22 de fevereiro de 2025

Família Bibas acusa Netanyahu de ‘abandonar’ reféns: ‘Não recebemos nenhum pedido de desculpas’


Declaração foi dada nesta sexta (21), um dia após o Hamas entregar corpos. O irmão de Yarden Bibas, marido de Shiri e pai das crianças, disse que a família aguarda para saber o ‘destino’ da cunhada após exame provar que o corpo devolvido não era dela. Cartaz mostra Shiri Bibas e os dois filhos; família foi sequestrada e morta pelo Hamas
AFP
A família Bibas acusou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, nesta sexta-feira (21), de não proteger seus parentes durante o ataque do Hamas em 2023 e de não resgatá-los vivos após seu sequestro em Gaza.
Ofri Bibas, cujo irmão Yarden, a cunhada Shiri e os sobrinhos Ariel e Kfir foram sequestrados pelo grupo terrorista palestino, fez críticas à postura do governo e afirmou:
“Não há perdão por abandoná-los em 7 de outubro e não há perdão por abandoná-los durante seu cativeiro. Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, não recebemos nenhum pedido de desculpas neste momento doloroso”.
Ofri também disse que ainda está esperando para saber o “destino” de Shiri após exames mostrarem que o corpo entregue como o dela não era da cunhada, e que a família “não está buscando vingança agora”.
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Vídeo mostra momento em que família Bibas, de Israel, é levada pelo Hamas
Hamas admitiu erro na entrega de corpo
O Hamas afirmou nesta sexta que os restos mortais de Shiri Bibas podem ter sido trocado pelos de outra pessoa na Faixa de Gaza. O grupo terrorista admitiu “a possibilidade de um erro” após Israel afirmar que os restos mortais devolvidos não são de Bibas.
Shirin Bibas, sequestrada em 7 de outubro de 2023 quando tinha 32 anos, morreu em cativeiro, e seu restos mortais foram devolvidos pelo Hamas na quinta-feira (20), junto dos corpos de seus dois filhos, também sequestrados com ela, e de um refém idoso. A família se tornou o símbolo da luta pelo retorno dos reféns (Leia mais abaixo).
Mas, após autópsia, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que os restos identificados como os de Shiri Bibas não são dela, mas de uma moradora de Gaza não identificada.
A perícia, segundo as Forças Armadas, confirmou que os outros corpos devolvidos correspondem de fato aos de Ariel e Kfir Bibas, filhos de Shiri, e de Oded Lifschitz, de 83 anos, o outro refém morto cujos restos foram entregues junto da família Bibas.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou o Hamas de ter cometido uma “violação cruel” da trégua em Gaza pela troca dos corpos, e disse que Israel atuará “com determinação” para trazer Shiri Bibas de volta ao país. Ainda na quinta-feira, Israel pediu a devolução do corpo dela imediatamente e considerou o caso uma “violação de extrema gravidade”.
“Agiremos com determinação para trazer Shiri de volta para casa, junto com todos os nossos reféns – tanto os vivos quanto os mortos – e garantiremos que o Hamas pague o preço total por essa cruel e brutal violação do acordo. (…) Nós os vingaremos”, afirmou Netanyahu.
Comboio com corpos passa por Tel Aviv
REUTERS/Nir Elias
Em resposta, o Hamas rechaçou as ameaças de Netanyahu e disse que continuará com a implementação do acordo de cessar-fogo. Também nesta sexta-feira, o grupo terrorista divulgou os nomes dos seis reféns que serão libertados no sábado (22).
A Cruz Vermelha também afirmou nesta sexta-feira à agência de notícias Reuters estar “preocupada e insatisfeita” com a forma como as operações de liberação de reféns pelo Hamas têm ocorrido.
A entrega dos corpos dos reféns causou comoção nacional em Israel. Horas após a entrega dos corpos, Netanyahu prometeu eliminar o Hamas e trazer todos os reféns de volta.
“Essa é uma violação de extrema gravidade pela organização terrorista Hamas, que é obrigada, sob o acordo [de cessar-fogo], a devolver quatro reféns mortos. Exigimos que o Hamas devolva Shiri para casa junto com todos os nossos reféns”, diz ainda a nota.
A entrega, que faz parte do acordo de cessar-fogo em vigor desde 19 de janeiro, aconteceu em Khan Younis, na Faixa de Gaza. Os restos mortais foram entregues em caixões pretos para integrantes de Cruz Vermelha, responsáveis por levá-los até Israel.
A ONU condenou a forma como o Hamas entregou os corpos dos reféns. O chefe de Direitos Humanos das ONU, Volker Turk, disse que o desfile de corpos em Gaza foi abominável e vai contra o direito internacional.
O grupo terrorista Hamas disse que um ataque aéreo israelense havia matado Shiri e os meninos em 2023, cerca de um mês após o sequestro. Israel não confirmou a acusação, que chamou de propaganda cruel.
Símbolo dos israelenses sequestrados
Horas depois de o Hamas invadir Israel em 7 de outubro de 2023, no ataque que deu início à guerra, a família Bibas virou o grande símbolo dos israelenses sequestrados pelo grupo terrorista.
Naquele mesmo dia, imagens de uma moradora de um dos kibutz atacados no sul de Israel, o Nir Oz, aterrorizada, cercada por homens armados e segurando seus dois filhos pequenos viralizaram nas redes sociais (veja vídeo acima).
Era Shiri Bibas, levada naquele dia por terroristas do Hamas junto de seu filho Ariel, de 4 anos, e Kfir, um bebê de apenas nove meses, o mais novo entre os 251 sequestrados pelo Hamas no ataque.
Por 20 meses, a família Bibas se tornou um símbolo da luta de parentes dos reféns, que também direcionou seus protestos ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. As imagens de Shiri e das crianças sorridentes eram usadas como uma espécie de bandeira de esperança e de cobrança a Netanyahu pela devolução dos reféns.
O marido de Shiri e pai dos dois meninos também foi sequestrado no mesmo dia. Mas Yarden Bibas foi devolvido pelo Hamas com vida em 1º de fevereiro, dentro do acordo de cessar-fogo. Durante todo o tempo de sequestro, Yarden foi mantido separado do resto de sua família.
Ele foi sequestrado antes da mulher e dos filhos, porque, no momento do ataque, deixou o esconderijo onde estavam para distrair os terroristas. Mas um segundo grupo de membros do Hamas encontrou o esconderijo e levou os três.
Yarden nunca encontrou, durante o cativeiro, com a esposa e os filhos, segundo a imprensa israelense.
Já os pais de Shiri Bibas morreram durante o ataque do grupo terrorista ao kibutz, onde também viviam. O kibutz da família Bibas foi um dos mais destruídos no ataque de 7 de outubro do Hamas. Na ocasião, um em cada quatro moradores do local foi morto ou sequestrado naquele dia.

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