Dez dias separaram duas decisões completamente diferentes dos vereadores: o aumento do próprio salário e o reconhecimento da calamidade financeira vivida pela cidade. Aumento foi de 40%. Vereadores de Belford Roxo aumentam o próprio salário dias antes de reconhecerem calamidade financeira na cidade
Vereadores de Belford Roxo aumentaram nos últimos dias de 2024 o próprio salário e, apenas alguns dias depois, reconheceram calamidade financeira do município.
Dia 30 de dezembro, em pleno recesso parlamentar, uma lei aprovada dias antes pelos vereadores foi promulgada pelo presidente da câmara decretando um reajuste de 40% no salário dos vereadores.
Os vencimentos dos parlamentares saltaram de R 9,8 mil para R$ 13,5 mil. Já os vencimentos do presidente da casa, Markinho Gandra, passaram a R$ 14,8 mil.
Três dias depois da nova lei, o novo prefeito, Márcio Canella, publicou um decreto de calamidade financeira na cidade. Era 2 de janeiro. Ele dizia ter encontrado um rombo nos cofres da cidade de R$ 1 bilhão. Os salários de outros servidores logo atrasaram.
Dez dias separaram duas decisões completamente diferentes dos vereadores: o aumento do próprio salário e o reconhecimento da calamidade financeira vivida pela cidade.
A despesa adicional anual será de R$ 1,2 milhão. Mais do que todo o orçamento da Secretaria de Ordem Pública, estimado em um milhão para 2025 e 30 vezes mais do que o que a cidade pretende gastar com a Defesa Civil: R$ 44 mil por ano.
O aumento do salário dos vereadores foi publicado no mesmo Diário Oficial que continha a lei orçamentária anual – também aprovada por eles.
Nela, a crise municipal mostrava sua iminência. O município não teria folga nenhuma no orçamento: acabaria o ano com 1,3 bilhão de receitas e o mesmo valor de despesas.
A Câmara de Belford Roxo disse que os salários dos vereadores não sofria atualização desde 2012 e que o aumento respeitou o teto estipulado pela lei. Declarou ainda que o reajuste foi anterior ao decreto de calamidade. A câmara disse também que os vereadores não têm verba de gabinete, auxílio combustível e nenhum outro aditivo e que o orçamento da casa não sofreu praticamente nenhuma alteração em relação ao ano passado, não gerando impacto financeiro significativo.