25 de setembro de 2024

Com nanotecnologia, adubo fica mais tempo no solo e barateia produção agrícola; veja estudo

Tecnologia desenvolvida pela Embrapa, UFSCar e Epagri faz com que o fósforo, um nutriente essencial, seja liberado de forma gadual, diminuindo a necessidade de novas aplicações. Pesquisa da UFSCar e Embrapa desenvolvem nanomaterial que conserva nutriente no solo
Um grupo de pesquisadores da Embrapa Instrumentação, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) desenvolveu, com nanotecnologia, um adubo que conserva o fósforo no solo por mais tempo do que fertilizante vendido no mercado atualmente, além de fornecer nitrogênio, outro nutriente primordial na produção agrícola.
O fósforo é um dos nutrientes essenciais para a nutrição das plantas, mas cerca de 80% do que é aplicado na forma de fertilizante pode ser perdido em processos químicos de interação com o solo.
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A nanotecologia é criação, manipulação e exploração de materiais com escala nanométrica, que é tão pequena que a gente não enxerga a olho nu.
“Quando aplicado no solo, o fósforo reage com os minerais presentes naquele ambiente e forma fases pouco solúveis, que não permitem que as raízes das plantas absorvam o nutriente. Alteramos a estrutura do fertilizante para que ele protegesse o fósforo e fosse mais bem aproveitado”, explicou a pesquisadora da Embrapa Amanda Giroto.
Os pesquisadores buscam empresas parceiras que possam produzir o material em grande quantidade para a realização de experimentos em larga escala e colocação do produto no mercado.
Pesquisa da UFSCar e Embrapa com nanotecnologia produz adubo que fica mais tempo no solo e barateia produção agrícola
Reprodução EPTV
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Como é a nova formulação?
A nova formulação mantém até 35% do fósforo no solo após a aplicação. A fórmula é composta de 50% de ureia, que disponibiliza nitrogênio, e 50% de hidroxiapatita em pó, um mineral que é fonte natural de fósforo.
Uma das principais preocupações dos pesquisadores era manter o formato granular do fertizante e a forma como ele já é aplicado hoje na agricultura para facilitar a vida dos produtores rurais.
Os nutrientes são praticamente os mesmos, o que muda é a forma como ele se dissolve no solo, e o tempo que suas propriedades nutritivas interagem com as plantações.
Adubo desenvolvido pela Embapa e UFSCar faz com que o fósforo fique mais tempo no solo
Reprodução EPTV
“A principal diferença é que ele mantém uma quantidade disponível no solo para as próximas culturas maior do que o convencional. Depois de 40 dias, metade dele fica indisponível para a planta, ele reage com o solo e a planta não tem mais como acessar aquele nutriente”, explicou o pesquisador da Embrapa Instrumentação Cauê Ribeiro, que coordenou o estudo.
Outra vantagem do novo composto é que ele traz mais de um nutriente, o nitrogênio, diminuindo o número de aplicações de fertilizante no campo. Levando em conta que uma lavoura de grande escala demanda toneladas de adubo, a diminuição do número de aplicações pode trazer economia para o produtor.
A adubação é um dos maiores custos do produtor rural. Quase todos os produtos utilizados no Brasil são importados de outros países, principalmente Rússia, Marrocos e Canadá.
De acordo com Amanda, a nova tecnologia permite o desenvolvimento de um produto nacional.
“O objetivo desse projeto é a formulação de novos fertilizantes baseados na utilização de fosfato. Nós escolhemos uma fonte de fósforo para criar um modelo produzido com rochas nacionais”.
“Os fertilizantes são estratégicos para o Brasil, mas hoje dependemos exclusivamente de importações. Precisamos reindustrializar o país nesse setor, além de desenvolver produtos mais eficientes”, afirmou Ribeiro.
Milho adubado
Novo fertilizante com liberação mais eficiente de fósforo está sendo testado pela Embrapa e UFSCar
Reprodução EPTV
Para comparar a eficiência do material com outras fontes de fósforo, os pesquisadores verificaram a disponibilidade do nutriente em solos que receberam cada um de três tratamentos: o novo composto, apenas o pó de hidroxiapatita e um fertilizante fosfatado comercial. Os três tratamentos foram aplicados também em cultivos experimentais de milho, em escala laboratorial.
Tanto o fertilizante comercial quanto a hidroxiapatita apresentavam 89% de fósforo no primeiro dia do experimento. Após 21 dias, a disponibilidade do nutriente no solo baixou para 28%, até chegar a 18% depois de 42 dias.
O nanomaterial, por sua vez, começou o experimento com 53% de fósforo, tendo o teor reduzido para 42% e permanecendo em 35% ao fim dos 42 dias de testes.
O milho adubado com o novo composto e o que recebeu hidroxiapatita produziram 60% mais matéria seca do que o tratamento controle, em que não foi administrado nenhum fertilizante. As plantas que receberam o fertilizante comercial, por sua vez, produziram 30% mais do que as usadas como controle.
Todos os tratamentos mostraram resultados similares de absorção de fósforo pelas plantas. No entanto, a quantidade do nutriente que ficou no solo de forma disponível para absorção pelos vegetais foi maior no tratamento com o novo composto, indicando a capacidade de aproveitamento do nutriente em futuros cultivos.
“O resultado final vai indicar quanto do fertilizante foi utilizado pela planta, quanto foi perdido e principalmente quanto ficou no solo disponível para as próximas culturas”, afirmou Ribeiro.
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