Segundo a polícia, dona da clínica contratou técnico em informática para trocar HD do dispositivo que grava imagens das câmeras. Ela foi indiciada também por fraude processual qualificada. Danielle Mendes Xavier de Brito Monteiro morreu após passar por um procedimento estético no rosto, em Goiânia
Reprodução/Redes Sociais
A dona da clínica na qual morreu a servidora pública Danielle Mendes Xavier de Brito Monteiro, após procedimentos estéticos, chamou um técnico em informática para destruir as provas das câmeras de monitoramento após a morte da paciente, informou a delegada Débora Melo. A servidora morreu em dezembro de 2024, em Goiânia. A dona da clínica foi indiciada, na sexta-feira (31), por homicídio simples por dolo eventual, que é uma morte causada sem violência em que o autor assume o risco de matar, e está presa preventivamente.
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O g1 entrou em contato com a defesa da dona da clínica, mas ainda não teve uma resposta até a última atualização desta reportagem. No sábado (1), a defesa informou que uma nota seria divulgada nesta segunda-feira (3), mas o que ainda não aconteceu.
Anteriormente, a defesa da da dona da clínica negou as afirmações feitas pela delegada, de que ela não teria formação para realizar o procedimento e que usou na vítima um produto proibido pela Anvisa. Durante o depoimento para a polícia, segundo a delegada, a empresária ficou em silêncio.
Destruição de provas
A delegada responsável pela investigação informou que, na clínica, havia um sistema de monitoramento de áudio e imagem. Entretanto, no dia que a servidora morreu, a dona da clínica e o marido dela contrataram um técnico em informática, em um domingo à noite, e destruiu o HD.
“Ou seja, impossibilitou que nós, da Polícia Civil, pudéssemos recuperar aquelas imagens para traçar, de maneira precisa, toda a dinâmica dos fatos”, esclareceu a delegada.
Inicialmente, a delegada conta que achou que o dispositivo que grava imagens de câmeras de segurança em formato digital, chamado de DVR (Digital Video Recorder), havia sido danificado. “A perícia preliminar demonstrou o horário em que houve a retirada de um HD que estava dentro do dispositivo e a substituição desse HD”, explicou.
Com isso, o técnico em informática foi chamado para depor. Segundo a delegada, ele esclareceu que foi chamado, em um domingo à noite, para substituir esse HD que ficou em poder da dona da clínica e do marido dela. “Ele (o técnico) foi usado pelos investigados para destruir essa prova, sem ter o conhecimento de que ele estava destruindo uma prova”, declarou.
Por não ter conhecimento de que foi chamado para destruir provas, o técnico não foi indiciado, informou a delegada. “Ele colaborou com a investigação e ficou demonstrado de que ele não sabia o motivo pelo qual ele tinha sido chamado na clínica”, disse a delegada. Dessa forma, a dona da clínica foi indiciada também por fraude processual qualificada.
Além disso, a delegada Débora afirmou que, em menos de uma semana depois da prisão da dona da clínica, ela e o marido transferiram a titularidade da empresa para um terceiro. Segundo a delegada, isso configura em outra evidência do intuito de fraude processual.
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Procedimento estético
A delegada Débora Melo explicou que o procedimento realizado na servidora foi uma aplicação da enzima chamada hialuronidase. “A substância serve para retirar o preenchimento anterior, ou seja, a pessoa fez um preenchimento no rosto, não quer mais, usa a hialuronidase”. Entretanto, a perícia constatou que o produto não tinha registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), informou a delegada.
A delegada contou também que a aplicação da substância ocorreu na “região abaixo dos olhos” da servidora. Segundo ela, a clínica não possuía os equipamentos básicos de atendimento em casos de uma reação alérgica grave, como aconteceu com a Danielle.
Morte da servidora
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Em dezembro de 2024, a delegada Débora Melo informou que a paciente chegou à clínica, localizada no Park Lozandes, em Goiânia, por volta das 9h da manhã de sábado (30), para realizar uma avaliação. Entretanto, a servidora foi convencida a fazer um procedimento.
A servidora Danielle Mendes, de 44 anos, morreu no domingo (1/12/24), um dia depois de passar pelo procedimento e ser levada ao hospital. No dia seguinte, a dona da clínica foi presa e a clínica, interditada, mas não pela morte da servidora, mas porque uma operação notou irregularidades no local.
Prisão da dona da clínica
A delegada explicou, na época da morte da servidora, que a empresária não foi detida por isso, pois a investigação estava em andamento ainda. A detenção ocorreu por outros três crimes: execução de serviço de alta periculosidade, exercício ilegal da medicina e oferta de produto ou serviço impróprio ao consumo.
Segundo a delegada, durante a operação na clínica, a equipe policial encontrou as seguintes irregularidades: medicamentos vencidos, anestésicos de uso hospitalar, itens cirúrgicos sem esterilização, materiais limpos misturados com materiais sujos.
Danielle Mendes morreu após realizar um procedimento no rosto em uma clínica estética, em Goiânia
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