4 de fevereiro de 2025

Moradores do Jardim Pantanal protestam em avenida após alagamentos no bairro; VÍDEO


A região enfrenta o terceiro dia consecutivo de ruas alagadas. Protesto foi realizado na avenida Doutor José Artur da Nova, na altura da Rua Beira-Rio. Moradores do Jardim Pantanal fazem protesto nesta segunda-feira (3)
Arquivo Pessoal
Após o bairro ficar completamente alagado durante as chuvas do fim de semana, moradores do Jardim Pantanal, Zona Leste de SP, protestaram nesta segunda-feira (3) pedindo por melhorias. A região enfrenta o terceiro dia consecutivo de ruas alagadas.
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
O protesto foi realizado na avenida Doutor José Artur da Nova, na altura da Rua Beira-Rio. O grupo ateou fogo em objetos no meio da via. Uma equipe da PM foi acionada para acompanhar a manifestação.
Nesta segunda-feira (3), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que estuda a possibilidade de oferecer um auxílio entre R$ 20 mil e R$ 50 mil para que os moradores do Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo, deixem o local, castigado há décadas por enchentes.
Moradores do Jardim Pantanal, Zona Leste de SP, protestam contra alagamentos em bairro
“Nós estamos pensando em algumas ideias de, de repente, fazer uma ajuda financeira que vai de R$ 20 mil a R$ 50 mil, dependendo da casa, para as pessoas saírem. Sai, faz a demolição e a gente ajuda financeiramente”.
Segundo ele, seria um plano de remoção institucionalizado pela prefeitura.
O prefeito reiterou não ver solução para as enchentes na região que não passem pela remoção das famílias da área que margeia o rio Tietê.
“Tem uma outra rodada de estudos com relação a essas obras. Mas a princípio, pelo que eu vi, a dimensão que é, na localização que está, 30 anos de problema, não vejo outra situação a não ser a gente incentivar as pessoas a saírem daquele lugar. Porque toda vez que chover vai ser isso” (veja vídeo acima).
O Jardim Pantanal é uma área onde moram cerca de 45 mil pessoas e fica dentro do Jardim Helena, um distrito mais abrangente com cerca de 129 mil moradores, também atingido pelas cheias.
Nunes reafirmou que a prefeitura tem projeto para a construção de um dique em toda a área do Jardim Pantanal, mas que o custo de R$ 1 bilhão é impeditivo e vai contra a força da natureza.
“O problema vem de 30 anos. Nós temos um pré-estudo para fazer um dique ali. Custo de R$ 1 bilhão. A gente precisa ter transparência nas questões. Dá pra fazer um dique contornando todo o rio Tietê naquela região? Não dá pra fazer. Precisamos ter transparência. As pessoas podem gostar ou não. A forma da gente tratar as questões é falando sobre a realidade”, disse Nunes.
Na visão dele, não é possível “ir contra a natureza”.
“Agora, pra solução definitiva é esse debate que queria colocar pra vocês. É praticamente impossível você ir contra a natureza e conter o rio Tietê, onde as pessoas entraram num local de várzea, onde quando sobe o nível da água por conta das chuvas, a água não tem para onde ir. E ela vai pra dentro da casa das pessoas”, declarou o prefeito de SP.
Terceiro dia de alagamentos
Jardim Pantanal, na Zona Leste, enfrenta o 3° dia de alagamentos em SP
O distrito do Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo, amanheceu nesta segunda-feira (3) novamente embaixo d’água, em virtude das chuvas que caem na cidade desde o início do fim de semana.
É o terceiro dia seguido de inundações no bairro, que sofre há décadas com os problemas das enchentes. A área com cerca de nove bairros fica numa área de várzea do rio Tietê, bem no nível do rio, e é muito suscetível às inundações.
A construção de um pôlder (área de terreno mais baixo e alagável) para tentar minimizar as enchentes na região foi prometida em 2023 pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas até o momento não foi entregue (leia mais abaixo).
O vice-prefeito de São Paulo, Ricardo Mello Araújo (PL) – indicado para o posto por Jair Bolsonaro – esteve na área na manhã desta segunda e foi alvo de protesto.
Ruas cheias de água da enchente no Jardim Pantanal, Zona Leste de SP, pelo 3° dia seguido.
Reprodução/TV Globo
Ele afirmou que a prefeitura vai levar todo o atendimento necessário para as famílias.
