31 de janeiro de 2025

Fusão de Gol e Azul tem que ser analisada ‘cidade a cidade’, e Cade deve propor ‘remédios’, diz CEO da Latam

No dia 15, companhias assinaram ‘memorando de entendimento’ para fundir operação. Juntas, elas podem concentrar 60% do mercado nacional de aviação civil, segundo especialistas. O presidente da Latam, Jerome Cadier, disse ter “certeza” de que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vai propor “medidas de mitigação” ao analisar a possível fusão entre Azul e Gol.
🔎 O Cade é a instituição brasileira responsável por analisar a compra e venda de empresas relevantes, de forma a evitar abuso de poder de mercado –como aumento de preços e barreira à entrada de novas companhias.
“Vimos vários casos de tentativas de combinação de negócios em outros países, de tamanho muito inferior a esse, negadas. Então, temos certeza de que o Cade vai fazer uma análise em profundidade dessa proposta e vai propor medidas de mitigação”, declarou Cadier, em entrevista a jornalistas.
O executivo afirmou que as medidas devem preservar a competição no mercado e que o Cade deve fazer uma avaliação “ponderada” sobre o negócio entre as duas empresas.
“O que a gente não quer é um mercado mais concentrado, com menos opções para os passageiros, preços mais altos e menor crescimento. É isso que temos que evitar”, disse.
A operação entre as companhias aéreas pode colocar 60% do mercado nacional de aviação civil nas mãos de um único grupo e deixar as passagens mais caras, segundo especialistas consultados pelo g1.
Entenda como fusão entre Gol e Azul pode afetar o preço das passagens aéreas
Para o executivo, a concentração de mercado tem que ser analisada “cidade a cidade”. Jerome afirma que em alguns aeroportos Azul e Gol, juntas, chegam a ter 90% do mercado.
Um dos casos de maior concentração é o aeroporto de Congonhas, em São Paulo –um dos mais importantes do país, que faz a conexão com aeroportos nacionais e internacionais.
“É óbvio que é uma tendência de concentração de mercado que tem que ser analisada cidade a cidade. Não adianta a gente também olhar métricas agregadas, falar de 60% é uma coisa, mas quando a gente olha cidade a cidade a gente vê uma concentração que pode chegar a 90%”, declarou.
Cardier afirma que o Cade e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) devem analisar a concentração por aeroporto quando a proposta de fusão das empresas tiver “mais corpo”. O executivo insiste que ainda é cedo para falar em impacto do negócio no mercado brasileiro.
No último dia 15 de janeiro, a Azul e a controladora da Gol, a Abra, anunciaram a celebração de um “memorando de entendimento”, sinalizando que pretendem realizar uma fusão.
Para o negócio ser concluído, falta:
celebrar os acordos definitivos;
obter aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac);
concluir o plano de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos.
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