As três escolas da Série Ouro perderam quase todas as fantasias a menos de 20 dias dos desfiles. Liga RJ decidiu que elas não serão rebaixadas em 2025. Bandeiras da Unidos de Bangu, Império da Serrano e Unidos da Ponte
Montagem
O carnaval de 2025 será de superação, resiliência, resistência e força para a Império Serrano, Unidos da Ponte e Unidos de Bangu.
A menos de 20 dias para os desfiles da Série Ouro, um incêndio de grandes proporções destruiu a Maximus Confecções, em Ramos, Zona Norte do Rio. As chamas consumiram quase todas as fantasias das três escolas.
A fábrica era uma das mais requisitadas pelas agremiações das divisões de acesso do carnaval carioca. Os carros alegóricos não foram afetados porque são feitos nos barracões.
Em entrevista ao g1, representantes das três agremiações fizeram mistério sobre os desfiles, mas compartilharam algumas expectativas. Eles revelaram que algumas alas terão fantasias, enquanto outras terão que improvisar.
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Por conta do incêndio, a Liga RJ decidiu que, este ano, as três escolas desfilam como hors-concours, ou seja, não serão julgadas e, portanto, não disputam o título nem podem ser rebaixadas.
Apesar da tragédia, as escolas de samba seguem determinadas a levar para a Sapucaí a energia e a garra de suas comunidades — da Zona Norte, Zona Oeste e Baixada Fluminense.
Unidos da Ponte
Com o enredo “Antropoceno: Ecos de Abya Yala em Meriti’yba”, a Unidos da Pontes — que é a quarta a desfilar nesta sexta-feira (28) — propõe uma reflexão sobre a relação entre o ser humano e o meio ambiente, abordando tanto o amor quanto a destruição da natureza.
O tema escolhido faz referência ao termo científico “Antropoceno”, que define a atual era geológica em que a atividade humana tem causado impactos significativos no planeta.
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Apesar das dificuldades enfrentadas, a Unidos da Ponte segue determinada a emocionar o público. O incêndio destruiu 60% das fantasias.
“Para a Unidos da Ponte, sempre é um carnaval de resiliência e força. Somos da Baixada, né? Queremos representar à escola como ela merece”, disse o carnavalesco Rodrigo Marques.
“Embora esse ano ela não seja julgada, vamos fazer um carnaval competente à sua altura. Vamos brincar na Avenida e conscientizar sobre as mudanças climáticas e a relação do homem com a natureza”.
Unidos de Bangu
Quarta a desfilar no sábado (1º), a Unidos de Bangu levará para a Avenida um dos símbolos da resistência indígena no Rio de Janeiro.
Com o enredo “Maraka’ Anandê – Resistência Ancestral”, a escola mais antiga da Zona Oeste homenageia a Aldeia Maracanã, comunidade indígena localizada ao lado do famoso estádio.
A escolha do tema reforça não apenas a luta dos povos originários pela preservação de sua cultura, mas também o próprio espírito de superação da agremiação.
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Segundo o diretor de Carnaval, Marcelo do Rap, apesar das dificuldades, a escola está determinada a entregar um grande espetáculo.
“Foi uma ducha de água fria. A pretensão da Unidos de Bangu era brigar pelo Grupo de Acesso. Nós vamos pisar forte na Avenida e, com certeza, vai ser um grande espetáculo, podem ter certeza disso”.
Império Serrano
Último a desfilar no sábado de carnaval, o Império Serrano foi um das mais atingidos pelo fogo: perdeu 97% dos adereços. Ainda assim, a escola está determinada a não deixar que a tristeza afete seus integrantes.
O enredo deste ano será “O que espanta a miséria é festa”, uma homenagem ao compositor e baluarte Laudeni Casemiro, o Beto Sem Braço.
Beto Sem Braço é um dos grandes nomes da história do Império Serrano. Autor de sambas icônicos e vencedor de três Estandartes de Ouro, ele ajudou a consolidar a identidade da escola no carnaval carioca.
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O carnavalesco Renato Esteves reforça que a escola levará a própria essência do enredo para a Avenida.
No lugar das fantasias, os componentes desfilarão com camisas brancas com letras de composições de Beto Sem Braço.
“Nós vamos representar o próprio enredo. O que espanta a miséria é festa. Então vamos pegar a garra do imperiano, somar nossas alegorias e fazer um desfile lindo na Sapucaí. Vamos cantar com alegria na manhã de domingo para espantar as mazelas e a tristeza”.
“Será um carnaval para mostrar a força e o amor do imperiano pela escola”, acrescenta.