7 de fevereiro de 2025

Pesquisadores descobrem fóssil da ave moderna mais antiga já conhecida


Fóssil foi descoberto na Antártida durante expedição. Por muito tempo, os pesquisadores presumiram que os pássaros de aparência moderna começaram a evoluir apenas depois de meteoro que extinguiu dinossauros há milhões de anos. O fóssil muda o que se sabia. Uma reconstrução artística de como Vegavis iaai pode ter sido
Divulgação/Mark Witton
Um fóssil de crânio quase completo encontrado na Antártida revelou o pássaro moderno mais antigo já conhecido — uma criatura do tamanho de um pato-real, relacionada às aves aquáticas que vivem em lagos e oceanos atualmente, segundo um novo estudo.
O fóssil, com cerca de 68 milhões de anos, pertence a uma espécie extinta de ave conhecida como Vegavis iaai. A ave viveu no final do período Cretáceo, quando o Tyrannosaurus rex dominava a América do Norte e pouco antes de um asteroide do tamanho de uma cidade atingir a Terra, levando à extinção dos dinossauros.
Os pássaros que viveram entre os dinossauros eram quase irreconhecíveis em comparação com as espécies atuais. Muitos apresentavam características como bicos dentados e caudas longas e ósseas.
Christopher Torres, professor assistente de biologia na Universidade do Pacífico, na Califórnia, e principal autor do estudo, explica que o Vegavis tinha aproximadamente o tamanho de um pato e possuía um estilo de vida semelhante ao de aves aquáticas como os mergulhões.
“Esse pássaro era um mergulhador de perseguição movido a pé. Ele usava as pernas para se impulsionar debaixo d’água enquanto nadava. Algo que pudemos observar diretamente nesse novo crânio foi a musculatura da mandíbula, que estava associada ao fechamento da boca debaixo d’água para capturar peixes. Esse é um comportamento amplamente observado entre mergulhões”, explicou Torres.
Os paleontólogos descreveram o Vegavis pela primeira vez há 20 anos, mas muitos cientistas eram céticos quanto à sua classificação como uma ave moderna. Até então, a maioria dos fósseis de pássaros modernos desenterrados datava de um período posterior à queda do asteroide que extinguiu os dinossauros, há 66 milhões de anos, na costa do que hoje é o México.
Por muito tempo, os pesquisadores presumiram que os pássaros de aparência moderna começaram a evoluir apenas depois desse evento, talvez como uma resposta à extinção em massa.
Uma reconstrução digital do fóssil do crânio
Divulgação/Universidade do Pacífico
O coautor do estudo, Patrick O’Connor, da Universidade de Ohio, explicou que fósseis anteriores do Vegavis não incluíam um crânio completo. Como os crânios guardam características essenciais das aves modernas — como a ausência de dentes e um osso pré-maxilar aumentado no bico superior —, a falta desse material dificultava sua classificação.
O fóssil analisado no novo estudo foi coletado durante uma expedição de 2011 do Projeto de Paleontologia da Península Antártica. Ele foi encontrado envolto em uma rocha datada de 68 a 69 milhões de anos atrás e apresentava traços característicos das aves modernas, como um bico sem dentes.
A estrutura cerebral revelada pelo fóssil também reforça sua relação com os pássaros modernos. Os pesquisadores escanearam o crânio usando tomografia computadorizada para criar uma reconstrução tridimensional e identificaram características típicas das aves atuais.
Juntas, essas evidências confirmam que o Vegavis pertence ao grupo que inclui todas as aves modernas. Assim, esse crânio fóssil representa o membro mais antigo das mais de 11 mil espécies que existem hoje.

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