Esquema criminoso envolveria manipulação e vazamento de investigações policiais, venda de proteção a criminosos e corrupção para beneficiar um esquema de lavagem de dinheiro da facção. Vinicius Lopes Gritzbach foi executado no aeroporto em Guarulhos em novembro
Polícia Civil/Divulgação
A Polícia Federal indiciou nesta quarta-feira (12) dez pessoas, incluindo um delegado e mais quatro policiais civis, suspeitas de atuar para o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Eles são acusados de extorquir dinheiro e bens do delator Vinícius Gritzbach, executado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo em novembro do ano passado.
Segundo as investigações, o esquema criminoso envolveria manipulação e vazamento de investigações policiais, venda de proteção a criminosos e corrupção para beneficiar um esquema de lavagem de dinheiro do PCC.
Os investigados foram presos temporariamente em 17 de dezembro, durante a Operação Tacitus, deflagrada pela PF e pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, com apoio da Corregedoria da Polícia Civil.
Nesta quarta, a PF também solicitou à Justiça a conversão das prisões temporárias para preventivas (sem prazo determinado).
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Quem são os policiais
O delegado preso é Fabio Baena, que foi acusado por Gritzbach, em sua delação premiada, de extorsão. Na época, Baena comandava uma investigação em que o delator era suspeito de mandar matar dois integrantes do PCC.
Também estão presos os policiais Eduardo Monteiro, Marcelo Ruggeri e Marcelo Marques de Souza, conhecido como Marcelo “Bombom”.
O quinto policial civil preso é Rogério de Almeida Felício, mais conhecido como Rogerinho, que também fazia a segurança do cantor sertanejo Gusttavo Lima.
Os demais presos suspeitos de envolvimento com o PCC são Ademir Pereira Andrade, Ahmed Hassan e Robinson Granger de Moura, conhecido como Molly.
Em nota divulgada à época, o advogado Daniel Bialski, que faz a defesa de Baena e de Monteiro, disse que considera a prisão uma “arbitrariedade flagrante”.
Afirmou ainda que os fatos que embasariam a prisão “já foram investigados e arquivados pela Justiça, por recomendação do próprio Ministério Público”. E acrescentou que “ambos compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações”.
A defesa de Marcelo Ruggeri disse que ainda não teve acesso aos autos, mas que considera a prisão prematura.
Os advogados de Rogério informaram que aguardam ter acesso integral ao processo “para analisar o caso e tomar as medidas legais cabíveis, reafirmando a confiança na Justiça para a comprovação de sua inocência”.
“Rogério é um policial civil que, ao longo de sua carreira, sempre desempenhou suas funções com zelo, responsabilidade e respeito à lei e nunca teve qualquer envolvimento com o Crime Organizado”, informou a sua defesa.
O g1 não localizou a defesa dos outros presos.
As investigações apontam que a facção, com o apoio dessa organização criminosa, movimentou mais de R$ 100 milhões desde 2018.
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Reprodução/TV Globo
Balanço da operação
Ao todo, 8 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão foram cumpridos durante a Operação Tacitus na capital de São Paulo e nas cidades de Bragança Paulista, Igaratá e Ubatuba, no interior do estado.
A PF apreendeu R$ 620 mil, US$ 1 mil e 1,5 mil euros na casa de um dos policiais investigados.
Os investigados, de acordo com suas condutas, vão responder pelos crimes organização criminosa, corrupção ativa e passiva e ocultação de capitais. As penas somadas podem alcançar 30 anos de reclusão.
A operação foi batizada de Tacitus, termo que vem do latim que significa silencioso ou não dito, em alusão à forma de atuar da organização criminosa.
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