Jovem havia finalizado recentemente uma pós-graduação em Fisioterapia em Unidade de Terapia Intensiva na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele foi homenageado na sexta-feira (1º), quando a família recebeu o diploma em seu lugar. Jovem que morreu atropelado em rodovia recebe diploma honorário da Unicamp
Reprodução/Redes Sociais
Hualyson Silva, vítima de um acidente na SP-79 em Itu (SP), era o que muitos poderiam resumir como um sonhador. Para a mãe dele, Vera Silva, e a noiva, Larissa dos Santos Sousa, além de sonhos, o jovem de 24 anos era sinônimo de alegria.
O acidente aconteceu uma semana após o rapaz completar 24 anos. Hualyson pilotava uma motocicleta quando foi atingido por um caminhão e atropelado em seguida. Ele não resistiu aos ferimentos.
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Formado em enfermagem, o jovem havia recentemente concluído uma pós-graduação em fisioterapia em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Na sexta-feira (1º), ele foi homenageado e a família dele recebeu o diploma durante cerimônia de formatura da turma.
“Ele estava fazendo contagem regressiva, animado pois estava acabando e ele teria mais tempo pra ficar em casa. Foi extremamente difícil e doloroso, mas concluímos essa etapa por ele”, diz Larissa, noiva do jovem.
“Ele tinha muitos planos para o futuro e muitos sonhos ainda a se realizar. Ele realizou seu sonho em se formar e também realizou o meu sonho de ter um filho formado, o que era meu desejo”, relembra Vera, mãe de Hualyson.
Hualyson era formado em enfermagem e fazia pós-graduação na Unicamp
Arquivo pessoal
Hualyson era enfermeiro e dividia a rotina entre trabalho, estudos e família. Segundo Larissa, no dia do acidente ele havia antecipado o início em um novo emprego. A noiva não conseguiu se despedir do rapaz.
“Ele disse que preferiu não nos acordar, que nos beijou e saiu. Nos falamos normalmente o dia inteiro, eu já havia preparado tudo, estava indo tomar banho quando ele chegasse em casa, quando recebi a ligação de um motoboy que estava passando pelo acidente e me avisou do ocorrido”, relembra.
“Estávamos esperando ele chegar em casa para jantarmos juntos, como sempre fazíamos. Mas, infelizmente, ele não voltou. Eu ainda espero ele chegar em casa. Para mim, ainda é mentira”, lamenta.
Continuação de legado
Hualyson deixou uma filha de dois anos. Segundo Vera, o filho, que é o mais novo de quatro irmãos, “inverteu os papéis” em diversos momentos da vida.
Jovem que morreu atingido por caminhão em rodovia recebe diploma honorário da Unicamp
Arquivo pessoal
“Foi o primeiro a casar e me dar uma linda netinha; o primeiro a se formar e o primeiro a partir, me deixando com o coração dilacerado e uma lacuna, um vazio que só quem é mãe sabe a dor. O que resta agora é darmos continuidade ao seu legado”.
O legado citado por Vera pode ser resumido em três pilares: bondade, respeito e honra. Isso porque, segundo mãe e noiva, o jovem superou dificuldades para conquistar sonhos e conquistava sorrisos daqueles que dividiam o mesmo espaço que ele.
A personalidade memorável resultou em diversas homenagens após a morte do jovem, o que surpreendeu a mãe. “Tudo nele era especial, ele por si era muito especial. Eu tinha noção do quanto ele era amado, [mas] não tinha noção da dimensão do amor que todos tinham por ele. Por onde passava deixava seu amor, sua história”, diz.
Vida após a perda
Hualyson conhecia Larissa desde o ensino médio. Embora estudassem em escolas diferentes, sempre tiveram amigos em comum. O primeiro encontro, no entanto, ocorreu apenas em dezembro de 2020. Iniciava-se ali a construção da família do jovem, que pouco tempo depois noivou e tornou-se pai da pequena Manuella, o “sonho da vida dele”, segundo a noiva.
Hualyson e Larissa são pais de Manuella, de apenas dois anos
Arquivo pessoal
“O Hualyson sempre foi a alegria da casa, o barulho, a agitação. Mesmo chegando em casa cansado dos plantões, fazia questão de ir brincar com a Manu, até de pega-pega dentro de casa, brincavam no banho, de mangueira. Tirando o profissional, ela era a vida dele, ele sempre quis ser pai”, relembra Larissa.
Após a morte do noivo, Larissa precisou contar para a filha sobre a partida do pai. De acordo com ela, os dias têm sido maçantes. “Tudo o que olho, vejo, faço, eu lembro dele. Apesar disso, todos os nossos amigos têm nos dado todo o apoio […] Sei que precisamos dar continuidade ao legado dele. Ele sempre zelou pela nossa saúde e nossa felicidade”, diz.
Hualyson conhecia Larissa desde o ensino médio, mas tiveram o primeiro encontro apenas em 2020
Arquivo pessoal
“Sei que vamos ficar bem, pois temos muitas pessoas cuidando de nós, orando por nós e sei que ele está cuidando de nós lá no céu. Apesar de tudo, queria deixar registrado o quanto eu o amava, o quanto fomos felizes e o quanto a passagem dele pela minha vida me transformou, me ensinou a ser uma mãe, mulher, ele sempre fazia questão de dizer o quanto éramos especiais, o quanto éramos o sonho dele…..É dele assim que quero me lembrar todos os dias”, finaliza.
O corpo de Hualyson foi sepultado no Cemitério São João Batista, em Votorantim (SP), no dia 27 de fevereiro.
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