22 de fevereiro de 2025

STF mantém prisão de lobista envolvido em esquema de venda de sentenças em Cuiabá


Andreson de Oliveira Gonçalves foi preso em novembro de 2024, apontado como o intermediário em um esquema de venda de decisões judiciais. Andreson Gonçalves, apontado como o principal lobista do advogado Roberto Zampieri
Divulgação
O Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a prisão do lobista e empresário Andreson de Oliveira Gonçalves, preso durante a operação que investigou um esquema de venda de sentenças, em Cuiabá. Ele está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE) desde novembro de 2024.
O g1 tenta contato com a defesa do empresário.
Por unanimidade, o magistrado reconheceu que Andreson tinha função decisiva de comando no esquema de venda de decisões judiciais e de informações processuais privilegiadas, que envolveria, em tese, intermediadores, advogados e servidores públicos.
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Segundo o ministro Cristiano Zanin, diálogos recentes comprovaram a propensão do lobista a práticas ilegais e constatou que a liberdade pode fazer com que Andreson cometa os mesmos crimes , além de apresentar riscos às investigações.
“A ousadia e a complexidade da trama delitiva não podem ser ignoradas, impondo-se, neste instante, um freio a potenciais riscos de recidiva criminosa, sobretudo diante de contingências que maculam e descredibilizam o sistema de Justiça”, diz trecho da decisão.
Durante a Operação Sisamnes, mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, afastados das funções no Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso (TJMT), por suspeita de envolvimento em vendas de decisões judiciais. As investigações apontaram Andreson como o intermediário no esquema.
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Entenda o caso
Um mandado de busca e apreensão foi cumprido pela Polícia Federal em um condomínio de luxo em Cuiabá, em outubro de 2024, como parte da Operação Ultima Ratio, que apura corrupção e venda de sentenças e afastou cinco desembargadores de Mato Grosso do Sul. O alvo foi Andreson, apontado como o principal lobista do advogado Roberto Zampieri.
As ordens são cumpridas em Campo Grande, Brasília, São Paulo e Cuiabá.
Polícia Civil de Mato Grosso
De acordo com as investigações, foram encontrados áudios de Andreson no celular de Roberto Zampieri, em que relata cobranças de pagamentos em aberto ao advogado. Durante as buscas, um notebook foi apreendido na casa do lobista.
Em agosto de 2024, mensagens no celular de Roberto Zampieri também levaram ao afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho. O lobista seria um dos responsáveis por aproximar o advogado de desembargadores.
Caso Zampieri
Em dezembro de 2023, o advogado Roberto Zampieri, de 57 anos, morreu após ser baleado com pelo menos 10 tiros dentro do próprio carro, em Cuiabá. Vídeos de câmera de segurança mostram o momento em que a vítima é surpreendida por um homem de boné, que disparou pelo vidro do lado do passageiro, e fugiu em seguida (veja vídeo abaixo).
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Segundo a Polícia Militar, o advogado saía do escritório que trabalhava quando o crime aconteceu. As equipes foram até o local, mas a vítima não resistiu aos ferimentos e morreu.
Em julho do ano passado, o produtor rural Aníbal Manoel Laurindo foi indiciado como um dos mandantes da morte de Zampieri. As investigações comprovaram a ligação de Aníbal com o intermediário do crime, o coronel do Exército Luiz Cacadini, e o vínculo do coronel com os atiradores, que também foram indiciados, em fevereiro.
Confira abaixo os envolvidos na morte do advogado, segundo a Polícia Civil:
Aníbal Manoel Laurindo (mandante);
Coronel Luiz Cacadini (financiador);
Antônio Gomes da Silva (atirador);
Hedilerson Barbosa (intermediador, auxiliar do atirador e dono da pistola 9mm usada no assassinato).

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