24 de setembro de 2024

Moradora de Israel que visita o Brasil sofre longe de casa, do marido e filhos durante ataques do Irã: ‘preferia estar lá’

Flavia Szafir Zvi, natural de Santos (SP), mora há quase 30 anos no Oriente Médio e veio sozinha visitar a família no Brasil. Ela está preocupada com o marido e os filhos que ficaram em casa. À esquerda, porta do quarto de segurança de Flavia. À direita, mísseis Shahed-136, utilizados pelo Irã em ataque a Israel.
Arquivo Pessoal/Flavia Szafir e Reprodução/TV SSN do Irã
A brasileira Flavia Szafir Zvi, que mora há quase 30 anos em Israel, assiste angustiada aos ataques do Irã contra o território israelense, onde estão o marido e os filhos dela. Ao g1, neste domingo (14), a auxiliar de professora, que visita a família em Santos, no litoral de São Paulo, afirmou: “Eu preferia estar lá”, no país que na última noite foi alvo de 300 drones e mísseis — o governo israelense afirmou que o Domo de Ferro impediu 99% dos impactos.
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A auxiliar de professora nasceu e cresceu em Santos, mas foi para Israel em 1995. Ela se casou com um israelense e teve os dois filhos no país. Atualmente, ela mora com a família em Ness Ziona, uma cidade com aproximadamente 60 mil habitantes e que está a 23 km de Tel Aviv.
Flavia veio sozinha ao Brasil aproveitar as férias escolares israelenses. Ela explicou ao g1 que estar longe do país durante os ataques é pior do que o medo de escutar o alarme — uma orientação para que a população se abrigue em quartos de segurança [cômodo com paredes reforçadas e janelas de ferro].
“Eu estou preocupada porque minha família e meus amigos estão lá. Eu não estou sabendo direito como está. É horrível estar longe. Eu preferia estar lá, na verdade”, afirmou ela.
Depois que Flavia chegou em Santos, os aeroportos de Israel foram fechados. A auxiliar de professora afirmou à equipe de reportagem que espera conseguir continuar a programação de voltar para casa daqui duas semanas.
Por enquanto, ela segue em contato diário com o marido e os filhos, de 22 e 26 anos. “O clima está tenso já alguns dias. Mas, estão [marido e filhos] bem e calmos. Eles têm que escutar as notícias e obedecer as regras que o exército israelense dá”, explicou Flavia.
O ataque
Artefatos caindo sob Jerusalém
REUTERS/Ronen Zvulun
Na manhã de sábado (13), o Irã apreendeu um navio português e disse que a embarcação é ligada a Israel. A ação iraniana aumentou as especulações sobre a iminência de um ataque contra Israel.
▶️️ Tarde de sábado: Na expectativa de um ataque, as Forças de Defesa de Israel ordenaram a suspensão de aulas em todo o país e a restrição de aglomerações. Poucas horas depois, os militares afirmaram que o Irã havia lançado o ataque, enviando dezenas de drones para Israel.
Os drones não são tão rápidos quanto mísseis. Àquela altura, as autoridades sabiam que as aeronaves não tripuladas demorariam horas para chegar até Israel.
Entenda a linha do tempo da escalada de tensões entre Irã e Israel
▶️️ Preparação: Enquanto o ataque não chegava em solo israelense efetivamente, diversas ações foram tomadas. Entre elas:
O espaço aéreo foi fechado no Iraque, Líbano e Israel;
Israel posicionou caças e efetivo militar para conseguir derrubar os drones antes que eles atingissem os alvos;
sirenes foram acionadas em algumas regiões de Israel, alertando a população sobre o ataque.
▶️️ Aproximação: No caminho até o território israelense, parte dos drones foi derrubada por aeronaves de Israel, dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Jordânia.
Por volta das 19h (horário de Brasília), ainda antes de os artefatos chegarem a Israel, a missão do Irã na ONU afirmou que o ataque estava encerrado, referindo-se a ele com uma “ação legítima”.
“O assunto pode ser considerado encerrado. Contudo, se o regime israelense cometer outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa”, escreveu o perfil da missão do Irã na ONU em uma rede social.
Além disso, o Irã confirmou que também havia lançado mísseis contra Israel. Ao todo, foram mais de 300 artefatos, entre drones e mísseis de cruzeiro e balísticos.
Irã dispara drones contra Israel
Arte/g1
▶️️ Explosões: Começaram a ser ouvidas em Jerusalém às 20h, pelo horário de Brasília. Imagens registraram drones sendo interceptados e destruídos pelas forças israelenses ainda no ar.
▶️️ Defesa: De acordo com o jornal “The Jerusalem Post”, o porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, afirmou que quase todos os drones foram derrubados por caças.
Israel também acionou o chamado “Domo de Ferro”, que consegue interceptar artefatos ainda no ar e explodi-los.
No entanto, uma agência estatal de notícias iraniana afirmou que mísseis lançados pelo país ultrapassaram a proteção.
Pouco depois das 20h, no horário de Brasília, as Forças de Defesa de Israel informaram que os moradores de Israel não precisavam mais se abrigar.
Em Teerã, capital do Irã houve comemoração durante o ataque.
Como funciona o Domo de Ferro
Arte/g1
▶️️ Vítima: O serviço nacional de emergência médica de Israel informou que uma menina de 10 anos ficou gravemente ferida, no deserto de Negev, por estilhaços de um artefato para interceptar drones.
Até a última atualização desta reportagem não havia informações sobre a existência de outros feridos.
A agência de notícias Associated Press informou que essa foi primeira vez que em o Irã lançou um ataque militar direto a Israel, apesar de mais de quatro décadas de uma inimizade que remonta à Revolução Islâmica de 1979.
Motivo
O ataque é uma retaliação do Irã contra Israel. Em 1º de abril, a embaixada iraniana na cidade de Damasco, na Síria, foi atingida. Treze pessoas foram mortas, incluindo o brigadeiro-general Mohammad Reza Zahedi, uma figura importante da força Quds, o ramo estrangeiro da elite da Guarda Republicana do Irã. Israel não reivindicou o ataque.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, disse que “os avisos necessários foram dados aos Estados Unidos” sobre o ataque de retaliação. Após o Irã colocar os drones no ar, a Casa Branca chegou a afirmar que o ataque se desenrolaria por horas, o que não aconteceu.
Conheça o drone Shahed-136, utilizado pelo Irã para atacar Israel.
Arte/g1
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