Familiares descrevem o menino Salomão como “promessa de Deus”. Menino tinha dois anos quando morreu após ficar quatro horas preso dentro de carro em Nerópolis. Menino que morreu trancado em carro era ‘milagre’ após mãe sofrer abortos, diz família
A avó do menino que morreu após ficar preso em carro, Valéria Rodrigues, disse que neto era ‘milagre’, pois a filha dela sofreu dois abortos antes de nascer Salomão Rodrigues Faustino, de 2 anos. A criança foi esquecida pela dona da creche, Flaviane Lima, dentro do carro por quatro horas com vidros fechados em Nerópolis, na Região Metropolitana de Goiânia.
“O Salomão era o milagre, o desejo do coração da minha filha. Meu tão esperado netinho, tão esperado sobrinho, bisneto, nossa alegria”, relatou a avó. Ela contou que a filha estava grávida de três meses, quando sofreu o último aborto. O pai de Salomão, Vilmar Faustino, contou que, apesar das duas perdas, o filho veio com saúde. “Ele veio com muita saúde e se foi também”.
Para a TV Anhanguera, o tio de Salomão, Daniel Rodrigues, descreve o sobrinho como uma ‘promessa de Deus’. “Foi uma promessa de Deus na nossa vida através da minha sobrinha Giselle. Eu tinha ele praticamente como um filho. Ele era uma criança muita saudável, brincalhona, alegre. Onde ele chegava, deixava o ambiente totalmente alegre”, relatou.
A defesa da dona da creche disse, em nota ao g1, que a empresária “está profundamente abalada, vivendo o pior momento de sua vida”. O advogado Giovanni Caldas Vieira Machado informou ainda que a mulher fez cursos em primeiros-socorros e que tentou salvar a criança. “Não houve qualquer intenção, qualquer descuido consciente ou negligência deliberada”, afirmou ainda a defesa (veja a nota na íntegra ao final da matéria).
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Salomão Rodrigues Faustino morreu depois de ficar trancado em carro, em Nerópolis
Reprodução/Redes sociais
Como e quando aconteceu
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O menino Salomão, de 2 anos, morreu após ser esquecido dentro de um carro pela dona de uma creche, Flaviane, informou a Polícia Civil. Segundo o delegado responsável pela investigação, André Fernandes, o menino ficou trancado por 4 horas sob forte sol, no dia 18 de fevereiro.
A Polícia informou que Flaviane buscou Salomão em casa e o levou até a creche. Quando chegou, ela entrou e deixou a criança no banco de trás do veículo, presa na cadeirinha e com os vidros fechados. Ela só percebeu que Salomão ficou dentro do carro quando ia embora para casa em razão de uma dor de cabeça (veja o depoimento da dona de creche abaixo).
Ainda segundo a polícia, Flaviane chamou o Corpo de Bombeiros para socorrer Salomão. Ele foi levado ao Hospital Sagrado Coração de Jesus, mas não resistiu. O pai do menino contou que a esposa recebeu uma ligação para a família ir ao hospital em que o filho estava, mas não explicaram a gravidade da situação.
“Eles ligaram para ela ir até o hospital, pois o Salomão estava lá. Não falaram o que aconteceu ou qual era a gravidade da situação. A gente chegou lá e a gente recebeu um choque, pois não esperava que era algo daquela magnitude. Logo mais a gente recebeu a notícia de que ele tinha vindo à óbito”, contou o Vilmar.
O delegado informou que Flaviane tentou fugir, mas foi presa em Itaberaí, a 80 quilômetros de Nerópolis. Ela foi autuada por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e encaminhada ao Complexo de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia. A Justiça decidiu mantê-la presa após audiência de custódia realizada na quarta-feira (19).
O que disse a dona da creche
Dona de creche diz que tentou reanimar menino após ir para casa em Nerópolis, Goiás
Durante audiência de custódia, Flaviane disse que, após chegar ao berçário, trabalhou normalmente e que só percebeu que o garoto estava no veículo quando foi para casa por conta de uma dor de cabeça. Ela contou ainda que tentou reanimar Salomão.