Estamos com toda a estrutura montada para atender a comunidade. Alimentação: marmitas serão entregues, cestas básicas, colchões. Nós temos o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil presentes para atender a comunidade. As comportas [do Rio Tietê] não serão abertas e estão sendo controladas pelos técnicos da área.
A gestão municipal diz que realiza na região ações como a distribuição de água, refeições, colchões, artigos de higiene, cestas básicas, além da entrega de Cartões Emergenciais no valor de R$1.000.
Segundo a Secretaria Municipal das Subprefeituras, somente no último sábado (1) foram entregues 1.550 almoços, 2050 jantares, cerca de 1.600 colchões, 570 cestas básicas entre outros itens.
O Jardim Pantanal é uma área onde moram cerca de 45 mil pessoas e fica dentro do Jardim Helena, uma área mais abrangente com cerca de 129 mil moradores.
VÍDEO: Cão é resgatado com patas quebradas após deslizamento em Embu das Artes
‘Tudo contaminado, tem rato nadando na água’, diz moradora de Taboão da Serra
Promessa de pôlder
Conforme o g1 e o SP2 mostraram, o Jardim Pantanal sofre desde os anos 80 com os alagamentos.
Em 2023, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) prometeu construir um pôlder na região para tentar minimizar as enchentes na área do Jardim Seabra – que faz parte do distrito, mas a obra até o momento não foi entregue pela gestão municipal.
Um pôlder é uma porção de terrenos baixos e planos, usados como áreas alagáveis para que a água não invada regiões habitadas ou de plantio na agricultura.
Ruas cheias de água da enchente no Jardim Pantanal, Zona Leste de SP, pelo 3° dia seguido.
Reprodução/TV Globo
Comuns na Holanda, que é um país conhecido por estar no nível do mar, o pôlder é geralmente seguido por alguns diques, que impedem a passagem da água em situações de grande volume de chuvas.
O pôlder do Jardim Pantanal foi prometido durante uma enchente de 2023. Na época, a previsão da prefeitura de Sâo Paulo era entregar a obra em 150 dias, pelo valor de R$ 6 milhões.
Porém, passados quase dois anos da promessa, a obra ainda não foi entregue pela gestão municipal.
O que diz a Prefeitura
Por meio de nota, a Secretaria Municipal das Subprefeituras informou que fez outras melhorias na margem do principal córrego do bairro que já estão em operação, mas que o pôlder só entrará em operação em 45 dias.
“A Secretaria Municipal das Subprefeituras informa que a contenção da margem do córrego ao longo da rua Serra do Grão Mogol está pronta. Além disso, a construção de um pôlder, na mesma região está em fase final de implantação, com previsão de início da operação em 45 dias. O valor inicial das obras não sofreu alteração”, disse a pasta.
Jardim Pantanal, distrito de SP na Zona Leste, ficou alagado após forte chuva neste sábado (1º)
TV Globo
Além dessa intervenção, a gestão Nunes disse que assinou um contrato para aumentar a capacidade de drenagem da Vila Seabra, Jardim São Martinho e Jardim Helena, onde está situado o Jardim Pantanal, com a construção de novas galerias de águas pluviais e a execução de nova pavimentação em quase 100 ruas.
“As obras devem ser concluídas em até 12 meses, após assinatura da ordem de serviço, prevista para ainda para janeiro. Vale destacar que a região está próxima da lâmina d’água do Rio Tietê e, portanto, as redes de drenagem não conseguem funcionar plenamente quando chove, levando ao retorno da água pela própria rede”.
“Desde julho de 2024, a gestão municipal acompanha as ações de urbanização na região e o processo de regularização fundiária. No total, 4.000 famílias serão atendidas. Destas, 900 recebem o título de regularização ainda neste ano. Somente em 2024, 36 toneladas de detritos foram retirados dos córregos da região. Somente no ano passado foram limpos 440.373 metros quadrados de margens de córregos, 4.291 metros de extensão de córregos foram limpos, resultando em 33.090,01 toneladas de detritos retirados”, afirmou.
Por meio de mensagem de What’sApp, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que a obra está pronta e só depende de uma ligação da Enel.
Na nossa série de reportagens sobre o Jardim Pantanal, vamos mostrar a luta de lideranças comunitárias pra melhorar as condições de vida extremamente difíceis

Mais Notícias