24 de janeiro de 2025

Conselho Federal de Medicina pede que Anvisa proíba a venda de PMMA em procedimentos estéticos


A substância plástica que deveria servir somente para tratamentos médicos e dentários, está sendo usada indiscriminadamente em procedimentos como aumento de bumbum. Conselho de Medicina pede que Anvisa proíba a venda de PMMA, usado em clínicas estéticas
O Conselho Federal de Medicina pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária que proíba a venda de uma substância que vem sendo usada indiscriminadamente em procedimentos estéticos.
Uma mulher queria se livrar das olheiras e do bigode chinês. Na clínica de estética, o procedimento seria feito com um produto permitido pela Anvisa. Mas, logo vieram as reações, e os exames indicaram que o produto usado era o Polimetilmetacrilato, conhecido como PMMA.
“Eu já procurei três cirurgiões, onde dois acham melhor não mexer, devido a uma porção do produto estar muito próximo ao meu nervo óptico. E o outro falou que aos poucos a gente consegue tirar, mas financeiramente é inviável”, conta a mulher.
Mulher apresenta reação ao PMMA
Reprodução/TV Globo
O PMMA é uma substância plástica que pode atuar como cimento ósseo para fixar próteses ortopédicas. É utilizado também em tratamentos dentários, serve ainda para corrigir pequenas conformidades provocadas pela poliomielite e cicatrizes profundas ou ainda para reparar a perda da gordura em pacientes com HIV.
Mas, nos últimos anos, o produto passou a ser usado sem controle em clínicas de estética e em consultórios médicos, principalmente para aumentar os glúteos e em muitos pacientes as consequências são graves.
PMMA, usos na medicina e odontologia
Reprodução/TV Globo
A modelo Aline Maria Ferreira morreu dias depois de aplicar o PMMA nos glúteos em uma clínica em Goiânia. No Recife, Adriana Barros Lima, de 46 anos, também usou o produto e morreu.
Modelo Aline Maria Ferreira morreu dias depois de aplicar o PMMA nos glúteos
Reprodução/TV Globo
Médicos brasileiros fizeram um estudo com 239 pacientes que usaram o PMMA. 90% dos pacientes com complicações são mulheres de 30 a 50 anos de idade. As partes mais afetadas são a face e glúteos.
As sociedades de cirurgia plástica e de dermatologia e o Conselho Federal de Medicina já tinham pedido a proibição do uso do PMMA como substância preenchedora em procedimentos estético.
Mais uma vez, o CFM quer que a Anvisa impeça também a produção e a comercialização no Brasil. O Conselho afirma que há substâncias mais modernas, que podem ser usadas nos tratamentos médicos.
“O uso com finalidade estética e o mais grave deles, o aumento da região do glúteo, porque ele requer o uso de grandes volumes, o que traz complicações bastante sérias. Inclusive, às vezes, evoluindo com insuficiência renal, com problemas renais graves. Então, o pedido do Conselho Federal de Medicina é que o uso dessa substância seja proibido”, diz Graziela Bonim, coordenadora da Câmara Técnica de Cirurgia Plástica do CFM.
Conselho de Medicina pede que Anvisa proíba a venda de PMMA, usado em clínicas estéticas
Reprodução/TV Globo
A associação que representa os fabricantes do PMMA declarou que, em vez de proibir o produto, é preciso combater o mercado clandestino. A Anvisa afirmou que vai analisar toda a documentação entregue pelo Conselho Federal de Medicina. E reiterou que o PMMA não é indicado para fins estéticos.
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