19 de setembro de 2024

Famílias de Campo Grande adotam irmãos adolescentes e dão exemplo de amor

Mesmo em casas diferentes, os garotos continuam próximos. “De dois agora nós formamos seis”, fala uma das mães. No Dia Nacional da Adoção, casais de MS dão exemplo de amor
Essa é a história de duas famílias que praticamente se tornaram uma só, em Campo Grande. Tudo começou com a Giselle e o Argemiro. Aí veio o João. Depois outro casal: Wilson e Mayara. E um tempo depois chegou o Erick. ” De dois agora nós formamos seis”, comemora a secretária Giselle Cavalcante Barros de Quevedo.
Entenda melhor como tudo começou. O João, de 13 anos e o Erick, de 14, são irmãos e moravam no mesmo abrigo até a Justiça entender que cada um tinha que seguir seu caminho. Um ficou no mesmo abrigo e outro mudou de endereço. “Eu falei: João, eu prometo pra você que eu sempre vou ter contato com você,” conta Erick Antony.
Enquanto Erick tentava passar carinho e segurança para o irmão, João Vitor Cavalcante de Quevedo. temia. “Eu pensava que antes nós nunca íamos ser adotados,” lembra.
Famílias se tornaram praticamente uma após adoção
Reprodução/TV Morena
Adoção
A realidade deles começou a mudar com o sonho de dois casais. Giselle e o marido, o professor Argemiro Leite de Quevedo Júnior, queriam adotar uma criança. Aí começaram a fazer um curso preparatório da Vara da Infância e Juventude. No primeiro momento, o desejo da futura mamãe não fugia do perfil de quase todos os pretendentes: “Eu falei: bom, quero um recém-nascido”.
Mas Giselle mudou de ideia rapidinho quando viu o João de perto numa das etapas do curso. “Levaram várias crianças onde estava o João. E foi assim automático, eu olhei e me apaixonei por ele,” conta Gisele.
Mas cada um voltou para o seu canto. Se encontraram no dia seguinte por pura coincidência. A Giselle trabalha na escola onde o João estudava. “Ele veio correndo na minha janela e falou: tia, posso falar com a senhora?”. João Vitor lembra bem desse momento. “Eu falei: porque que nós não sejamos uma família? Ela aceitou!” comemora o menino.
Irmãos ficaram ainda mais unidos após adoção
Reprodução/TV Morena
Giselle e o marido foram em busca dos procedimentos para legalizar a adoção. Já são nove meses de convivência. “Eu acordo cedo, levo ele na escola, faço o lanche dele, levo pra escola, 11h30 é o almoço, eu e ele juntos. Hoje ele é nosso foco. Hoje a gente não pode fazer nada, programar nada se a gente não consegue incluir ele,” conta Argemiro.
O amor pelo garoto Giselle coloca em palavras. “Eu não gosto desse rótulo, né, ah, filho adotivo, porque pra mim o João veio de mim mesma, ele nasceu de mim, nasceu para mim.”
O irmão de João
Quando João ganhou uma nova família nem imaginava que o irmão estava ficando mais perto. É que o Wilson e a Mayara já tinham feito parte do curso de adoção e se lembraram dos adolescentes quando o Argemiro contou para o casal que ia ganhar um filho. Eles então voltaram para o curso da Justiça.
Enquanto participavam da preparação, se encantaram por um garoto. “Aparece um vídeo onde o Erick, a terceira criança falando, diz: meu nome é Erick Antony, eu quero ser juiz. E ele falou uma frase bíblica. E aí eu virei pra ela e falei: ‘é o nosso filho, é ele’. No momento, a gente começou a chorar no meio de 50 casais. No outro dia ela, [Mayara] levantou e falou: ‘será que a gente tá pronto?’ acho que agora é o Erick”, diz o fotógrafo Wilson Mariz Santana.
Erick e João Vitor na igreja
Reprodução/TV Morena
Foi assim que os irmãos separados no abrigo voltaram a se ver. “Quando o Erick chegou o João já chamava a gente de padrinho e madrinha mesmo ainda não tendo batismo. E o Erick também já quis o Miro [Argemiro] e a Giselle como segundos pais dele. Foi um momento muito especial, né, porque foi a união das duas famílias,” explica a pedagoga Mayara Pavão Ferreira Santana.
É claro que cada família tem a própria casa, mas eles estão sempre juntos. Esta é a história de dois irmãos que conseguiram unir duas famílias. “A gente se comunica como está sendo, a dificuldade, o que um aprendeu, como tá sendo na escola. Então, sempre tem essa troca de família,” diz Wilson. “O tempo todo agora juntos”, comemora Giselle.
Famílias reunidas no fim de semana
Reprodução/TV Morena
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