1 de fevereiro de 2025

Cidades do Alto Tietê têm ao menos 390 áreas de risco de alagamentos e deslizamentos, apontam prefeituras


Levantamento do g1 reúne dados de nove dos dez menos municípios da região. Período de chuvas de verão preocupa famílias que vivem nestas regiões. Vila Maria Augusta, em Itaquaquecetuba, frequentemente sofre com alagamentos em períodos de chuvas
Maiara Barbosa/TV Diário
As cidades do Alto Tietê têm ao menos 390 áreas de risco de deslizamento e alagamentos, segundo levantamento do g1 com base em informações das prefeituras da região.
O levantamento inclui dados de Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis e Suzano. Por outro lado, Santa Isabel não respondeu aos questionamentos até a última atualização desta reportagem.
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Salesópolis, com 109 áreas de risco, é a cidade com mais pontos de atenção para alagamentos e deslizamentos na região, seguida de Itaquaquecetuba, com 67, Suzano, com 45, e Mogi das Cruzes, com 41.
O período de chuvas de verão preocupa famílias que vivem nestas regiões. Por isso, os municípios da região, através da Defesa Civil, desenvolvem ações durante a Operação Verão, para adotar medidas preventivas na incidência de ocorrências de deslizamentos, enchentes e alagamentos.
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No dia 7 de janeiro um temporal atingiu a região e provocou o desabamento de um imóvel e a queda de árvore em cima de um carro em Ferraz de Vasconcelos. Além disso, em Mogi das Cruzes, agricultores relataram que perderam parte das plantações de hortaliças e verduras por causa da queda de pedras granizo.
Confira a situação de cada cidade da região
Arujá
De acordo com a Prefeitura de Arujá, as áreas de risco mínimo e com monitoramento constante são: Jardim Josely, Vertentes, São Bento, Jacarandás, Vista Alegre, Pirituba, Pedra Fala, Penhinha, Canjicas, Corrêas, Retiro, São Domingos, Mirante e Barreto.
A Prefeitura de Arujá adotou medidas preventivas no sistema de coleta de águas pluviais, como limpeza de bueiros e galerias, substituição de 5 mil metros de tubulação avariada, limpeza das calhas de cursos d’água e retirada de entulho descartado irregularmente.
Além disso, houve reforço nas equipes de poda e roçagem, minimizando os efeitos de queda de árvores. A Defesa Civil é reforçada pela GCM e por empresa particular contratada, contando com equipe e equipamentos para atuação.
As áreas de risco consideradas leves estão em constante monitoramento pela Defesa Civil. Há grupo de trabalho na Prefeitura, que reúne servidores de diversas Secretarias, que fazem o monitoramento mensal dessas áreas. Nos períodos de chuva intensa, a Defesa Civil faz monitoramento diário.
Biritiba Mirim
Segundo a Prefeitura de Biritiba-Mirim, são duas localizações: Vale Verde e Cinturão Verde, com cerca de 21 áreas de risco, sendo oito de escorregamento e 13 de inundação.
A Prefeitura completa que não é possível saber com precisão quantas pessoas residem e vivem nessas áreas localizadas no município, devido à ocupação irregular, que causa atrasos e dificuldade no setor de cadastro imobiliário do município. Porém, acredita que aproximadamente 404 famílias se encontram nas áreas de risco. Em relação às ações, são realizadas vistorias quinzenalmente e a Secretaria de Assistência Social (SMAS) envia alertas sobre desmatamento, construção nova ou demolida e movimentação de terra, por exemplo.
Ferraz de Vasconcelos
A cidade de Ferraz de Vasconcelos, segundo a prefeitura, possui 27 áreas de riscos: Vila São Sebastião, Jardim Cambiri, Jardim das Flores, Vila Cristina, Vila São Paulo, Jardim Yone, Vila Alayde, Jardim Angelina, Jardim Rosana; Jardim Pérola, Vila Santos Antônio, Jardim Helena, Jardim Renata, Jardim Primavera, Jardim Lourdes, Vila Itajuíbe, Vila Piauí, Jardim Dayse, Vila Jamil, Jardim Ipanema, Jardim Nossa Senhora do Caminho, Sítio Paredão, Jardim Bela Vista, Jardim Castelo, Jardim Vista Verde e Jardim Europa. Essas áreas de riscos abrigam aproximadamente 43 mil pessoas.
