6 de março de 2025

Após fala na ONU, arcebispo de Manaus volta a defender indígenas: “que os povos tenham direito a suas terras originárias”


Declaração de Dom Luiz Steiner ocorre um dia após denunciar omissão do estado quanto ao direito de indígenas, durante o Diálogo Interativo da 58ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, na Suíça. Arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner
Reprodução/Rede Amazônica
O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, voltou a defender os direitos dos povos indígenas, nesta quarta-feira (5), durante a abertura da Campanha da Fraternidade em Manaus. Na terça (4), o religioso denunciou à ONU a “omissão estatal” nos territórios dos povos originários.
Em entrevista à Rede Amazônica, o cardeal Steiner reafirmou seu protesto em defesa dos direitos indígenas. “Que os povos tenham direito às suas terras originárias”, destacou.
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A declaração do arcebispo ocorre um dia após a denúncia feita durante o Diálogo Interativo da 58ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, realizada em Genebra, na Suíça. Na ocasião, o cardeal, que também é também presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), afirmou que os direitos dos povos indígenas estavam sendo reformulados e negociados para atender a interesses particulares, que buscam explorar os territórios indígenas.
“Era uma manifestação necessária para dizermos aonde a igreja está, com quem a igreja está, mas está especialmente como a questão de justiça de direito, e especialmente de justiça para com os povos indígenas”, disse o arcebispo.
Steiner também voltou a citar, nesta quarta-feira (5), a tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, que interpreta o artigo 231 da Constituição e afirma que os indígenas só podem reivindicar a demarcação das terras que estavam sob sua posse no momento da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. O cardeal rebateu a tese.
“Eles estavam aqui bem antes de nós chegarmos”, afirmou.
Para o arcebispo, há uma resistência, especialmente no poder legislativo, em reconhecer os direitos dos povos indígenas.
“Quando falamos em governos, não estamos falando apenas do executivo, mas também do legislativo e do judiciário. E temos encontrado uma resistência enorme no legislativo, uma caça quase aos direitos dos povos indígenas, e era necessário nós nos manifestarmos”, declarou.
Steiner também destacou que, nos dias de hoje, ainda há um movimento para “empurrar” os povos indígenas para áreas do interior do Brasil. “Nós não queremos que isso continue”, concluiu.
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