23 de janeiro de 2025

Idoso de 86 anos fica ‘dopado’ após receber dose errada de medicamento em hospital, diz família


Segundo a filha, o pai está sob o efeito do remédio há mais de 10 dias e por isso não consegue andar, falar e se alimentar sozinho. A família contou que chegou a pagar uma cuidadora para ficar com ele dentro do hospital. Idoso de 86 anos recebe dose errada de medicação em hospital em Palmas
Reprodução/Arquivo pessoal
Francisco Martins da Nobrega, de 86 anos, ficou ‘dopado’ após receber a dose errada de um medicamento em um hospital particular em Palmas, segundo a família. A filha Fabiollah Celian, contou que o pai está há mais dez dias nessa situação. Ele não consegue andar, falar, comer e beber sozinho depois que foi injetado uma ampola e meia de um medicamento, quando a dose correta seria apenas meia ampola.
O idoso é diagnosticado com Alzheimer e a família teve que contratar uma cuidadora para auxiliá-lo dentro da unidade hospitalar.
“Trata-se de uma injeção de longa duração, cujo efeito fica no organismo por 30 dias (quando é aplicada a dose normal), e por isso o paciente está dopado há mais de dez dias, sem andar, sem falar, e sem se alimentar pelas vias normais. Imagina ficar acamado no mínimo 30 dias, o prejuízo que ele vai ter em relação a massa muscular, equilíbrio e autonomia”, contou.
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O idoso foi retirado do hospital pela família nesta quarta-feira (22). Fabiollah informou que estava com medo de uma contaminação e já não tinha mais condições de pagar a cuidadora para ficar 24h acompanhando o pai na unidade.
Segundo a filha, a administração do hospital informou à ela que não irá arcar com os custos da cuidadora porque o contrato de Francisco não cobre esses serviços. “Mesmo eu explicando que não se trata de questão contratual, mas de um erro muito grave que aconteceu no hospital, sob a responsabilidade deles. [Funcionário] respondeu: sinto muito”.
A diretoria do Hospital Unimed Palmas informou ao g1 que “está apurando os fatos e as medidas necessárias serão tomadas”.
O idoso é viúvo e tem dois filhos, Fabiollah que mora em Palmas e outro que mora em Goiânia. Os dois cuidam do pai e por isso ele passa um tempo nas duas cidades. A filha ainda lembra que o Francisco costuma ser uma pessoa ativa e fazia fisioterapia, musicoterapia, e outras atividades. Em um vídeo registrado em julho do ano passado, ele aparece dançando com Fabiollah.
Vídeo mostra idoso de 86 anos dançando com a filha
Dose errada
Francisco foi internado no dia 10 de janeiro em Palmas após apresentar um quadro de agitação quando estava em Goiânia (GO). Conforme relatório feito pelo médico psiquiatra do paciente durante uma consulta, o idoso tomava três tipo de medicamentos, que não estavam mais surtindo efeito. Por isso, a família decidiu trazê-lo para Palmas (TO), com orientação do psiquiatra para fazer a troca do remédio.
No relatório, o médico descreve que no primeiro dia de internação foi prescrito ao paciente meia ampola do medicamento ‘Haldol Depot’. E que para tomar esse remédio outras medicações seriam suspensas gradualmente. O erro da dosagem teria acontecido na aplicação do remédio, segundo o documento.
“Ocorre que na data da internação, apesar de explícito na receita e na evolução no prontuário, houve, segundo prontuário de enfermagem, administração errônea de uma ampola e meia IM do medicamento HALDOL DEPOT”, diz o relatório médico.
O médico explica no relatório que nas primeiras 48 horas o paciente ficou sonolento e avaliações clínicas laboratoriais mostraram que ele também estava com infecção urinária. Por causa dessa sonolência, o idoso passa mais tempo deitado e dependente de cuidador para se alimentar, vestir e se limpar.
“[…] não há outros medicamentos ou doenças clínicas que justifiquem a hipoatividade, a probabilidade maior da causa da sonolência intermitente do Sr Francisco é efeito colateral da medicação”, diz o relatório.
Francisco Martins da Nóbrega e a filha Fabiollaah Celian
Reprodução/Arquivo Pessoal
A filha contou que precisou contratar uma cuidadora para acompanhar o pai. “Neste caso eu precisei contratar [uma cuidadora], porque ele está completamente dependente. Vai ficar nessa condição por pelo menos 30 dias. Ainda não sabemos as consequências que ele terá devido a inatividade. Estou pagando R$ 400 de cuidadora, por dia, e nem isso o hospital quer arcar”, explicou Fabiollah.
Agora Francisco está na casa da filha, que precisou tirar uma licença do trabalho para dar assistência ao pai. Ele continua sem condições de se alimentar e fazer outras atividades sozinho.
Segundo a descrição do psiquiatra, a inatividade do paciente pode causar perda de massa muscular e ele irá precisar de cuidados gerais por pelo menos três semanas.
O Conselho Regional de Enfermagem do Tocantins (Cofen) informou que até o momento não há registro de formalização de denúncia desse caso e que quando for formalizado e chegar até o setor, será fiscalizado e investigado com todos os itens pontuados. O g1 solicitou informações ao Conselho Regional de Medicina do Tocantins, mas não teve resposta até a publicação da reportagem.
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