Informação foi dada por um funcionário à Reuters. Ele afirmou que o programa de espionagem visou 90 usuários, incluindo jornalistas e membros da sociedade civil. Uma mulher usa o celular perto do logo do WhatsApp no Global Fintech Fest, que aconteceu na Índia em setembro de 2022
Francis Mascarenhas/Arquivo Reuters
Um funcionário do WhatsApp disse que a empresa israelense de spyware Paragon Solutions teve como alvo usuários do aplicativo, incluindo jornalistas e membros da sociedade civil.
O funcionário disse nesta sexta-feira (31) que o WhatsApp, da Meta, havia enviado à Paragon uma carta para a empresa parar com a ação após a invasão. E que havia detectado um esforço para hackear aproximadamente 90 usuários.
Em 2024, empresa acusada de espionar 1.400 usuários do WhatsApp foi condenada
A fonte se recusou a discutir como foi determinado que a Paragon era responsável pelo ataque. Ele disse que as autoridades policiais e os parceiros do setor foram informados, mas não quis dar detalhes.
O FBI não retornou imediatamente uma mensagem pedindo comentários.
Em um comunicado, o WhatsApp disse que a empresa “continuará a proteger a capacidade das pessoas de se comunicarem de forma privada”.
A Paragon se recusou a comentar.
Alvos em mais de 24 países
O funcionário se recusou a dizer quem, especificamente, era alvo da espionagem. Mas afirmou que os alvos estavam localizados em mais de duas dúzias de países, incluindo várias pessoas na Europa.
Segundo ele, os usuários do WhatsApp receberam documentos eletrônicos maliciosos que não exigiam nenhuma interação do usuário para comprometer seus alvos, uma invasão chamada “zero-click” que é considerada particularmente furtivo.
O funcionário disse que, desde então, o WhatsApp interrompeu o esforço de invasão e está encaminhando os alvos para o grupo canadense de vigilância da internet Citizen Lab.
O pesquisador John Scott-Railton, do Citizen Lab, disse que a descoberta do spyware da Paragon direcionado aos usuários do WhatsApp “é um lembrete de que o spyware mercenário continua a proliferar e, à medida que isso acontece, continuamos a ver padrões familiares de uso problemático”.
Os criadores de spyware, como a Paragon, vendem software de vigilância de alta qualidade para clientes do governo e normalmente apresentam seus serviços como essenciais para combater o crime e proteger a segurança nacional.
No entanto, essas ferramentas de espionagem foram descobertas várias vezes nos telefones de jornalistas, ativistas, políticos da oposição e pelo menos 50 autoridades dos EUA, o que levanta preocupações sobre a proliferação descontrolada da tecnologia.
O que é a Paragon
A Pagagon teria sido comprada pelo grupo de investimento AE Industrial Partners, com sede na Flórida, nos Estados Unidos, no mês passado. Ele tentou se posicionar como uma das mais responsáveis no setor.
O site da Paragon oferece “ferramentas, times e dicas baseadas em ética” contra ameaças difíceis de controlar. Também são citadas reportagens onde pessoas familiarizadas com a empresa dizem que a Pagaron só vende seus produtos para governos de países onde a democracia é estável.