12 de fevereiro de 2025

Como desenvolver confiança em um novo emprego e se destacar


Entender a cultura da empresa, fazer perguntas e pedir feedbacks podem ajudar o profissional a lidar com a insegurança no ambiente de trabalho e se destacar. Apesar de a insegurança fazer parte de momentos de transição, é importante estar atento a esse sentimento
Getty Images via BBC
Começar em um novo emprego sempre gera muitas expectativas. É o início de uma jornada cheia de possibilidades e de crescimento profissional.
Mas, junto com o entusiasmo, de uma nova oportunidade, também vêm a ansiedade e o medo de falhar. “Será que eu vou dar conta?”, é comum se perguntar.
Segundo a psicóloga organizacional Renata Burgo, sentir-se inseguro é natural até mesmo para profissionais com anos de experiência.
“Todo mundo sente isso quando sai da zona de conforto e passa a lidar com algo desconhecido, que não tem controle”, afirma.
Apesar de a insegurança fazer parte desses momentos de transição, é fundamental não deixar que esse sentimento se torne um instrumento de autossabotagem e leve o profissional a duvidar da sua própria capacidade.
Uma das formas de evitar isso é se lembrar dos motivos que te levaram àquele cargo e o que você tem a oferecer. Uma estratégia que parece simples, mas que ajuda a ter mais confiança, segundo a especialista em desenvolvimento de carreiras Simone Bortoletto, da Faculdade ESEG, do Grupo Etapa.
“Autoconhecimento, nessas horas, é muito importante. Entenda o seu valor, a sua trajetória, o que te trouxe até ali. E lembre-se que se você está naquele espaço é porque você tem competência e as pessoas acreditam no seu trabalho”, afirma.
De acordo com especialistas entrevistados pela BBC News Brasil, a adaptação a um novo emprego leva em torno de três meses. Nesse período, é importante ter paciência para não se frustrar e colocar em prática outras atitudes que ajudam a criar mais confiança no trabalho para se destacar. Confira alguma delas.
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Entenda a cultura da empresa
Conhecer bem a empresa, as pessoas e a cultura de trabalho é um dos primeiros passos para construir confiança, afirma Renata Burgo.
A cultura organizacional reflete os valores e práticas compartilhadas por uma empresa, funcionando quase como um “guia invisível” para o comportamento dos colaboradores.
“Quando você conhece essa dinâmica, fica mais fácil se adaptar e entender o que esperam de você”, destaca a psicóloga.
Segundo Burgo, a melhor forma de entender a cultura de um local é conversando com as pessoas que trabalham ali e observando como elas interagem. Por isso, praticar a escuta ativa e a observação é essencial para quem começa um novo emprego.
“Converse com as pessoas e ouça o que elas têm a dizer. Mostre interesse, chame para um café, pergunte sobre a empresa. Ninguém melhor do que os colegas de trabalho para ajudar a entender a cultura daquele espaço”, destaca
‘Mostre interesse, chame para um café, pergunte sobre a empresa’, aconselha Renata Burgo
Divulgação / Marcia Polo
Peça ajuda e esteja aberto a aprender
É muito comum que, ao começar um novo emprego, um profissional tenha dúvidas sobre determinadas atividades ou até mesmo o funcionamento da empresa. Nestes casos, os especialistas são taxativos: pergunte.
Pedir ajuda também faz parte do processo de construção de confiança e mostra que o profissional está aberto a aprender.
“Muitas pessoas acham que ao pedir ajuda, elas estão demonstrando fraqueza, sendo que é exatamente o contrário, elas mostram que tem humildade. Ninguém gosta de lidar com um profissional ‘sabe-tudo'”, destaca Bortoletto.
Uma das piores atitudes que um profissional pode ter, segundo Bortoletto, é fingir ter conhecimento sobre algo que ele não tem. Além de a pessoa gerar um problema para ela mesma, que pode culminar em crises de ansiedade e insegurança, ela corre o risco de executar uma tarefa de forma inadequada e atrapalhar toda a equipe. Por isso, é necessário saber se comunicar.
“Se te pediram para fazer algo que você nunca fez ou não sabe, diga abertamente que você nunca fez aquilo e que não tem tanto domínio sobre o assunto, mas que vai estudar e buscar apoio. Não saber não é um problema, o problema é você não falar que não sabe”, afirma.
Burgo também destaca a importância de tratar os erros como parte do processo para não deixar que eles prejudiquem a confiança no trabalho.
“Ninguém acorda querendo errar, mas nós erramos porque somos seres humanos. E as pessoas esperam que você erre, principalmente quando está começando um emprego novo”.
Simone Bortoletto destaca que pedir ajuda é importante — e não é uma falha
Arquivo pessoal
Peça feedbacks e ofereça ajuda
Neste tempo de adaptação, o profissional está sendo observado pelos gestores. Por isso, em vez de esperar que as pessoas digam o que elas estão achando do seu trabalho, busque feedbacks (avaliações) para saber se você está atendendo às expectativas e se tem algo que possa melhorar.
“A gente fala muito sobre protagonismo no ambiente de trabalho. E isso significa ir atrás de informações e não esperar que as pessoas venham até você. Quem toma iniciativa, se destaca”, destaca Burgo.
A psicóloga também ressalta o valor de ir além do simples cumprimento de tarefas. Isso não significa, contudo, se sobrecarregar com demandas ou fazer o trabalho dos outros, mas analisar formas de contribuir com a equipe e colegas de trabalho.
“Quando você ajuda um colega com a sua experiência, traz uma informação que ele não tem, um contato ou uma ideia, você está indo além, e fazendo um pouco a mais do que esperam de você. As pessoas valorizam esse tipo de atitude, e isso gera mais confiança”, afirma.
Busque destaque, mas cuidado para não soar arrogante
Não há problema em propor melhorias, mas busque fazer isso envolvendo a equipe, aconselha especialista
Getty Images via BBC
Ninguém gosta daquele aluno que, na sala de aula, é excessivamente participativo. Ou daquela pessoa que, em qualquer oportunidade, só quer falar sobre ela ou das experiências que já passou.
Situações como essa também acontecem no ambiente de trabalho, onde o profissional, ao querer tentar se destacar, pode soar como arrogante.
“Algumas pessoas, na tentativa de provar seu valor, já chegam propondo mudanças, apontando gargalos. E isso muitas vezes não pega bem, porque você passa uma imagem de alguém que quer ensinar”, ressalta Burgo.
Segundo Bortoletto, não há problema nenhum em propor melhorias para o ambiente de trabalho, e usar a própria experiência na hora de apresentar uma solução. Contudo, é preciso ouvir as pessoas que estão há mais tempo naquele ambiente e incluí-las nas discussões.
“Se você faz parte de uma equipe e vê que tem possibilidade de otimizar uma tarefa, uma atitude legal é procurar as pessoas para ver o que elas acham, se elas têm outras sugestões e, juntos, elaborar uma proposta. Dessa forma, as pessoas se sentem respeitadas e você age com humildade, o que é muito importante para a construção de confiança”, destaca.
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