Exportações somaram US$ 164,4 bilhões em 2024. Faturamento do agro em dólar caiu 1,3% no ano passado quando comparado a 2023, segundo o Cepea, de Piracicaba (SP). Plantação de soja
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Depois de quatros anos consecutivos de altas, o faturamento das exportações do agronegócio brasileiro em dólar caiu 1,3% no ano passado quando comparado a 2023. As exportações brasileiras de produtos do agronegócio somaram US$ 164,4 bilhões em 2024, segundo dados compilados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, a partir de informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), da Secretaria de Comércio Exterior (sistema Siscomex).
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As expectativas para este ano ainda são incertas e, entre os motivos, conforme o Cepea, estão a imposição de tarifas. “O preço dos produtos nos mercados consumidores podem ser afetados, bem como o reordenamento das parcerias comerciais entre os países”, analisa.
No caso da queda no faturamento em dólar, pesquisadores do Cepea indicam que esteve atrelada à redução de 3% no volume escoado em 2024, tendo em vista que o preço médio anual em dólar avançou 1,7%. Entenda cenário, abaixo, na reportagem.
Plantação de milho verde em sítio do bairro Sabiauna em Itapetininga (SP)
Beatriz Pereira/g1
Milho e soja puxam queda
Segundo relatório do Cepea, o recuo na quantidade total exportada pelo agronegócio brasileiro foi puxado, principalmente nos embarques dos produtos do:
🌾complexo soja (grão, farelo e óleo) – queda de 29%
🌽milho – queda de 28,8%
“O volume exportado desse segmento do agro caiu 3% e o preço médio em dólar baixou 17,6%. Em dezembro, especificamente, o volume total (grão, farelo e óleo) vendido ao exterior caiu 29% em relação ao mesmo mês de 2023 e os preços recuaram quase 19%”, especifica o Cepea. “Os produtos do complexo da soja lideram os resultados do agronegócio com mais de 100 milhões de toneladas escoadas em 2024, ou aproximadamente 50% do do volume total embarcado”, destaca.
Em relação ao complexo da soja, especificamente, com a redução na oferta brasileira, a quantidade embarcada caiu 3% em 2024 e os preços, recuaram 17,6%.
“Esse cenário resultou em baixa de quase 20% no faturamento em dólar desse segmento e, consequentemente, no balanço geral do agronegócio”, especifica.
O volume escoado do milho recuou expressivos 28,8% e os preços, 15,9%, o que levou à queda de 40% no faturamento em dólar do cereal.
Mercado de câmbio
No mercado de câmbio, a moeda nacional se desvalorizou frente ao dólar norte-americano, em 6%, na média de 2024, contribuindo para que o resultado do faturamento em Reais apresentasse avanço de 4,6% frente ao de 2023.
Aumentos
Por outro lado, foram verificados aumentos nos volumes escoados de:
🪶algodão em pluma (+71%)
☕café (+30%)
◽açúcar (+22%)
🥩carne bovina (+26%)
Pesquisadores do Cepea ressaltam, contudo, que, como a moeda nacional apresentou forte desvalorização de 6% frente ao dólar em 2024 – já descontada a inflação brasileira –, o faturamento em Reais cresceu 4,6%.
Expectativa para 2025
Ainda segundo o relatório do Cepea, a oferta brasileira da safra 2024/25 de soja, milho e algodão deve crescer. “O pode garantir maior disponibilidade para o consumo doméstico e para exportação”, aponta.
Em relação aos preços em dólar, o Centro estima que os valores dependerão da oferta mundial, que conta com suprimento de importantes produtores além do Brasil, como Argentina, Estados Unidos e Ucrânia.
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China deve influenciar nos preços da carne
No caso da carne bovina, em 2025, ainda deve prevalecer alguma restrição na oferta de animais por conta do ciclo pecuário, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
“A demanda chinesa deve influenciar os preços da carne, já que o país asiático adquire mais da metade do volume de vendas externas do Brasil”, destaca o Cepea no documento.
O dólar deve permanecer mais elevado neste ano, acima de R$ 5,50, favorecendo o desempenho do setor agroexportador.
“No entanto, as incertezas devem aumentar, em decorrência da imposição de tarifas, o que pode afetar o preço dos produtos nos mercados consumidores e também provocar um reordenamento das parcerias comerciais entre os países”, conclui.
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