24 de setembro de 2024

Presos por negociar 21 armas do Exército debochavam de ‘nome sujo’ enquanto andavam de carrão em SP

Apesar de estarem inscritos no programa Bolsa Família, do governo federal, Jesser Marques Fidelix e Márcio Geber levavam vida de luxo e ostentavam nas redes com carros potentes e apartamentos caros, segundo a polícia. Através das contas da esposa de Jesser, esquema movimentou milhões. Presos por negociar armas do Exército debochavam de ‘nome sujo’ enquanto andavam de carrão
Suspeitos de negociar as armas furtadas de um quartel do Exército em Barueri, na Grande São Paulo, Jesser Marques Fidelix, o Jessé, e Márcio André Geber Boaventura Júnior postaram vídeos nas redes sociais em que debocham de terem o nome “sujo”, ou seja, na lista de devedores do SPC.
Uma das postagens foi feita no dia 20 de fevereiro. Nas imagens, ele aparece dirigindo um veículo com um cão no colo, na orla de uma praia, com uma trilha que a letra dizia: “Nome no SPC, auxílio emergencial negado, desempregado. Mas ‘tá’ ai, dando close. Porque se tem uma coisa que o ‘liso’ sabe dar é close”.
E na legenda, afirma: “Bem preocupado com meu nome sujo”.
Em outro vídeo, Márcio e Jesser estão em um carro de luxo. Eles partem para a Rodovia Castello Branco, que liga a capital paulista ao interior do estado, e chegam a 200 km/hora. O post é acompanhado dos dizeres: “Fazendo aquele teste de leve pela Castelo Branco #segundou.”
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A dupla foi capturada em um condomínio de luxo em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, pela DRE. A prisão temporária é por 30 dias, nesta quinta-feira (11).
Apesar de estarem inscritos no programa Bolsa Família, do governo federal, eles levavam vida de luxo e ostentavam nas redes com carros potentes e apartamentos caros, segundo a polícia.
Além disso, de acordo com as investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), da Polícia Civil do RJ, a dupla tinha uma movimentação bancária de milhões.
Jesser Marques Fidelix e Márcio André Geber Boaventura Júnior
Reprodução
Além de Jesser e Márcio, a Polícia Civil descobriu que Ticiane Souza Costa, companheira e sócia de Jessé, também está inscrita em programa do governo federal.
Ela foi um dos alvos da operação da Polícia Civil nesta sexta (12). Na ação, os investigadores apreenderam 5 veículos que somam R$ 500 mil em endereços usados pelo grupo no RJ e em SP.
Entre março de 2021 e outubro de 2023, Ticiane movimentou cerca de R$ 9 milhões, recebendo diversos depósitos em espécie e fracionados. Os valores, ainda de acordo com a investigação, eram repassados a Jesser e a Márcio André.
Ticiane Souza Costa, companheira de Jessé
Reprodução
Segundo as investigações, Jessé e Márcio André ofereceram o armamento para o Comando Vermelho (CV), a maior facção criminosa do tráfico do RJ, e uma denúncia anônima levou os agentes até os dois.
“A partir de um vídeo que foi circulado na internet, nós começamos a investigar e conseguimos identificar, através das declarações de um colaborador, que Jessé e Márcio estariam negociando para empregar essas armas de fogo na guerra da Zona Oeste, entre o Comando Vermelho e a milícia, ali na região da Gardênia e Cidade de Deus”, detalhou o delegado Pedro Cassundé.
Nos endereços ligados à dupla, policiais civis encontraram 5 carros que, segundo os agentes, estão assim avaliados:
Volvo: R$ 200 mil
Saveiro: R$ 44 mil
Audi: R$ 91 mil
Citröen: R$ 45 mil
Kia: R$ 120 mil.
Até as 10h desta sexta-feira (12), a Polícia Civil havia apreendido 12 celulares com o grupo. Uma máquina de contar dinheiro também foi apreendida pelos policiais.
Milhões em depósitos fracionados
Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e análises do Laboratório de Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil mostram que Ticiane, por exemplo, movimentou R$ 9 milhões em suas contas bancárias entre 24 de março de 2021 e 30 de outubro de 2023.
Já a irmã dela, Isabela, também alvo da operação, declarou ter renda de R$ 4 mil como analista de sistemas, mas a sua movimentação bancária chegou a pouco mais de R$ 3,9 milhões entre 2 de julho de 2021 e 31 de maio de 2023.
Partes desses valores foram, segundo a polícia, repassados fracionados e em espécie para Márcio André. Houve depósitos, em sua conta, de valores acima de R$ 50 mil, de acordo com a DRE.

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