24 de setembro de 2024

Investigação liga empresas de transporte público de São Paulo ao crime organizado

Na terça-feira (8), uma megaoperação chamada ‘Fim da linha’ revelou um escândalo: que a cúpula das empresas de transporte de São Paulo Transwolff e Upbus é formada por integrantes do crime organizado. A Transwolff tem 1.206 veículos e, de 2015 até o ano passado, recebeu mais de R$ 5 bilhões da Prefeitura. Um foragido da Justiça é acusado de fazer parte do PCC e comandar uma empresa de ônibus
Na terça-feira (8), uma megaoperação chamada “Fim da linha” revelou um escândalo: que a cúpula das empresas de transporte de São Paulo Transwolff e Upbus é formada por integrantes do crime organizado.
Segundo o Ministério Público, estes homens comandavam as duas empresas de ônibus:
Luiz Carlos Efigênio Pacheco. Apelido: Pandora. Ele é suspeito de financiar um plano milionário pra tirar um preso de dentro da cadeia.
Silvio Luiz Ferreira. Apelido: Cebola. Ele está foragido da justiça há 10 anos, condenado por tráfico de drogas.
Décio Gouveia Luís. Apelido: Português. Ele é condenado por organização criminosa e suspeito de ser o braço direito de Marcos Camacho, o Marcola.
“O PCC, ele viu ali uma oportunidade de negócios. Por quê? É um setor altamente lucrativo: essas duas empresas faturaram, no ano passado, mais de R$ 800 milhões”, revela Lincoln Gakiya, promotor de Justiça.
A Prefeitura de São Paulo e as empresas de ônibus
Desde os anos 1990, existem suspeitas de que o PCC atuava no transporte público de São Paulo, controlando grupos de perueiros clandestinos. O Pandora, suspeito de financiar um plano de fuga, em 2006, era um desses perueiros até se tornar dono da Transwolff.
Segundo as investigações, o ano de 2015 é decisivo: foi quando a facção pôs R$ 54 milhões na Transwolff, num esquema de lavagem de dinheiro. A Transwolff tem 1.206 veículos e, de 2015 até o ano passado, recebeu mais de R$ 5 bilhões da Prefeitura.
“Eles injetaram o capital sujo, capital ilícito, proveniente de tráfico, de roubo, de outros crimes que são praticados pelos PCC”, afirma Gakiya.
Segundo as investigações, um exemplo de como o crime organizado embolsava dinheiro público e podia fazer o que quisesse com ele está no fornecimento de refeições. A Transwolff pagou para um pequeno restaurante quase R$ 11 milhões de reais, entre 2015 e 2019 – mas os auditores fiscais não encontraram a compra de um quilo sequer de carne bovina, suína ou de frango.
A Transwollf transporta passageiros na Zona Sul. Já a Upbus, na Zona Leste, conta com uma frota de 159 ônibus.
O Ministério Público afirma que o crime organizado também injetou dinheiro sujo na Upbus, quase R$ 21 milhões para conseguir participar da licitação – e que Português e Cebola fazem parte da direção da empresa.
Cebola chegou a ser preso em 2012, com 635 quilos de maconha numa garagem que depois se tornaria a sede da empresa. Ele era um dos chefes da quadrilha e, na época, escreveu para os comparsas o que fazer com a droga: “vendendo a vácuo, o lucro será muito bom. E assim, fortalecer o caixa da família”. A família é o PCC.
A prefeitura contratou a Upbus em 2018. Até 2023, a empresa recebeu R$ 391 milhões dos cofres públicos.
O que dizem as partes envolvidas
Na terça-feira, seis pessoas foram presas, entre elas o Pandora. A defesa dele não falou sobre as acusações de lavagem de dinheiro. Sobre a tentativa de resgate de um preso, disse que o caso foi arquivado e que pandora não teve nenhum envolvimento.
O português responde em liberdade. A defesa diz que ele não é do crime organizado e que é inocente das acusações.
Também havia uma mandado de prisão contra Cebola, mas ele continua foragido. Em uma casa que seria dele, a polícia apreendeu munição e armas.
A Justiça afastou a cúpula das duas empresas, que estão agora sob intervenção da Prefeitura. Os ônibus continuam circulando.
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