31 de janeiro de 2025

Tenente acusada de morte e tortura em treinamento dos bombeiros é promovida a capitã e deve receber retroativo de 8 anos em MT


Tenente teve a condenação prescrita em 2022. Um ano depois, um decreto declarou a extinção de punibilidade da tenente. Izadora Ledur era instrutora de curso dos bombeiros em Cuiabá
Câmara Municipal de Barra do Garças/Reprodução
A tenente do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur de Souza Dechamps foi promovida ao posto de capitã, pelo governo de Mato Grosso. A promoção foi feita por meio de decreto assinado pelo governador Mauro Mendes (União) e pelo Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros, coronel Nerci Denardi, e consta do Diário Oficial do estado (DOE) na sexta-feira (17).
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Conforme o texto do decreto, a tenente foi promovida pelo critério de Antiguidade, e colocada na escala hierárquica da instituição como se tivesse sido promovida na época correta. Além deste, o montante financeiro retroativo deverá ser pago, ou seja, o pagamento é corrigido e realizado após um período em que deveria ter ocorrido.
Em dezembro de 2016, a Comissão de Promoção de Oficiais (CPO) excluiu a tenente do Quadro de Acesso para promoção ao posto de Capitão por ter considerado grave as notícias veiculadas na mídia. Na época, ela foi acusada por tortura contra dois aluno durante treinamentos aquáticos dos bombeiros.
Em 2023, um decreto publicado pelo governo de Mato Grosso acolheu as recomendações da Procuradoria-Geral do Estado e declarou a extinção de punibilidade da tenente. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado, e assinada pelo governador Mauro Mendes.
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Entenda o caso
Rodrigo Claro morreu em novembro de 2016
Antônio Claro/Arquivo pessoal
Em 2016, um estudante do curso de formação de soldados do Corpo de Bombeiros foi internado após passar mal em uma aula na Lagoa Trevisan, em Cuiabá. Rodrigo Claro ficou em coma na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) de um hospital particular da capital e morreu cinco dias depois. O jovem fazia aula de instrução de salvamento quando passou mal.
Em setembro de 2021, Ledur foi condenada a cumprir um ano de prisão, em regime aberto, pelo crime de maus-tratos contra o aluno Rodrigo.
À época, o juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Criminal Especializada da Justiça Militar, desqualificou o crime de tortura para maus-tratos. Ele foi seguido pela maioria do Conselho Militar, exceto pelo tenente-coronel Abel, do Corpo de Bombeiros, que entendeu que a tenente Ledur praticou o crime de tortura.
Pesou na decisão do magistrado Faleiros o laudo do Instituto Médico Legal (IML), que apontou um Acidente Vascular Cerebral (AVC) sem causa definida como a causa da morte de Rodrigo. Ledur também não perdeu o cargo ou a farda.
Já em 2022, a tenente foi denunciada pelo Ministério Público Estadual por tortura contra outro aluno que participou do mesmo treinamento que Rodrigo naquele ano.
Maurício Júnior dos Santos foi convocado para o 15º Curso de Formação de Soldado do Corpo de Bombeiros, em julho de 2015. No início de 2016, deu-se início às aulas da disciplina de salvamento aquático, a qual tinha como instrutora responsável a tenente Ledur.

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