4 de março de 2025

‘Task masking’: prática que se popularizou entre geração Z tem técnicas de como fingir ser produtivo no trabalho; entenda


Jovens compartilham dicas nas redes sociais para ‘mascarar tarefas’; entre elas, andar rápido pelos corredores e falar ao telefone como se estivesse estressado. Especialistas alertam para riscos. Jovens da geração Z em ambiente de trabalho, em imagem de arquivo
Getty Images/via BBC
“Task masking” é uma prática que vem se popularizando entre a Geração Z, principalmente por meio das redes sociais como o TikTok. A expressão vem do inglês e significa algo como “mascaramento de tarefas” e consiste em mostrar para a liderança da empresa que se está sendo produtivo, sem necessariamente estar.
🔎”Task masking”: técnica utilizada para gerenciar várias tarefas de forma simultânea, criando a ilusão de multitarefa.
🔎Geração Z: pessoas nascidas aproximadamente entre 1997 e 2012. Eles sucedem os Millennials e são conhecidos por crescerem em um mundo digital e altamente conectado.
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Nos vídeos, as pessoas compartilham dicas de como fazer o “task masking”:
Passar por planilhas no computador
Andar rápido pelos corredores
Falar ao telefone como se estivesse estressado
Fingir que está procurando algo no escritório
Caminhar pelo escritório folheando folhas de papel
Especialistas alertam para os riscos por trás desse “teatro”. Segundo o neuropsicólogo Wanderson Neves, “essa prática é uma forma das pessoas trabalharem menos, mas, ao mesmo tempo, mostrarem produtividade para a liderança”. Já para a advogada trabalhista Elisa Alonso, se comprovada má fé do colaborador, a prática pode ter consequências legais (saiba mais abaixo).
Ambiente de trabalho🤔
O neuropsicólogo Wanderson Neves diz que o “task masking” é mais comum entre a geração Z como uma forma de tentar ir para o home office ou, apenas, reduzir a jornada de trabalho.
“Quanto mais flexível for o ambiente de trabalho, melhor pra eles, porque eles querem ir pra academia, estar presente nas redes sociais. Por isso, eles começam a mostrar que estão trabalhando mais para tentar reduzir a carga de trabalho e ter um horário ‘mais tranquilo'”, aponta.
No entanto, o especialista diz que a prática pode causar problemas para a saúde mental, tanto da pessoa que faz o “task masking” quanto para os colegas. “Quando a pessoa faz essa prática, pode gerar uma sobrecarga para os colegas, gerando um desgaste mental e físico, podendo chegar até o Burnout”, diz ele.
“Na pessoa, o estresse pode ser aumentado porque está fazendo um ‘teatro’’, e o medo de ser descoberto pode desenvolver o transtorno ansioso, o transtorno bipolar, podendo chegar até a depressão e o Burnout”,, afirma Wanderson.
🔎Burnout: fenômeno ocupacional reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Geralmente associada ao trabalho, a condição é observada a partir da exaustão física, emocional e mental causado por estresse prolongado e excessivo.
Na visão do psicólogo e treinador comportamental Leandro Cunha, para as empresas se adaptarem às demandas da Geração Z é preciso avaliar também o uso de ferramentas tecnológicas no trabalho.
“A geração Z tem uma outra cultura, é a geração da informática, da velocidade. Uns utilizam (o “task masking”) por sobrecarga, outros por facilidade e por não querer assumir outras funções que foram passadas”, diz o psicólogo.
Direitos trabalhistas 🧑‍⚖️
A prática do “task masking” para o direito é vista pelos dois lados: o do empregado e o do empregador, explica a advogada Elisa Alonso. Segundo a especialista, cada caso pode ser avaliado pela Justiça levando em consideração os motivos que levaram o funcionário à prática do “task masking”.
Se o colaborador estiver negligenciando suas funções, e isso for comprovado, ele pode ser penalizado. Mas, se as metas exigidas forem além do que ele é capaz de entregar, a responsabilidade pode ser da empresa, alerta a advogada trabalhista.
“É difícil de mensurar essa questão das metas. Mas a empresa tem que ter uma parcimônia na hora de fixá-las. Porque as metas excessivas, podem ser penalizadas judicialmente” , diz Elisa.
Quando esses casos são judicializados, a Justiça do Trabalho vai analisar se existe uma falha do empregador ou se, de fato, o empregado agiu de má-fé. A má fé justifica, inclusive, demissão por justa causa.
“A partir do momento que você está simulando, você pode ser enquadrado como um descumprimento dos seus deveres como empregado. Então, poderia caracterizar uma desídia e, dessa desídia, poderia ensejar uma justa causa”, diz a advogada.
🔎Desídia: considerada uma falta grave no trabalho, a desídia é a ausência de vontade ou de interesse em realizar tarefas ou cumprir responsabilidades. Pode ser caracterizada por negligência, descuido e desleixo. Em contextos trabalhistas, pode se manifestar em comportamentos como atrasos frequentes, ausência injustificada, baixa produtividade e falta de comprometimento com o trabalho.
👉O empregado pode entrar na Justiça, quando demitido por justa causa, para buscar reverter a decisão.
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