23 de fevereiro de 2025

‘A gente veio sem comida, sem água, sem poder ir ao banheiro’, diz brasileiro que está entre deportados dos EUA


Este é o terceiro voo com repatriados da Era Trump. Eles partiram de Alexandria, no estado da Louisiana, com destino a Fortaleza, e, depois, parte seguiu para Belo Horizonte. A escolha pela capital cearense se deu para evitar que os deportados sobrevoem território brasileiro algemados. Avião com deportados brasileiros chega a Confins
Frederico D’Ávila/TV Globo
O terceiro voo com brasileiros deportados dos Estados Unidos neste novo mandato de Donald Trump pousou na capital mineira às 15h50 desta sexta-feira (21) no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na Região Metropolitana.
Ao todo, 94 deportados deixaram os EUA à 1h desta sexta (horário de Brasília) rumo ao Brasil. Entre eles estavam nove crianças e dois idosos. Segundo a presidência da República, depois de pararem em Fortaleza, 81 mineiros seguiram, às 13h30, para Belo Horizonte em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB).
Segundo a Secretária de Direitos Humanos do Estado do Ceará, Socorro França, os brasileiros chegaram “machucados emocionalmente”.
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Como a cidade é uma das mais próximas dos EUA, o governo brasileiro decidiu que seria a porta de entrada dos deportados, que, assim, ficariam menos tempo algemados, procedimento de praxe do governo americano (saiba mais abaixo)
Ao chegarem no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na Grande BH, alguns dos brasileiros contaram que foram maltratados pelos agentes de imigração americanos.
“Foram muito maus com a gente. A gente veio algemado, sem comida e sem água. Não deixaram a gente ir ao banheiro”, contou Ryan da Silva, de Belo Horizonte. Ele entrou ilegalmente nos Estados Unidos em 2020.
Retirada das algemas
Este é o terceiro avião enviado pelos EUA com imigrantes deportados desde o início do novo governo de Donald Trump. O primeiro chegou no dia 24 de janeiro, com 88 deportados, enquanto o segundo, em 7 de fevereiro, com 111.
Nos últimos dias do governo de Joe Biden, em 10 de janeiro, um outro avião com 100 imigrantes deportados já havia pousado no Brasil.
O primeiro voo da nova era Trump chegou ao Brasil em meio a polêmicas sobre as condições as quais o grupo foi submetido ao longo do trajeto.
Houve um desentendimento com a tripulação devido ao calor, e os 88 deportados abriram uma porta de emergência e desembarcaram por uma ponte inflável ainda algemados.
Segundo a Polícia Federal, o uso de algemas em imigrantes é uma praxe em voos fretados dos EUA para repatriação, mas elas são retiradas ao pousar no Brasil, já que os deportados não são prisioneiros.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ordenou a retirada das correntes e solicitou que os deportados fossem levados a Belo Horizonte em um voo da FAB. Itamaraty diz que cobrará EUA por tratamento ‘degradante’.
Veja perguntas e respostas sobre o impasse envolvendo a deportação de brasileiros algemados pelos EUA
Avião da Força Aérea Brasileira que transportou brasileiros deportados dos Estados Unidos de Fortaleza (CE) para Belo Horizonte (MG).
Thiago Gadelha/Sistema Verdes Mares
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