25 de fevereiro de 2025

Alemanha: aliança conservadora vence eleições e vai enfrentar o fortalecimento da extrema-direita


O partido de centro-esquerda do primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, amargou o pior resultado de sua história: virou a terceira força do Parlamento. Já a extrema-direita alemã cresceu como nunca: de 10% dos votos em 2021 para o dobro agora. Conservadores vencem eleição na Alemanha e começam a discutir novo governo
A aliança conservadora que venceu as eleições de domingo (23) na Alemanha já começou a negociar a formação do novo governo e vai enfrentar o fortalecimento da extrema-direita, como mostram os enviados especiais Rodrigo Carvalho e Ross Salinas.
Com a contagem dos votos encerrada, o partido de centro-esquerda do primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, amargou o pior resultado de sua história: virou a terceira força do Parlamento. Já a extrema-direita alemã cresceu como nunca: de 10% dos votos em 2021 para o dobro agora. O partido AfD, Alternativa para a Alemanha, de Alice Weidel, se tornou o segundo principal do país.
“Ninguém na Europa conseguiu se estabelecer como um partido popular em tão pouco tempo. Estamos em ascensão”, ela disse.
Alemanha: aliança conservadora vence eleições e vai enfrentar o fortalecimento da extrema-direita
Reprodução/TV Globo
A legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como “extremistas” pelas autoridades. O partido mais votado foi a União-Democrata Cristã, CDU, que governou a Alemanha por 16 anos com Angela Merkel.
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A nova cara da centro-direita e do governo alemão é Friedrich Merz. A Brigitte Weiffen é uma cientista política alemã que morou seis anos no Brasil. Ela disse que, em geral, Merz é mais conservador que Angela Merkel e que carrega uma credibilidade na área econômica por ter trabalhado muitos anos na iniciativa privada. Brigitte aponta ainda que os principais desafios do novo governo vão ser a imigração, com muitos eleitores pedindo regras mais duras, e também a recuperação da economia. Não só: um protagonismo ainda maior da Alemanha na União Europeia, principalmente agora com o presidente americano Donald Trump chegando para perto da Rússia e criticando os europeus.
“Será necessário uma liderança mais forte, uma liderança mais clara ou pronunciamentos mais claros para se posicionar também como um poder importante, como um poder que tem a vontade política também para ser o líder ou um dos líderes na União Europeia”, afirma a cientista política Brigitte Weiffen.
A nova cara da centro-direita e do governo alemão é Friedrich Merz
Reprodução/TV Globo
O provável futuro primeiro-ministro alemão Friedrich Merz disse nesta segunda-feira (24) que vai fazer o possível para preservar uma boa relação com os Estados Unidos, mas reconheceu que o interesse na Europa está diminuindo.
Ele ainda precisa formar o novo governo. Merz precisa controlar 316 dos 630 assentos do Parlamento. O partido dele elegeu 208 deputados. Ele vai ter que fazer alianças para ter a maioria absoluta. A partir de agora, vão ser dias, semanas, dois meses até de negociação para que um novo governo seja formado. Uma coisa parece certa: a extrema-direita não vai ser convidada a fazer parte da coalizão. Esse é um pacto histórico entre todos os principais partidos alemães. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, partidos de esquerda, de centro e da direita moderada se unem para deixar a extrema-direita de fora do poder.
O resultado da eleição alemã repercutiu no mundo todo. O presidente americano, Donald Trump, escreveu:
“Grande dia para a Alemanha e para os Estados Unidos”.
Trump afirmou que a vitória do partido conservador mostrou que, assim como os americanos, o povo alemão está cansado da política sem lógica para temas como a imigração atual.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também parabenizou Merz pela vitória. O presidente Lula cumprimentou o líder da CDU e disse que a eleição dele ocorre em um momento de grande sensibilidade geopolítica e geoeconômica global. Luca escreveu: “A Alemanha é um país amigo e parceiro crucial do Brasil na defesa da democracia e do multilateralismo, na promoção do desenvolvimento sustentável e proteção dos direitos humanos”.
O francês Emmanuel Macron conversou no domingo (23) mesmo, por telefone, com Merz. O foco da conversa foi a guerra na Ucrânia. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que espera o apoio da Alemanha nas negociações de paz.
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