Apesar do discurso público de bolsonaristas, nos bastidores, aliados de ala técnica do ex-presidente veem pequenas chances de envolvimento do presidente americano nas questões domésticas brasileiras, como inquérito do golpe. Jair Bolsonaro e Donald Trump.
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Embora Jair Bolsonaro reforce publicamente um script similar com a trajetória de Donald Trump nos últimos anos — ex-presidentes, alvos da Justiça, populistas de direita — bolsonaristas admitem nos bastidores que a volta de Trump ao poder não deve ter efeito prático nos casos que Bolsonaro enfrenta na Justiça.
Aliados de Bolsonaro adorariam uma pressão pública do americano em inquéritos como o do golpe, mas não têm essa expectativa de realização, pois não creem que Trump se envolverá em questões domesticas ou mesmo retalie o Brasil por causa de Bolsonaro.
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O que importa mesmo para bolsonaristas é o barulho: usar Trump politicamente, ressaltar a força da direita, alinhamento ideológico e explorar narrativas.
A equipe mais técnica, que inclui advogados e assessores, é menos otimista. Eles reiteram que vão recorrer às instâncias judiciais internacionais — algo já previsto no roteiro de defesa —, mas enxergam pouca margem para que Trump realmente ajude o ex-presidente brasileiro a escapar da Justiça.
Ou seja: vão usar e abusar da retórica e do roteiro similares ao de Trump, mas sabendo que é difícil que a volta do republicano à Casa Branca ajude Bolsonaro na justiça- lembrando que – diferentemente dos EUA- o Brasil tem ficha limpa. Foi pela lei que Bolsonaro ficou inelegível.
O Brasil, Lula e Bolsonaro não estão no radar de Trump. Pelo menos essa é a impressão que ficou após coletiva de imprensa com jornalistas no Salão Oval, na noite desta segunda-feira (20).
O recém-empossado presidente americano parecia não saber muito sobre a quantas anda o Brasil – não sabia, por exemplo, da posição do Brasil sobre a Ucrânia.
Para as próximas eleições, a direita aposta no afrouxamento de regras de checagem das big techs, por exemplo, nas redes sociais.
Algo parecido com o que fez a Meta, de Mark Zuckerberg, e o X (antigo Twitter), que tem como dono o bilionário — e agora parte do governo Trump —, Elon Musk.