A Defesa Civil realiza monitoramento regular por meio de visitas a todas as áreas de riscos. “Recebemos sazonalmente da Defesa Civil do Estado, informações captadas por satélites sobre possíveis alterações em toda área que compõe nosso município.”
Guararema
De acordo com os dados do Instituto Geológico, através do Mapeamento de Riscos de Movimentos de Massa e Inundações do município de Guararema, de 2020, Guararema conta com 34 áreas de risco, em sua maioria tidas com risco “muito baixo e baixo” ou “médio” para inundação ou deslizamento.
Ao longo do ano, a Prefeitura de Guararema, por meio da Secretaria de Obras, Meio Ambiente, Planejamento e Serviços Públicos realiza trabalhos prévios para minimizar os impactos causados pela chuva, como limpeza de rios, córregos, poda de árvores, dentre outras ações. Todos os setores responsáveis pelo assunto atuam ao longo do ano e estão a postos em caso de necessidade.
Além de acompanhar em tempo real de eventuais dificuldades naturais com apoio das câmeras de monitoramento do Centro de Segurança Integrada (CSI) e auxiliar em possíveis emergências, o município vem adotando medidas de conscientização e prevenção contra a ocupação de áreas de riscos.
Itaquaquecetuba
A Prefeitura de Itaquaquecetuba informou que a cidade possui 19 áreas de inundação, 30 pontos de alagamento e 18 áreas de deslizamento. São aproximadamente 5,2 mil moradias nessas áreas.
São realizadas uma série de ações para prevenção e mitigação de riscos, incluindo o monitoramento de áreas de risco, fiscalização de construções irregulares e invasões, além de medidas preventivas como a limpeza de córregos, bueiros e ruas, bem como o recolhimento de materiais inservíveis com o cata-treco.
De forma paralela, a Prefeitura destacou que são realizadas campanhas de conscientização para o descarte correto de resíduos e ações de fiscalização quanto ao descarte irregular de produtos químicos em córregos. No âmbito da infraestrutura, o destaque fica por conta dos projetos de mitigação de riscos, como a construção do muro de contenção no Louzada e sistemas de drenagem, que impedem enchentes e inundações.
Outro destaque foi o início do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), que contempla sete bairros do município com atividades de mapeamento de risco hidrológico e monitoramento aéreo por drone. O objetivo é identificar áreas suscetíveis a desastres naturais. O trabalho é realizado em parceria com uma equipe multidisciplinar da Unicamp, composta por geólogos, sociólogos e engenheiros, em conjunto com técnicos da prefeitura.
Além disso, o município foi contemplado com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Ministério das Cidades, sendo R$ 30,9 milhões para obras de contenção de encostas, aporte fundamental para a mitigação de riscos em áreas vulneráveis. Por fim, foi criada a Comissão Permanente Multidisciplinar para Enfrentamento das Áreas de Risco do Município com o intuito de orientar, numerar e congelar novas construções em áreas de risco.
Mogi das Cruzes
A Prefeitura de Mogi das Cruzes informou que, recentemente, foi realizado um estudo técnico pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) que mapeou 41 áreas suscetíveis a problemas causados pelas chuvas, sendo 11 delas para escorregamentos e 30 para inundações.
O município comunicou ainda que a Defesa Civil realiza o monitoramento contínuo de áreas de risco da cidade e este trabalho é intensificado durante o período de chuvas mais intensas, pela Operação Verão. A operação consiste em uma ação coordenada entre várias secretarias municipais com o objetivo de minimizar os efeitos das chuvas, no período entre 1º de dezembro e 31 de março.
A administração municipal também iniciou, no dia 2 de janeiro, uma série de mutirões de serviços em diferentes pontos da cidade. Este trabalho inclui trabalhos de limpeza, zeladoria e manutenção, que também se refletem no sistema de drenagem da cidade e minimizam os impactos das chuvas, típicas de verão.
