Taísa Brito e Katiuscia Paz, de Itapetininga (SP), têm salões de beleza especializados no tratamento de cabelo com curvatura; saiba quais são os cuidados indicados pelas profissionais. Profissionais de Itapetininga (SP) se especializam em crespos e cacheados no mercado da beleza
Reprodução/Redes sociais
Os cachos de cabelo são classificados por letras e numerações que diferenciam suas curvaturas, como 2B, 2C, 3A, 3B, 3C, 4A, 4B e 4C, abrangendo desde os ondulados até os crespos. Para aproveitar uma lacuna no mercado da beleza e se destacarem, duas cabeleireiras de Itapetininga (SP) decidiram se especializar em cuidados e tratamentos para este tipo de cabelo, com curvatura.
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Ao g1, Taísa Brito, cabeleireira há 11 anos e especialista em cachos, contou que a sua trajetória de cuidados com cabelo começou com uma experiência própria. Na adolescência, ela chegou a alisar o cabelo, pois queria ter mechas lisas, mas não gostou do resultado e decidiu voltar à curvatura natural do cabelo.
“Na época, eu não tinha muitas informações sobre cabelos com curvaturas, tive que me virar sozinha. Para me aceitar, eu tinha que achar um jeito de gostar dele”, explica.
Taísa Brito, especialista em cachos, começou a sua trajetória com cabelos há 11 anos em Itapetininga (SP)
Taísa Brito/Arquivo pessoal
A especialista relatou que, aos 16 anos, cuidava de todos os tipos de cabelo e participou de um curso tradicional de cabeleireira no município. Os cuidados com cabelos cacheados começaram há cinco anos e ela acabou se especializando na área. Para Taísa, ter cabelo com curvatura torna mais fácil entender as dores das clientes.
Segundo ela, muitos clientes da região de Itapetininga procuram seu serviço: “Realmente é um mercado muito escasso. Então, é agenda cheia o tempo todo, não me falta cliente. Para mim, é ótimo, mas, para as clientes, eu acho que é ruim. A maioria só se importa em se especializar em cabelo liso e, daí, a gente que tem cabelo cacheado vai ficando para trás”.
Taísa também compartilhou uma história marcante vivenciada no salão com uma cliente que nunca havia passado por atendimento com uma profissional especializada em cachos. Antes, ao buscar um corte em outro salão, ela mostrou uma referência para a cabeleireira, que respondeu que não seria possível porque o cabelo dela era “ruim”.
“Eu cortei o cabelo dela e finalizei do jeito que finalizo cabelo cacheado. Quando ela foi se olhar no espelho, ela chorou e falou que nunca tinha se visto daquele jeito, e não sabia que o cabelo natural dela era tão bonito. Ela ficou muito emocionada, chorou e eu também”, relembrou.
Taísa pontuou que, infelizmente, muitas pessoas com cabelo cacheado ainda escutam comentários preconceituosos. “Nosso cabelo é ‘feio’, é um cabelo ‘ruim’ e ‘armado’. Aí você fica com isso na cabeça.”
Para ela, fazer parte desse cuidado é muito importante, pois pode mostrar às clientes que o cabelo natural é lindo, apenas precisa do cuidado correto. “Eu amo o que eu faço. Na hora que elas viram e se olham no espelho, dá para ver o brilho nos olhos delas.”
Trajetória de Taísa começou aos 16 anos, com os cuidados dos próprios cachos
Taísa Brito/Arquivo pessoal
Oportunidade de especialização
Katiuscia Paz, de 40 anos, é cabeleireira há 12 anos, e sua trajetória também começou nos cuidados com o próprio cabelo. Ela amava seus cachos, mas sabia das dificuldades para finalizá-los e encontrar profissionais capacitados para tratar cabelos com curvatura.
A oportunidade de se especializar nos cuidados com cabelos crespos, cacheados e ondulados surgiu há cinco anos, durante a pandemia de Covid-19. Com o isolamento, muitas mulheres passaram um tempo sem alisamento químico e decidiram voltar às raízes naturais.
Para Katiuscia, atuar nesse mercado é gratificante, pois, além de cortes e mudanças de cor, ocorrem transformações emocionantes na vida das clientes: “Tenho incontáveis experiências de superação e de mulheres que venceram o preconceito e o medo, e que decidiram ser livres com os seus cabelos. Me sinto abençoada e sinto que nasci para isso, essa é minha missão”, relatou.
Ela destacou que o mercado de cuidados com cabelos cacheados ainda tem muito a crescer, já que, a cada dia, mais mulheres e homens assumem seus fios naturais e precisam de profissionais capacitados para atendê-los.
Katiuscia Paz, de 40 anos, é cabeleireira há 12 anos em Itapetininga (SP)
Reprodução/Redes sociais
*Colaborou sob supervisão de Carla Monteiro
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