No Brasil e na Itália, fãs celebraram a trajetória do tricampeão mundial de Fórmula 1, um dos maiores ídolos do esporte brasileiro. Fãs prestam homenagens a Ayrton Senna 30 anos após sua morte.
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A simples menção ao nome, ainda causa impacto.
“Eu chego para fazer uma consulta médica, com minha esposa, ou algo do tipo, ou falam meu nome em voz alta, todo mundo olha. Parece que sou celebridade”, brinca Ayrton Senna de Oliveira da Silva.
Sim, esse é Ayrton Senna.
Trinta anos atrás, no exato dia da morte do piloto, os pais dele decidiram: o filho teria o mesmo nome do ídolo que o país perdia naquele domingo.
De acordo com o IBGE, 316 crianças foram batizadas como “Ayrton”, na mesma grafia do piloto, nos anos 80. E esse número mais do que triplicou na década seguinte, no auge da carreira de Senna.
“Para mim é uma honra. E me faz querer ser uma pessoa melhor. Eu carrego um nome, e para mim eu tenho que honrar o nome que carrego”, comenta Ayrton Senna de Oliveira Silva.
Esse jovem compartilha do mesmo sentimento. Nesta quarta-feira, ele foi ao Autódromo de Interlagos, em São Paulo, em busca de um encontro com a própria história. Gabriel Senna, de 18 anos.
“As pessoas sempre perguntando se eu era parente, aí comecei a questionar meu pai, aí ele começou a contar as histórias e a relação que ele tinha com o Senna, como o Senna melhorou a vida dele em muitos pontos”, conta Gabriel Senna, de 18 anos.
O pai dele, Julio, não é parente, mas sim um fã incondicional.
“Eu me inspirei no Ayrton. Trago isso comigo, desde a minha infância, e continua até hoje, me inspirando no meu trabalho, na minha família, nos meus relacionamentos”, conta Julio.
Muita gente foi ao autódromo para satisfazer o desejo de rever Senna ou aprender mais sobre a história do piloto na corrida de rua que Interlagos recebe há quase duas décadas, sempre no aniversário da morte.
É uma forma de celebrar a vida de Senna, com exposições de itens pessoais e memórias de conquistas marcantes.
Neste 1º de maio nome de Ayrton Senna também foi exaltado em outro autódromo, bem longe daqui. Em Ímola, na Itália, o dia foi marcado por lembranças e homenagens ao brasileiro.
Uma enorme bandeira recepcionou os fãs que foram visitar o palco do acidente fatal.
A estátua do ídolo, erguida na parte de dentro da curva tamburello, o local da batida, recebeu flores, bandeiras do Brasil e aplausos.
Naquele 1º de maio de 1994, Senna atravessou a área de escape a mais de 200 km/h e se chocou com o muro de proteção.
Nesta quarta, no mesmo horário do acidente, foi respeitado um minuto de silêncio.
A cerimônia contou com a presença do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira; Stefano Domenicali, diretor executivo da Fórmula 1; e membros da família, como o piloto Bruno Senna, sobrinho de Ayrton.
Ao longo desses 30 anos de saudade, o Brasil nunca deixou de lembrar do ídolo. De acordo com os correios, são 458 ruas, avenidas, com o nome de Senna por todo o país.
Muitas homenagens surgiram por comoção popular, como uma delas na cidade de Santo André, no estado de São Paulo. Seu Jacinto, admirador do piloto, reuniu vizinhos três décadas atrás para que pudessem viver em ruas que lembrassem a trajetória de Senna, com nomes em referência a locais de grandes vitórias de Ayrton.
“Muitos moradores, só de ouvir falar dele até chorar chora, né”, comenta o aposentado Jacinto Ezequiel de Medeiros.
As três décadas sem o ídolo foram usadas também para construir outro tipo de legado, que transcendeu o esporte.
O Instituto Ayrton Senna, idealizado pelo próprio piloto dois meses antes da morte, completa 30 anos em 2024. Com projetos educacionais, a instituição já atendeu 36 milhões de pessoas em mais de 3.000 cidades brasileiras.
“Com isso a gente mudou, literalmente, a trajetória de milhões de crianças, que estavam fadadas às drogas, a prostituição, a miséria, ao analfabetismo, e hoje são empresários, engenheiros, jornalistas, pessoas bem-sucedidas na vida”, diz a presidente do instituto, Viviane Senna.
Ouvindo tanta gente falando de Senna dá vontade de relembrar ou conhecer mais a fundo a trajetória dele, certo?
O globoplay lançou nesta quarta-feira o documentário “Senna por Ayrton”. A partir de mais de 150 horas de arquivos e de uma extensa pesquisa de entrevistas, a trajetória de Senna é contada pelo ponto de vista dele.
30 anos se passaram…mas quem disse que paixão envelhece? É só ouvir as pessoas. Ayrton Senna da Silva continua gigante.