Ricardo Rodrigues Gomes, o Piloto, foi preso na Flórida, na terça-feira (4). Piloto é suspeito de intermediar aquisições patrimoniais, constituir empresas, movimentar contas bancárias, adquirir criptoativos e providenciar documentos migratórios para integrantes da quadrilha. Ricardo Rodrigues Gomes, o Piloto, integrante da quadrilha de Glaidson
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O brasileiro Ricardo Rodrigues Gomes foi preso, na terça-feira (4), na Flórida, nos Estados Unidos. Piloto, como é conhecido, é apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal como o principal operador de Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó dos Bitcoins, no exterior.
Glaidson foi investigado pela Polícia Federal em um esquema criminoso, que movimentou ilegalmente mais de R$ 38 bilhões entre 2015 e 2021, operando uma pirâmide financeira com falsas promessas de investimentos em criptomoedas.
Piloto estava foragido há 4 anos, desde 2021. A sua prisão foi uma ação da agência americana Homeland Security Investigations (HSI), em cooperação com a Polícia Federal.
De acordo com as investigações, Piloto deixou o Brasil utilizando um passaporte falso e passou a atuar nos Estados Unidos em benefício da quadrilha de Glaidson: intermediou a compra de empresas, movimentou contas bancárias, adquiriu criptoativos e ainda cuidou de obter documentos migratórios para integrantes da quadrilha.
Piloto deixou o Brasil, em março de 2021, acompanhado da filha, Bryne Gomes. Do aeroporto, no México, antes de entrar nos Estados Unidos, a dupla enviou fotos para Glaidson. Eles comunicaram que fariam quarentena em Cancun antes de ir para Miami.
Já nos Estados Unidos, a troca de mensagens entre Piloto e Glaidson se intensificou antes da prisão do Faraó dos Bitcoins. Piloto mandava para o Brasil relógios, remédios e até agenciava garotas de programa para o Faraó.
Piloto é apontado ainda, nas investigações, por cuidar, em junho de 2021, da obtenção do visto de estudante para Mirelis Zerpa, mulher de Glaidson, para um curso na Universidade de Atlanta.
Há suspeita ainda de que ele cuidaria da segurança de Mirelis no período em que ela permaneceu livre em solo americano. A venezuelana seguia, segundo PF e MPF, operando e atuando nos negócios da quadrilha.
Um dia após a operação Kryptos, em agosto de 2021, Mirelis resgatou R$ 1 bilhão. Em dezembro, ela transferiu R$ 2 milhões para a irmã, Noiaris.
Ricardo Rodrigues Gomes, o Piloto, em foto enviada a Glaidson Acácio dos Santos
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Mirelis foi presa, em janeiro de 2024, em Chicago, nos Estados Unidos. De acordo com a PF na ocasião, a estrangeira estava de forma ilegal no país, além de ter um mandado de prisão em aberto pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Ela é acusada de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa.
Em agosto de 2022, o nome de Piloto foi incluído na Difusão Vermelha da Interpol. Ele figurava como foragido internacional, de acordo com a PF. A prisão foi possível por causa do intercâmbio de informações entre a Polícia Federal e o HSI, que possibilitou localização do suspeito na região de Miami e depois de sua captura.
De acordo com a Polícia Federal, Piloto permanecerá preso nos Estados Unidos enquanto tramita o processo para a sua deportação ou extradição ao Brasil, “onde poderá responder pelos crimes pelos quais é acusado, com penas que podem chegar a 26 anos de prisão”.
Ligação com Pablo Escobar
O apelido de Ricardo Rodrigues Gomes veio na década de 1980. Documentos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram que ele obteve brevê de comandante de aeronave naquele período. Em 1989, agentes americanos apreenderam em Miami, em um avião de carreira, um quilo de cocaína, enviada do Rio.
As investigações descobriram que Piloto foi o responsável por colocar a droga e foi apontado como integrante da quadrilha do traficante colombiano Pablo Escobar.
Ele fugiu, mas acabou preso no bairro da Penha, em São Paulo, em 2006.
Passados 16 anos, a PF e o MPF descobriram que Piloto estava à serviço de Glaidson.