3 de março de 2025

Porto da Pedra, Niterói e Tradição se destacam na 2ª noite da Série Ouro


Na sexta (28), Estácio, Maricá e Ilha do Governador foram os destaques. Somente a campeã sobe ao Grupo Especial. Abre-alas da Porto da Pedra
Ronaldo Nina/Riotur
Unidos do Porto da Pedra, Acadêmicos de Niterói e a Tradição fizeram os melhores desfiles da 2ª noite da Série Ouro. A dissidente da Portela, porém, correu muito para não estourar o tempo. Na sexta-feira (28), Estácio de Sá, União de Maricá e União da Ilha do Governador foram os destaques.
Mais 8 escolas cruzaram a Sapucaí entre a noite de sábado e a manhã de domingo (2). Unidos de Bangu e Império Serrano não foram julgadas por causa do incêndio, no dia 12, na Maximus Confecções. A fábrica de fantasias, entre as mais requisitadas pelas divisões de acesso, virou cinzas, e um aderecista morreu. A Unidos da Ponte, que desfilou na sexta, também foi bastante afetada.
A LigaRJ decidiu em plenária que essas 3 escolas desfilarão “hors-concours”: não correm risco de cair, mas também não disputam o acesso.
Para as outras 13, segue o regulamento: somente a campeã sobe para o Grupo Especial, e as 2 últimas colocadas vão para a Intendente em 2026.
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Tradição
A dissidente da Portela voltou à Sapucaí após 10 anos desfilando na Intendente. Com o enredo “Reza”, a escola de samba do Campinho destacou a pluralidade da fé e da espiritualidade humana.
O carnavalesco Leandro Valente se inspirou na canção de Pretinho da Serrinha, interpretada por Maria Rita, e trouxe alegorias imponentes e fantasias criativas.
A escola, porém, teve de correr para encerrar o desfile no limite de 55 minutos.
Carro da Tradição
Magaiver Fernandes/Riotur
Comissão de Frente da Tradição
Marcelo Martins/Riotur
União do Parque Acari
Sob o tema “Corda de Prata – O Retrato Musical do Povo”, a escola contou a história do violão e sua transformação em símbolo da identidade musical do Brasil.
O enredo enfatizou como o violão se tornou um símbolo intimista e universal, conectando diferentes culturas e movimentos, influenciado diretamente pelas contribuições do povo negro e cigano.
Enxuta, a escola cruzou a Avenida sem sobressaltos. A comissão de frente reviveu ícones da música, como Cartola, Noel Rosa, Beth Carvalho e Rita Lee.
No último carro, o cantor e compositor Moacyr Luz saudou o público das arquibancadas.
Moacyr Luz no último carro de Acari
Alexandre Loureiro/Riotur
União do Parque Acari
Ronaldo Nina/Riotur
Acadêmicos de Vigário Geral
A Tricolor homenageou Francisco Guimarães, jornalista conhecido como “Vagalume”.
Os textos e crônicas publicados por ele foram usados no desenvolvimento do enredo “Ecos de Vagalume”. Francisco Guimarães foi o primeiro jornalista a lançar um livro sobre o carnaval, falando de blocos e ranchos, sempre destacando a importância da cultura negra.
Seus 1.300 integrantes cruzaram a Avenida sem pressa, encerrando em 54 minutos. Atrás da última ala, Vigário trouxe as bandeiras da Ponte, de Bangu e do Império.
Comissão de Frente de Vigário trouxe vagalumes
Ronaldo Nina/Riotur
Da comissão de Vigário surge Francisco Guimarães, personagem homenageado
Marcelo Martins/Riotur
Acadêmicos de Vigário Geral
Alexandre Loureiro/Riotur
Unidos de Bangu
A Unidos de Bangu levou para a Avenida um dos símbolos da resistência indígena no Rio de Janeiro. Com o enredo “Maraka’ Anandê – Resistência Ancestral”, a escola mais antiga da Zona Oeste homenageou a Aldeia Maracanã, comunidade indígena localizada ao lado do estádio do Maracanã.
A escola fez um mutirão e apresentou alas completas, a despeito do incêndio. A bateria foi um dos destaques, com dezenas de policiais cercando uma fileira de índios.
A Aldeia se tornou um símbolo de resistência indígena na cidade. Ocupado por diferentes etnias desde os anos 2000, o espaço foi alvo de conflitos, principalmente em 2013, quando um grupo de indígenas foi removido do local durante obras de modernização do estádio para a Copa do Mundo de 2014.
Desde então, a luta pela retomada e valorização do território continua, com indígenas reivindicando sua importância cultural e histórica.
Unidos de Bangu
Marcelo Martins/Riotur
Comissão de Frente de Bangu
Ronaldo Nina/Riotur
Unidos do Porto da Pedra
O Tigre de São Gonçalo levou para a Sapucaí a história de Fordlândia, cidade industrial idealizada por Henry Ford no coração da Amazônia. Com o enredo “A história que a borracha do tempo não apagou”, a escola mostrou na Sapucaí a tentativa frustrada do empresário norte-americano de transformar a região em um polo de extração de látex.
Imponente, a escola veio rica, com alegorias grandiosas e intrigantes. O abre-alas veio com 100 figurantes vestidos de rato que ora ficavam imóveis, ora faziam menção a um trabalho repetitivo.
Mestre Pablo ousou e veio fantasiado de Curupira.
A cidade foi criada na década de 1920 para abastecer a indústria automobilística com borracha para pneus, mangueiras e válvulas, reduzindo os custos de produção. No entanto, o projeto enfrentou desafios como a resistência da floresta, dificuldades logísticas e conflitos com trabalhadores locais, resultando no seu abandono.
Comissão de Frente da Porto da Pedra
Marcelo Martins/Riotur
Ratinhos do abre-alas da Porto da Pedra
Marcelo Martins/Riotur
Henry Ford no abre-alas da Porto da Pedra
Ronaldo Nina/Riotur
Porto da Pedra usou iluminação para destacar seu último carro
Ronaldo Nina/Riotur
Porto da Pedra
Ronaldo Nina/Riotur
São Clemente
A Amarela e Preta fez uma homenagem aos animais. A escola levou para a Avenida um espetáculo cheio de amor e carinho, destacando a relação única entre os seres humanos e seus amigos do reino animal.
A bateria veio fantasiada de São Francisco de Assis. Símbolo nacional, o vira-lata caramelo apareceu várias vezes no desfile.
Acadêmicos de Niterói
A Acadêmicos de Niterói levou a festa junina para a Sapucaí com o enredo “Vixe Maria”, desenvolvido pelo carnavalesco Tiago Martins.
A escola contou na Avenida a história de uma das festas mais populares do Brasil. O samba animou as arquibancadas. Os componentes cantaram o tempo todo.
Império Serrano
Até a última atualização desta reportagem, o Império Serrano ainda não tinha entrado na Avenida. A escola, porém, não seria julgada por causa do incêndio.
A Nação Imperiana apostou na força da comunidade e na celebração ao samba para superar a perda quase total das fantasias no incêndio.
Em “O que espanta a miséria é festa”, a Serrinha programou uma homenagem ao compositor e baluarte da escola Laudeni Casemiro, o Beto Sem Braço.
Autor de sambas icônicos e vencedor de três Estandartes de Ouro, ele ajudou a consolidar a identidade da escola no carnaval carioca.

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