27 de setembro de 2024

Vitrais de Tarsila e Portinari na Faap passam por restauração após sofrer danos por obras do metrô, afirma fundação

Faap diz que LinhaUni custeou mais de R$ 500 mil do trabalho de restauração que será finalizado nesta semana. Metrô e concessionária LinhaUni negam responsabilidade, mas dizem ter feito acordo com fundação para medidas preventivas. Vitrais no hall da FAAP, com obras de Tarsila do Amaral e Portinari que passou por reparação após sofrer danos da estrutura
Divulgação
A Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) afirma que a estrutura de chumbo que sustenta os vitrais no hall do prédio, em São Paulo, instalados na década de 1960 e baseados em obras de artistas brasileiros consagrados como Tarsila do Amaral, Portinari e Tomie Ohtake, sofreram rachaduras, fissuras e trincas no fim de 2023, por causa de obras da Linha 6-Laranja do metrô.
As obras da Linha 6-Laranja ocorrem entre Brasilândia, na Zona Norte, e São Bento, região central de São Paulo, e a Faap diz que os tremores de uma das obras próxima à fundação, onde fica também o Museu da Arte Brasileira, impactou a estrutura dos vitrais, que tiveram que ser retirados, reparados e estão sendo colocados de volta, com conclusão prevista para esta quinta (25).
Os vitrais da Faap representam parte da história das artes plásticas e também da arte dos vitrais no país. Têm mais de 350 m², entre a escadaria e o teto. A execução dos painéis foi de Conrado Sorgenicht, considerado o “papa” dos vitralistas brasileiros, que utilizou uma técnica adotada desde a Idade Média: cada vidro colorido é recortado em uma área única de cor, e cada uma dessas peças são juntadas às outras por perfis de chumbo.
Apenas parte da estrutura foi afetada, mas todos os 59 vitrais passaram pela restauração feita pelo Estúdio Sarasá, um dos principais escritórios que oferece o serviço no Brasil, e custou cerca de R$ 500 mil, mais despesas de equipamento e infraestrutura. Segundo a Faap, os valores foram pagos pela concessionária responsável pelas obras da Linha 6-Laranja, a LinhaUni.
A LinhaUni informou, em nota, que monitora todos os imóveis dentro da área de influência das obras da linha e que o prédio da Faap em que estão os vitrais, “nesta etapa da obra, se encontram fora da área de influência dos trabalhos, não sendo identificados registros de danos do edifício que possam estar relacionados às obras”.
No entanto, a concessionária afirma ter ajustado com a reitoria da Faap medidas preventivas, como a contratação de um especialista, que sugeriu a instalação de um sistema de amortecimento com a utilização de borracha na moldura dos vitrais para protegê-los de futuros impactos.
Segundo o governo de São Paulo, há uma comissão, a Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões (CMCP), que faz o monitoramento das obras da Linha 6 e recebe informativos da concessionária sobre todas as ações realizadas, assim como o acompanhamento e “controle de danos a terceiros, com recuperação e indenização, caso seja necessário”.
A CMCP informou, também por um comunicado, que acompanhou as tratativas entre a LinhaUni e a Faap desde o início. Disse que não houve ocorrências relacionadas a danos em vitrais da fundação e que vão continuar acompanhando e monitorando ações.

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