Especialista explica que sono de qualidade, alimentação, praticar exercícios físicos e cognitivos ajudam na capacidade de armazenamento de informação. Psicólogo fala sobre a importância do sono para uma boa memória
Esquecer as chaves de casa, de comprar um ingrediente no mercado, ou ainda o nome de uma pessoa… Situações comuns, mas que podem virar um problema se passam a ser muito frequentes.
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Everton Moraes, psicólogo especialista em neuropsicologia, explica que o esquecimento é algo natural do ser humano, porque, no cotidiano, há informações consideradas mais ou menos relevantes por cada pessoa na organização das tarefas.
“Alguns teóricos vão falar que esquecer é melhor do que lembrar, em nível saudável. Quando o esquecimento começa a ser em uma frequência muito grande e começa a alterar minha rotina e trazer sofrimento, o sinal de alerta tem que começar a ficar ligado”, recomenda.
Se esse for o caso, Moraes recomenda que a pessoa faça uma leitura de como tem sido o dia a dia e procure uma avaliação profissional.
Para indicar em que momento o esquecimento passa a ser um problema, o psicólogo faz uma analogia com a tecnologia:
“Comparando com um computador, quanto mais carregado de informação ele está, a possibilidade de ele ter alguns problemas em relação a acesso de informação é muito grande. Para nós, é assim o esquecimento”.
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Quais fatores podem levar ao lapso de memória?
De acordo com Moraes, diversos fatores podem levar ao esquecimento, entre eles estresse, falta de atividade física, má qualidade do sono, nutrição e doenças, por exemplo.
“Tudo isso pode impactar diretamente na capacidade de armazenamento de informação”, afirma.
Como treinar a sua memória
Palavras cruzadas, sudokus e outras atividades podem ser aliadas na construção de uma boa memória
Andrê Nascimento/ G1 PI
Entre as estratégias para uma boa manutenção da memória, Everton Moraes indica o hábito de leitura, montar quebra-cabeças, fazer palavras cruzadas, sudokus, montar cubo mágico, e outros estímulos.
“São pequenos detalhes que auxiliam a manutenção não só da memória, mas da possibilidade de acessar a informação, processar a informação e por aí vai”, orienta.
As atividades podem ser feitas tanto de forma virtual, pelo celular, por exemplo, quanto de forma física.
Além disso, há outras possibilidades que podem ser associadas ao cotidiano, como mudar o caminho que o indivíduo faz diariamente ou até mesmo escovar os dentes com a mão que não é a dominante.
Atividades manuais, como crochê, tricô, ou montar e desmontar objetos também podem fazer bem para a memória.
Cubo mágico pode ser aliado na construção de uma boa memória
Reprodução/NSC TV
Segundo o psicólogo, essas estratégias funcionam como reserva cognitiva para que, em casos de altos níveis de estresse ou no envelhecimento, o indivíduo não tenha grandes perdas.
“Mesmo em um momento de alto nível de estresse no desenvolvimento e no envelhecimento, você criou uma manutenção para gerar estratégias e gerar desenvolvimento saudável em relação à memória, então, isso é bem importante”, demonstra.
Moraes reforça também a importância de um sono de qualidade e de exercícios físicos.
Segundo ele, ao menos 15 minutos de atividades físicas por dia podem auxiliar, e lembra da importância do acompanhamento de um profissional para evitar lesões.
O psicólogo explica que, na hora de investir na memória, quatro níveis que devem ser considerados: cognitivo, social, emocional e físico.
“Faça amizades, construa vínculos, ame, se relacione. Efetivamente isso é extremamente importante, porque a memória também depende de aspectos emocionais. O físico, social e emocional são extremamente importantes para que as minhas memórias sejam consolidadas com bastante qualidade. A memória não funciona sozinha.”
Esquecimento não tem idade
Pessoas de todas as idades estão propensas a lapsos de memória
Julim6/Pixabay
Segundo Moraes, pessoas de todas as idades estão propensas a lapsos de memória.
“Mais ou menos com três anos de idade, nós já temos uma capacidade de armazenamento. Isso em nível biológico de memórias de longo prazo. Então, em qualquer fase do desenvolvimento que venha a gerar uma rotina estressante, cansativa, pode gerar consequências de memória”, explica.
Apesar disso, esquecimentos causados por doenças, como Corpos de Lewy e Alzheimer, acontecem mais agressivamente no envelhecimento.
Porém, o psicólogo explica que uma boa saúde da memória no envelhecimento é fruto de práticas da vida inteira.
“O envelhecimento é o produto de todo o desenvolvimento da nossa vida. Como foi a sua vida, criança, adolescente, adulto vai trazer consequências”, reforça.
Um bom sono é fundamental para uma boa memória
De acordo com o psicólogo, um dos principais fatores para um bom funcionamento da memória é o sono de qualidade.
Uma boa noite de sono, conforme Moraes, tem um papel fundamental no armazenamento de informações e consolidação da memória. A privação de sono prejudica esse processo.
“Eu tenho estruturas em nível cerebral que são ativadas para essa consolidação de memória durante o sono. Você tem que dormir a quantidade de horas suficientes para o descanso, para conseguir revitalizar funções”, explica.
Manter o celular fora do quarto ajuda a ter uma boa noite de sono
GETTY IMAGES
Moraes aponta ainda que sonhar é um indício de que as memórias estão sendo construídas durante o sono.
Para que a consolidação das memórias aconteça, o psicólogo indica que um ambiente saudável para dormir é importante. Entre as dicas para construí-lo é manter o espaço nem tão quente e nem tão frio, evitar luminosidade, e evitar usar o celular nos momentos antes de adormecer.
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Nutrição também impacta na memória
A falta de uma boa nutrição também é apontada como um dos motivos associados ao esquecimento.
Larissa Tonin Marques, nutricionista do Centro de Diabetes Curitiba no Hospital Nossa Senhora das Graças, explica que a alimentação de uma pessoa impacta na memória dela.
“Como qualquer outro órgão, o cérebro necessita de substâncias presentes na dieta”, conta.
Nutrição também impacta na memória
Carlos Silva para Pixabay
Conforme a nutricionista, entre as substâncias importantes para um bom funcionamento do cérebro estão vitaminas, minerais, aminoácidos essenciais e ácidos graxos essenciais, incluindo ácidos graxos poli-insaturados, como o ômega-3.
De acordo com a nutricionista, as vitaminas que mais impactam na função cerebral são:
Vitamina B1: fundamental para o desenvolvimento cognitivo;
Vitamina B9: preserva o cérebro durante o desenvolvimento e a memória durante o envelhecimento;
Vitaminas B6 e B12: estão diretamente envolvidas na síntese de alguns neurotransmissores;
Vitamina D: é fundamental para prevenção de doenças neurodegenerativas como Alzheimer;
Vitamina E: é fundamental para proteção das membranas nervosas;
Ômega 3: é um ácido graxo essencial para a constituição da membrana dos neurônios;
Colina (vitamina – B8): fundamental para produção do neurotransmissor acetilcolina “mensagem instantânea” para o cérebro.
Ela destaca quais alimentos são mais benéficos para a memória:
alimentos ricos em vitamina do complexo B: cerais integrais, vegetais verdes escuros como couve, espinafre e brócolis;
alimentos com gorduras poli-insaturadas: peixes de água fria, azeite de oliva, nozes e castanhas, abacate, linhaça e semente de abóbora;
alimentos com colina: presente principalmente na gema de ovo.
Entre os alimentos considerados vilões, segundo a nutricionista, estão os ricos em gordura trans, presente em alimentos processados e com excesso de açúcar.
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