“Desci na porta do berçário e entrei. Eu subi e fiz minha rotina por volta de quatro horas. Falei para uma das tias que eu ia embora, pois estava com muita dor de cabeça. Quando eu abri o carro, o Salomão dobrou o corpinho dele na cadeirinha. Quando vi, desamarrei rápido da cadeirinha e levei ele para dentro. A gente ligou para os bombeiros. Eu tentei fazer os primeiros socorros, mas a gente percebeu ali que ele já não estava mais”, declarou em depoimento.
Uma funcionária da creche contou para a polícia que sentiu falta do menino na sala e que perguntou para Flaviane, por volta das 16h45, porque ele não estava presente no berçário. Ainda de acordo com o depoimento, a empresária saiu com o objetivo de ir embora e retornou cinco minutos depois com Salomão no colo, o qual estava “mole e todo roxo”.
Em seguida, a empresária colocou a criança na pia e jogou água no resto do menino, tentando reanimá-lo. Conforme o depoimento, Flaviane disse: “O que vai ser da minha vida, a mãe da criança vai me matar, como que esqueci ele dentro do carro?”.
O que disseram os pais
Mãe de menino que morreu após ficar trancado em carro desmaia durante depoimento
A mãe de Salomão, Giselle Rodrigues, disse em depoimento na na Delegacia de Polícia de Nerópolis que o filho não estava dormindo no carro. “Meu filho foi completamente acordado e ele ficava atrás dela”, afirmou. Ela lembra ainda que o menino dormiu até quase meio-dia na data em que ele foi esquecido dentro do carro.
“O meu filho não foi dormindo. Meu filho foi completamente acordado e ele ficava atrás dela. Não tem o porquê dela ter esquecido, eu não sei por que esqueceram, por que não se lembraram do meu filho. Eu estava no meu trabalho, só pensando no meu filho”, falou a mãe.
Giselle passou mal durante o depoimento e desmaiou em entrevista para a imprensa. O Corpo de Bombeiros foi acionado antes dela desmaiar por estar com pressão baixa durante o depoimento nesta sexta-feira(21). Após desmaiar, a mãe foi levada pelos os bombeiros para o Hospital de Nerópolis.
O g1 entrou em contato com o Hospital Sagrado Coração de Jesus que informou que Giselle foi atendida e liberada nesta sexta-feira (21).
Nota da defesa
É fundamental lembrar que estamos diante de uma perda irreparável. Uma criança perdeu a vida, e isso é algo devastador para todos os envolvidos. Deixamos nossos sentimentos, em especial, aos familiares. A cidade de Nerópolis está em silêncio, é possível sentir nas ruas o peso e a dor do ocorrido.
Minha cliente, trabalha com crianças e jovens há anos, sempre foi uma pessoa responsável e cuidadosa e , está profundamente abalada, vivendo o pior momento de sua vida. A creche conta com registro do cadastro de pessoa jurídica e alvarás de funcionamento.
Minha cliente preza pela preparação, tendo cursos na área de pedagogia e primeiros socorros. Justamente para estar preparada para qualquer emergência. Não houve qualquer intenção, qualquer descuido consciente ou negligência deliberada. Assim que percebeu o que havia acontecido, em completo desespero, tentou reanimar a criança e buscou socorro imediato dos bombeiros. Infelizmente, o pior já havia ocorrido.
Não há a tentativa de se esquivar da responsabilidade. No momento da prisão em flagrante pela polícia minha cliente estava, na companhia de seu companheiro, a caminho do distrito policial para se apresentar. Confiamos na investigação em andamento pela Policia Civil e na atuação da Justiça.
A família da minha cliente informa que a creche não foi aberta hoje e provavelmente não voltará a abrir, em vista do abalo emocional. Infelizmente um acidente devastador para todos, fazendo vítimas em todas as famílias envolvidas.
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