Marcelo Souza, o Bombom, está detido desde dezembro. Ministério Público o acusa crimes como corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Policial civil é suspeito de pegar bens do empresário Vinicius Gritzbach. Montagem com fotos do delator do PCC Vinicius Gritzbach e do policial civil Marcelo Marques de Souza, conhecido como Bombom
Montagem/g1
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou à Justiça o investigador Marcelo Marques de Souza, o Bombom, pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Marcelo está preso desde dezembro do ano passado, suspeito de extorquir dinheiro e bens de Vinícius Gritzbach, empresário que delatou policiais civis e membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). O delator lavava dinheiro do tráfico de drogas para a facção criminosa e foi extorquido por agentes públicos de segurança.
Durante a operação Tacitus, equipes da Polícia Federal (PF) encontraram debaixo da cama de Marcelo uma maleta com cerca de R$ 600 mil e US$ 14.500 em dinheiro.
Num pequeno cofre havia ainda R$ 7.900,00, US$ 942,00 e EUR$ 1.570,00. Por fim, no forro da cama do quarto de hóspedes, mais R$ 51.290,00.
No total, dentro do apartamento de Marcelo, a PF encontrou R$ 724.874,68. Segundo o MP, o estilo de vida e bens adquiridos pelo policial são incompatíveis com o que ele ganha como agente.
Dinheiro apreendido com Bombom
Reprodução
Os investigadores também apreenderam planilhas com os nomes de pessoas associadas a endereços e valores.
A PF esteve nesses locais, todos na região do Tatuapé, Zona Leste, e verificou que eram pontos de prostituição, jogos de azar e empresas, que pagavam propina ao policial para continuarem funcionando.
Na denúncia, os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) escreveram:
“A vultosa quantia encontrada, seu modo de acondicionamento, com notas reunidas em inúmeros maços, separados por valores inteiros (a partir de R$ 20,00, em cédulas de 20, 50, 100 e 200), atados por elásticos, distribuídos em cômodos diversos, no interior de distintos móveis, fora do campo de visão imediato, assim como a existência, no mesmo imóvel, de planilha impressa contendo nomes, apelidos, endereços, telefones e valores relativos à cobrança de propina de estabelecimentos na região, a incompatibilidade dos valores com a capacidade financeira lícita do denunciado, inseridos no contexto da atuação de Marceli no interior da organização criminosa, são evidências suficientes para caracterizar o ato de ocultação e dissimulação do produto e proveito dos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e outros correlatos”.
Além de oferecer denúncia, os promotores pedem à Justiça a manutenção da prisão preventiva de Marcelo. A Justiça ainda não havia se manifestado sobre a denúncia e o pedido de prisão até a última atualização desta reportagem.
A equipe de reportagem tenta contato com a defesa de Marcelo para comentar o assunto.
Gritzbach foi morto após delação
Vídeos mostram por diferentes ângulos execução de empresário no Aeroporto de Guarulhos
Antes de ser morto a tiros, em novembro do ano passado, Gritzbach denunciou ao MP e a Justiça policiais que estavam cobrando dinheiro dele para não incriminá-lo pelos assassinatos de dois integrantes do PCC. Segundo a polícia, o empresário era suspeito de ser mandante do crime.
Segundo a força-tarefa criada para investigar a morte do empresário, 26 pessoas estão presas atualmente nos desdobramentos do caso Gritzbach, sendo 22 policiais, entre civis e militares. Entre elas, três suspeitos de terem participado diretamente da execução do empresário.
Entre as hipóteses investigadas para esclarecer o assassinato de Gritzbach estão a de que o PCC cooptou policiais, os contratando para matar o empresário. O motivo seria o fato de ele ter delatado criminosos e agentes.