Ao todo, são conhecidas sete espécies de preguiça no mundo. Mamífero pode passar até 20 horas por dia dormindo. Espécies de preguiça estão ameaçadas por causa do aumento do desmatamento e aumento do uso de terras para atividades agrícolas e pecuárias
Divulgação/INMA
Não é a toa que o bicho-preguiça tem esse nome. No alto das árvores, o mamífero vive tranquilo e pode passar até 20 horas por dia dormindo. Esses animais são exclusivos das Américas e, das sete espécies conhecidas, seis ocorrem no Brasil.
“Do gênero Bradypus temos a Bradypus variegatus, a B. tricinctus, a B. torquatus e a B. crinitus, que é a mais recente. Já do gênero Choloepus, as espécies são a Choloepus didactylus e C. hoffmani”, explica a médica veterinária Flávia Miranda, que lidera estudos de pesquisas com as preguiças.
A separação entre dois gêneros ocorre por diferentes fatores, mas principalmente pela questão das unhas. Em Bradypus, as preguiças possuem três unhas em cada mão, já em Choloepus, conhecidas como preguiças-reais, há apenas duas.
A única espécie que não vive em território brasileiro é conhecida como preguiça-anã-de-três-dedos (Bradypus pygmaeus) e ocorre em uma ilha do Panamá.
Por aqui, as preguiças sofrem principalmente com a perda e/ou degradação do hábitat, incêndios e com o aumento da matriz rodoviária, de acordo com a Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros, realizada pelo ICMBio. Saiba mais sobre as preguiças brasileiras abaixo:
Preguiça-de-coleira-do-Nordeste
Bradypus torquatus, também conhecida como aí-pixuna e preguiça-preta, ocorre exclusivamente na Mata Atlântica da Bahia e do Sergipe e é considerada Vulnerável (VU) pela Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A preguiça-de-coleira passa cerca de 80% do dia dormindo.
Norton Santos/VC no TG
É a maior entre todas do gênero, com preguiças pesando até 10 quilos e medindo pouco mais de 70 centímetros.
Com uma coloração predominantemente castanho-claro, ganhou o nome popular por ter uma região do pescoço de cor mais escura, com pelos longos e pretos. Essa característica dá a impressão de que o animal está usando uma coleira.
Preguiça-de-coleira-do-Sudeste
Bradypus crinitus, a espécie mais nova do gênero, é exclusiva da Mata Atlântica do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.
Espécie recém descrita ficou conhecida como preguiça-de-coleira-do-Sudeste
Andreia Martins/AMLD
Até 2022, era considerada como Bradypus torquatus, mas um estudo liderado por Flávia, com pesquisadores das universidades UFMG, UFV e da norte-americana Virginia Tech, comprovou divergências relevantes entre esses mamíferos tanto no DNA, como no esqueleto, crânio e nas distribuições geográficas.
As duas espécies necessitam de novos planos de conservação
Arte TG
A preguiça-de-coleira-do-Sudeste tem a coloração parecida com a “prima nordestina” e, assim como as outras preguiças, se alimenta majoritariamente de folhas. De acordo com Flávia, o estado de conservação dela é considerado como Em Perigo (EN) após a separação do conjunto de indivíduos em duas populações.
Preguiça-bentinho
Bradypus tridactylus, também conhecida como preguiça-bentinho e preguiça -de-garganta-amarela é uma espécie amazônica que ocorre no Amapá, Pará, Roraima e Amazonas e pode pesar até seis quilos.
Preguiça-bentinho foi encontrada no quintal de uma casa no bairro Tarumã, em Manaus.
Divulgação/Ipaam
De acordo com o ICMBio, o mamífero possui extensão de ocorrência ampla e sem grandes vetores de ameaças identificados, sendo categorizada como Menos Preocupante (LC) na escala de risco de extinção do órgão.
A pelagem dessa preguiça é marrom-acinzentada, mas a testa e a garganta possuem pelos amarelos. A preguiça-bentinho desce geralmente apenas uma vez por semana para fazer as necessidades, normalmente no período da noite, e chega a passar 18 horas por dia dormindo.
Preguiça-comum
A preguiça-comum (Bradypus variegatus), também chamada de preguiça-marmota e preguiça-de-óculos, vive nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. Possui uma coloração marrom, com uma faixa de cor preta que contorna os olhos, o que justifica um dos nomes populares da espécie.
Fotojornalista tem a natureza como refúgio; preguiça-comum faz parte do acervo
Edu Fortes/ Vc no TG
O estado de conservação da preguiça é considerado Menos Preocupante (LC), conforme critérios do ICMBio. Apesar de haver indícios de declínios populacionais, segundo o instituto, estes não afetam a população a ponto desta ser categorizada em algum nível de ameaça.
É uma preguiça de menos de cinco quilos, que costuma ter um filhote por gestação. O filhote para de mamar com três a quatro semanas de idade e permanece no ventre da mãe por cerca de seis meses.
Preguiça-real
De hábitos solitários e arborícolas, a preguiça-real (Choloepus didactylus) possui coloração marrom-acinzentada, com a face mais pálida e ombros mais escuros. É uma preguiça grande, com pouco mais de 8 quilos, que possui alta longevidade.
A preguiça-real possui pelos longos e acinzentados
Alonso Huyhua Cornejo/iNaturalist
A espécie não é endêmica ao Brasil e também vive a leste dos Andes, no sul da Colômbia, Venezuela, Guianas, Equador e no Peru. Segundo a IUCN, ela não está ameaçada de extinção. Por aqui, vive na Amazônia, sendo encontrado em diversos estados que abrigam o bioma.
Preguiça-de-hoffmann
A preguiça-de-hoffmann (Choloepus hoffmanni) possui diversas semelhanças com a preguiça-real, inclusive muitas vezes recebe o mesmo nome popular de preguiça-real ou unau. Essa, no entanto, não possui a coloração escura nos ombros e pode medir até 70 centímetros de comprimento.
Preguiça-de-hoffmann é raramente vista no Brasil
Vichepatata/Inaturalist
É uma espécie raramente observada no Brasil e as informações sobre a distribuição do animal são muito limitadas. No entanto, pesquisadores acreditam que ela esteja restrita a Amazônia e seu estado de conservação é pouco preocupante.
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