24 de fevereiro de 2025

Justiça marca audiência para viúva, irmã e cunhado acusados de envolvimento na morte de Igor Peretto


Igor Peretto, de 27 anos, foi encontrado morto no apartamento da irmã, Marcelly Peretto, em Praia Grande (SP). A parente, Rafaela Costa (viúva) e Mario Vitorino (cunhado) foram presos acusados de envolvimento no homicídio. Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP)
Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais
A Justiça marcou para o dia 20 de março a audiência de instrução e julgamento de Rafaela Costa, Marcelly Peretto e Mario Vitorino, acusados de envolvimento na morte do comerciante Igor Peretto, assassinado a facadas em um apartamento em Praia Grande, no litoral de São Paulo.
O Ministério Público (MP-SP) concluiu que Rafaela (viúva), Marcelly (irmã) e Mario (cunhado) premeditaram a morte de Igor, de 27 anos, uma vez que ele era considerado um “empecilho no triângulo amoroso”.
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Na decisão, obtida pelo g1, além de comunicar a data da audiência, o juiz Felipe Esmanhoto Mateo também deu um prazo de cinco dias para a defesa de Mario Vitorino qualificar as testemunhas protegidas.
O magistrado também respondeu aos apontamentos feitos pelos advogados dos réus. Entre eles, a acusação do crime de tergiversação [quando um profissional da área defende, simultaneamente ou sucessivamente, clientes em conflito na mesma causa] contra o advogado Felipe Pires de Campos.
O profissional em questão foi constituído como assistente de acusação, uma vez que atualmente defende a família de Igor Peretto, mas já teria defendido Marcelly antes mesmo dela ser considerada acusada por envolvimento no assassinato.
“O fato de uma pessoa inicialmente não constar como suspeita e, posteriormente, tornar-se averiguada e ré, não impede de manter seu patrocínio à família da vítima. Assim, não houve defesa de partes opostas no processo”, considerou Mateo.
Advogados acusam colega de tergiversação em ‘caso Igor Peretto’; entenda o crime
Laudo pericial, exumação e reprodução simulada
O magistrado também rejeitou a alegação de nulidade do laudo pericial necroscópico. Na defesa de Marcelly à Justiça, o advogado Leandro Weissmann citou “imagens editadas” no laudo cadavérico de Igor, pedindo a exumação do corpo do rapaz.
Da mesma forma, o juiz descartou a realização de um novo exame necroscópico, rejeitando a exumação do corpo de Igor.
O advogados de Marcelly e Mario fizeram apontamentos em relação à reprodução simulada. Weissmann, representante da mulher, chamou a reconstituição em quadrinhos de “infantil”, enquanto Mario Badures, que representa o homem, questionou o fato do laudo ter a presença de emojis ‘em meio a uma dinâmica indecifrável’.
“De igual modo rejeito a preliminar de nulidade do laudo de reprodução simulada dos fatos, em virtude do uso de emojis”, declarou o magistrado.
Posicionamentos
Em nota, o advogado Marcelo Cruz, que defende a viúva Rafaela Costa, afirmou que postulou para que ela fosse interrogada de forma presencial para garantir o regular exercício da autodefesa. Para ele, o juiz acertou ao designar que o ato seja feito no local.
“No mais, todos os requerimentos defensivos, pré-questionados desde a primeira oportunidade, serão melhores avaliados pelo juízo após a instrução criminal e se necessário, pelos tribunais superiores”, declarou Cruz.
O assistente de acusação Felipe Pires de Campos afirmou que a família permanece tranquila e confiante no poder judiciário. “A decisão preferida ratificou o recebimento da denúncia, pois estão presentes os indícios de autoria e materialidade do crime com relação aos três réus”.
Campos disse que grande parte dos requerimentos das defesas foi indeferido, “pois são meramente procrastinatórios e não acrescentariam em nada na busca da verdade real”. Para ele, a audiência ser de forma presencial não muda em nada o contexto e dinâmica.
O advogado alegou que a acusação de tergiversação foi “leviana, infundada, indevida e intolerável” e acrescentou que a decisão do juiz confirmou que não houve qualquer prática de crime ou ilegalidade. “Declarações ofensivas, injuriosas ou difamatórias não apenas ferem a honra individual, mas também destoam dos princípios fundamentais que regem a atuação dos advogados”, pontuou.
Procurados pelo g1, os advogados Leandro Weissmann, que representa Marcelly Peretto, e Mario Badures, defensor de Mario Vitorino, afirmaram que não foram intimados da decisão do juiz e, por este motivo, não se posicionariam neste momento.