A prefeita Mara Bertaiolli também vistoriou trabalhos de limpeza de margens de cursos d’água e está em tratativas com a SP Águas (antigo DAEE) para a realização de novos serviços de desassoreamento na cidade.
Poá
Segundo a Prefeitura de Poá, a cidade tem mapeadas 38 áreas de risco, divididas em setores (bairros).
O município informou que não tem números exatos sobre pessoas que vivem nesses locais, uma vez que o mapeamento tem como base uma visão ampla de toda situação.
“Por parte da Defesa Civil, fazemos vistorias periódicas nesses locais mapeados, verificando uma possível evolução no quadro ou não. Nesse período de fortes chuvas, temos protocolos em relação ao índice pluviométrico e, conforme evolução dos números, aumentamos o nível de alerta e intensificamos essas vistorias”, diz a Prefeitura.
Salesópolis
De acordo com a prefeitura, os dados do último estudo técnico de Mapeamento de Riscos de Movimentos de Massa e Inundações de Salesópolis indicam 109 áreas-alvo, sendo 49 referentes a escorregamento de terra e 60 a inundação. Segundo a nova gestão, o objetivo é monitorar e realizar in loco tais áreas, promovendo mapeamento mais assertivo e ações para prevenir e mitigar danos.
Em relação às ações para prevenção de riscos, a prefeitura diz que serão criadas cartas de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações, desenvolvidas pelo Serviço Geológico do Brasil, e também ao Relatório técnico de Mapeamento de Riscos de Movimentos de Massa e Inundações do Município de Salesópolis, importantes documentos que fornecem informações socioambientais para maior efetividade nas ações, porém é certo que as demandas trazidas pela própria população serão prioridade.
Além de variáveis como geologia, pedologia, relevo e declividade, a administração do município também explica que os eventos extremos relacionados as mudanças climáticas, aliadas as ações antrópicas desencadeiam áreas de risco que deverão ser mapeadas in loco pela nova gestão, gerando dados espaciais e de imagem que possam direcionar as ações de mitigação.
Além disso, a prefeitura informa ainda que o apoio da Defesa Civil será de fundamental importância nesse processo, assim como o Grupo de Fiscalização Integrada (GFI).
Suzano
Atualmente, segundo a prefeitura, Suzano tem 45 áreas de risco, distribuídas em margens de rios/córregos, encostas e margens de rios/córregos e encostas.
Esses locais são classificados de acordo com o grau que apresentam, que varia de R1 (baixo) a R4 (muito alto). Entre os bairros que mais têm pontos com níveis elevados estão Miguel Badra, Jardim Maitê, Chácara Céres, Sítio dos Moraes e Tijuco Preto, o que afeta a vida de cerca de 5 mil pessoas.
O monitoramento é realizado pela Defesa Civil de forma constante ao longo do ano, atuando em caso de necessidade e/ou acionando o setor competente. E ganha um reforço durante o período de chuvas, entre dezembro e março, quando é executado o Plano Verão. Trata-se de um planejamento de contingência integrado que envolve todas as áreas da administração municipal e visa ampliar os trabalhos preventivos que já são realizados para conter eventos naturais, como deslizamentos, enchentes e alagamentos, por exemplo.
Para complementar essa atuação, a Secretaria de Manutenção e Serviços Urbanos promove trabalhos de limpeza de valas de drenagem, desobstrução de bueiros e desassoreamento de rios e córregos rotineiramente, e não apenas no período de chuvas.
Além disso, desde 2023, Suzano conta com o Plano Municipal de Contingência da Defesa Civil (Plamcon), criado pela Secretaria de Segurança Cidadã. O objetivo é que seja ativado em qualquer circunstância que indique algum risco para as áreas que são previamente monitoradas pela administração municipal, tanto em pontos situados nos locais de encostas como em margens de rios.
Para a população, a Defesa Civil está disponível a qualquer momento pelo número (11) 4748-5394.
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