CVV de São José do Rio Preto (SP), que atua como um pronto-socorro emocional, está em busca de voluntários. Dos 42 que são necessários, a entidade conta com 22 até o momento. CVV de Rio Preto (SP) oferece atendimento gratuito e 24h
Christian Rafael/g1/Arquivo
“Descobrir que as pessoas são únicas e o que é bom para mim não serve para o outro foi um momento libertador. Cada um reage emocionalmente diferente. Porque a dor humana não tem hora e nem dia marcado para aparecer. ”
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É com a citação acima que o coordenador Francisco, de 65 anos, descreve o motivo de ter escolhido participar como voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV), onde atua há 27 anos em São José do Rio Preto (SP). Juntamente de outras pessoas que compartilham do mesmo propósito, ele atende, acolhe e escuta cerca de 4,5 mil pessoas por mês.
Centro de Valorização da Vida (CVV) em Rio Preto (SP)
Francisco/Arquivo pessoal
A política do CVV pede que os voluntários não sejam identificados na reportagem. Por isso, o g1 cita apenas o primeiro nome dos entrevistados.
Segundo o aposentado, o CVV está em busca de mais voluntários, uma vez que atualmente conta com apenas 22 ajudantes. O número ideal é de 42. De acordo com ele, o CVV atua como um pronto-socorro emocional, aberto 24 horas por dia, inclusive aos domingos e feriados. Os interessados podem se inscrever pelo site.
Os voluntários doam o tempo e a atenção para oferecer um espaço de escuta e acolhimento para quem deseja conversar, de forma anônima e sigilosa.
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Questionado sobre os atendimentos de suicídio, Francisco disse que recebe ligações de pessoas com o desejo de tirar a vida. Por isso, os voluntários recebem treinamentos para acolher e deixar que os atendidos expressem suas angústias, sem julgamentos.
“Sabemos que o suicídio é um gesto de comunicação, no qual alguém está pedindo ajuda. É uma tentativa de romper a solidão e a dor humana. Sobreviver a solidão do próprio mundo interior é muito difícil”, expõe o coordenador.
CVV de Rio Preto (SP) recebe ligações e atua como pronto-socorro emocional
Reprodução/TV TEM
Francisco ainda explicou que a escolha de fazer parte do CVV veio como um chamado para que ele ajudasse outras pessoas. Segundo ele, o trabalho é mais do que uma oportunidade de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.
“Ajudar faz parte da natureza humana. É bom saber que podemos explorar esse nosso lado humanizado, para fazer a diferença na nossa vida e nas vidas de outras pessoas. Abrindo nossa mente para cuidar de si e dos outros”, reflete o coordenador.
Conforme Francisco, antes de estar na “linha de frente” dos atendimentos, os voluntários passam por um treinamento oferecido pelo CVV, em uma abordagem única e exclusiva, desenvolvida pela entidade.
‘Momentos difíceis não têm hora’
Outro voluntário que já atua há cinco anos no CVV de Rio Preto é o consultor de vendas João Márcio, de 43 anos. Segundo ele, é impossível não se emocionar com as histórias dos atendimentos que, em muitos casos, não encontram outra solução para suas aflições que não o suicídio.
“Quando a outra pessoa nos procura, eu sempre estou disponível para entender o sentimento que naquele momento a pessoa está sentindo. É bom saber que todos nós podemos fazer a diferença. Basta querermos”, pontua João.
João ainda comentou que prefere trabalhar em horários de pico, finais de semana e feriados, como o Natal e o Ano Novo, uma vez que são épocas com poucos voluntários. “Momentos difíceis não têm hora ou dia marcado para aflorar”, detalha João.
CVV de Rio Preto (SP) recebe ligações e atua como pronto-socorro emocional
Divulgação / CVV Rio Preto
Como funciona o serviço
O CVV presta serviço voluntário e gratuito de prevenção do suicídio e apoio emocional para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. É possível ter acesso ao serviço pelo telefone 188 (sem custo de ligação), ou pelo site, via chat e e-mail apoioemocional@cvv.org.br, além de carta e atendimento pessoal em algumas unidades.
Além do atendimento com voluntários, a organização promove a conscientização sobre a importância da saúde mental, incentivando a busca de ajuda e reforçando a mensagem de que a vida sempre vale a pena.
O candidato a voluntário passa por treinamento de 36h, que dura em torno de dois meses e meio. Dentro dessa carga horária vai conhecer o que é o CVV, quem é essa pessoa que liga, como ela chega e o que ela busca.
“Trabalhamos nossos conceitos e preconceitos, a importância de uma escuta ativa, cuidar de si, para cuidar do outro, nossa disponibilidade de acolher e oferecer calor humano. Porque eu escolho o CVV para me voluntariar”, finaliza Francisco.
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