Últimas palavras
Cronologia da morte do comerciante Igor Peretto: tudo que se sabe da descoberta da traição à morte
Reprodução
De acordo com as testemunhas, Igor declarou amor pela esposa, Rafaela Costa, minutos antes de ser morto a facadas no apartamento da irmã em Praia Grande. As últimas palavras constam em um inquérito da corporação e em uma denúncia do MP-SP.
“Vocês sabem o quanto eu amo aquela mulher, [o] quanto sou louco por ela”, disse Igor, de acordo com uma testemunha. “Vocês tudo contra mim, tudo armando contra mim. Eu era o único que não sabia de nada”.
Segundo a denúncia do MP-SP, Igor também demonstrou estar decepcionado com a irmã e o cunhado. “Do que adiantou eu fazer tudo? Eu me esforço tanto, eu fiz isso sempre por todos, seus traíras, p***”, teria dito a vítima antes de ser morta a facadas.
Triângulo amoroso
Casais (Mário e Marcelly, à esq. e Igor e Rafaela, à dir.) moravam próximos em Praia Grande (SP)
Redes Sociais
O MP-SP concluiu que o trio premeditou o crime porque Igor era um “empecilho no triângulo amoroso” entre Rafaela, Marcelly e Mario Vitorino. Ao g1, a promotora Roberta afirmou ter considerado o caso como “chocante e violento”.
A promotora disse que em nenhum momento os envolvidos tentaram salvar Igor ou minimizar o sofrimento dele. “Fizeram buscas de rota de fuga ou de quanto tempo demoraria para [o corpo] cheirar e chamar a atenção de alguém e eles terem tempo de fugir”, complementou.
Vantagem financeira
Igor Peretto, irmão do vereador de São Vicente (SP), Tiago Peretto (União Brasil), foi morto a facadas em Praia Grande
Reprodução/Redes Sociais e Thais Rozo/g1
De acordo com a denúncia recebida pela Justiça, a morte de Igor traria “vantagem financeira” aos acusados. Os advogados dos presos negaram a versão apresentada pelo MP-SP, que afirmou que Rafaela mantinha relacionamentos extraconjugais com Mário e Marcelly, estabelecendo uma relação íntima entre o trio sem o conhecimento do comerciante.
O Ministério Público citou quais seriam as vantagens financeiras aos denunciados. Segundo o órgão, Mário poderia assumir a liderança da loja de motos que tinha em sociedade com o cunhado, enquanto a viúva receberia herança. “Marcelly, que se relacionava com os dois beneficiários diretos, igualmente teria os benefícios financeiros”.
O MP considerou a ação do trio contra Igor um “plano mortal”. O documento diz que eles planejaram o crime, sendo que Mário desferiu as facadas, a viúva atraiu o comerciante e, junto com Marcelly, incentivou Mário a matá-lo.
O órgão levou em conta essas informações para elaborar a denúncia por homicídio qualificado. “O crime foi cometido por motivo torpe, pois Mário, Rafaela e Marcelly consideraram Igor um empecilho para os relacionamentos íntimos e sexuais que os três denunciados mantinham entre eles.
Ainda segundo a denúncia, o assassinato também foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, pois Igor estava desarmado e foi atacado por uma pessoa com quem tinha relacionamento próximo e de quem não esperava mal.
Sobre o crime
Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP)
Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais
O crime aconteceu em 31 de agosto no apartamento da irmã de Igor, em Praia Grande. Dentro do imóvel estavam a vítima, Marcelly e Mário Vitorino. Rafaela chegou com Marcelly ao apartamento, mas o deixou 13 segundos antes do marido chegar com o suspeito pelo assassinato.
De acordo com os depoimentos do trio e dos advogados, a viúva Rafaela tinha um caso com Mário. Além disso, o advogado de Marcelly chegou a dizer que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.
Igor Peretto foi morto a facadas e teria ficado tetraplégico [sem movimento do pescoço para baixo] se tivesse sobrevivido. A informação consta em laudo necroscópico obtido pelo g1. Três pessoas próximas à vítima foram presas: Viúva, irmã e cunhado.
Prisões
Mario, Marcelly e Rafaela, investigados pelo homicídio contra o comerciante Igor Peretto
Reprodução e Redes sociais
As mulheres se entregaram e foram presas em 6 de setembro, enquanto Mário foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP), no dia 15 do mesmo mês.
O trio havia sido preso temporariamente em setembro e, no início de outubro, a prisão temporária foi prorrogada. Na ocasião, a defesa de Rafaela chegou a entrar com pedido de habeas corpus, que foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A Justiça de Praia Grande (SP) converteu as prisões do trio, de temporárias para preventivas, após a denúncia feita pelas promotoras Ana Maria Frigerio Molinari e Roberta Bená Perez Fernandez, do MP-SP.
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