31 de janeiro de 2025

Entenda regras que fazem dos EUA o maior doador em organismos multilaterais como a ONU


Serviços para imigrantes e refugiados no Amazonas estão entre os afetados pelo corte de repasses dos Estados Unidos para a Organização Internacional para as Migrações. A suspensão de repasses dos EUA pra ajuda internacional já impacta ações humanitária no Brasil
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender a liberação de trilhões de dólares para programas de assistência social e organizações não governamentais teve reflexos em ações humanitárias no Brasil.
O fornecimento de água, banheiros, lavanderia e higiene oferecidos a venezuelanos pela Cáritas Brasileira, organização ligada à Igreja Católica, está suspenso desde segunda-feira (27) em Boa Vista e Pacaraima. O programa custa R$ 4 milhões por ano, totalmente financiado pelo governo americano, que congelou os repasses.
Serviços para imigrantes e refugiados no estado do Amazonas também foram afetados pelo corte de repasses para a Organização Internacional para as Migrações (OIM). O financiamento da OIM segue o modelo de outras agências das Nações Unidas. O dinheiro vem, em sua maioria, de contribuições voluntárias de governos, organizações internacionais, ONGs e empresas privadas. Sem o dinheiro dos americanos, o governo brasileiro e o governo do Amazonas tiveram que assumir provisoriamente os custos do atendimento, como a emissão de documentos.
Primeiros dias de Trump no poder mostram EUA mais próximos do ‘imperialismo’ que do ‘isolacionismo’
O orçamento regular para financiar a ONU é diferente. A contribuição dos países-membros é obrigatória, de acordo com a capacidade de pagamento de cada país, levando em conta, por exemplo, o tamanho da economia e a renda per capita.
Em 2024, sem contar o dinheiro das missões de paz, de tribunais internacionais e doações para agências especializadas, o orçamento da ONU foi de quase US$ 3,5 bilhões. Os Estados Unidos são os maiores contribuintes entre os 193 membros – bancam 22% do orçamento. A China, 15%; Japão, 8%; e o Brasil, 2%.
Entenda regras que fazem dos EUA o maior doador em organismos multilaterais como a ONU
Jornal Nacional/ Reprodução
Como membro da ONU com direito a veto no Conselho de Segurança, passam pelos Estados Unidos as principais decisões políticas que afetam o mundo. Agora, segundo especialistas, com a força da pressão financeira, Donald Trump manda um recado ao mundo: só vai participar de agências e organismos internacionais se prevalecerem os interesses americanos.
“Os Estados Unidos ajudaram a erguer o sistema multilateral desde 1945. Mas agora, os Estados, ao refazerem a busca pela hegemonia, a tentar retomar a hegemonia nas relações internacionais, buscam também reavaliar que agências, que organismos multilaterais podem servir no seu projeto de retomada da hegemonia. E pela forma que ele começou mostra que ele seguirá agressivo e ele, certamente, vai avançar sobre outros organismos multilaterais”, afirma Roberto Goulart Menezes, professor Inst. Relações Internacionais – UnB.
LEIA TAMBÉM
Itamaraty cobra explicações da embaixada americana para o tratamento dispensado a brasileiros deportados dos EUA
Governo dos EUA suspende repasse de recursos para Organização Internacional para Migrações, órgão da ONU
Agentes federais prendem, em um único dia, quase mil estrangeiros em situação irregular nos EUA

Mais Notícias