha falsa, maconha alguma coisa, com nomes que fazem alusão de que ela é mais inofensiva. Faz parecer uma coisa supernatural e pouco nociva, mas o que percebemos é que ela é uma droga sintética com um potencial lesivo grande para quem usa e podem levar a morte”, afirmou Fernanda ao g1, em abril do ano passado.
Os efeitos das drogas K nos corpos das pessoas ainda são uma incógnita, mas os especialistas descrevem alguns sintomas:
Causam dependência
Atinge diversas regiões do corpo
Tem potencial para aumentar a depressão
Aumento da frequência cardíaca
Ataques de raiva e agressividade
Paranoia
Ansiedade
Alucinações
Convulsões
Insuficiência renal
Arritmias cardíacas
Morte
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