Diplomata foi chamada no Ministério das Relações Exteriores, que acusou Washington de interferência em assuntos internos da Rússia, como as eleições que acontecem na semana que vem, e ameaçou expulsar todos os funcionários da Embaixada. Na semana passada, Putin disse que usará armas nucleares altamente destrutivas caso EUA e Europa enviem tropas da Otan para a Ucrânia. A embaixadora dos Estados Unidos na Rússia, Lynne Tracy.
Alexander Zemlianichenko/ AP
A Rússia convocou nesta quinta-feira (7) a embaixadora dos Estados Unidos em Moscou, Lynne Tracy, para acusar os EUA de “ações subversivas” e interferência em “assuntos internos”. O Kremlin ameaçou ainda expulsar o corpo diplomático norte-americano do país.
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Na semana passada, o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou usar armas nucleares “capazes de destruir a civilização” caso líderes ocidentais decidissem enviar tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para lutar contra a Rússia na guerra na Ucrânia.
A possibilidade que soldados da Otan passem a lutar contra tropas russas havia sido levantada dias antes pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
Nesta quinta, representantes do Ministério das Relações Exteriores disseram à embaixadora norte-americana que ONGs e diplomatas dos EUA vêm interferindo no que o Kremlin chama de “assuntos internos” russos, incluindo a guerra na Ucrânia, segundo a pasta.
“(Na reunião), destacamos em particular que as tentativas de interferência nos assuntos internos da Rússia […] serão reprimidas com veemência”, afirmou o ministério em comunicado.
O governo russo acusou ainda os EUA de tentar intervir no processo de eleições presidenciais na Rússia, que acontecem na semana que vem e que deve reeleger Putin. E disse que, caso constate qualquer tipo de intervenção, vai declarar todo o corpo diplomático dos EUA na Rússia ‘personas non gratas’.
O Ministério das Relações Exteriores também exigiu que a Embaixada dos EUA deixasse de apoiar organizações sem fins lucrativos norte-americanas que, segundo ele, executavam “programas anti-russos” no país com o objetivo de “recrutar ‘agentes de influência’ sob o pretexto de intercâmbios educacionais e culturais”.
A Embaixada dos EUA na Rússia disse à agência de notícias Reuters que não comentaria a convocação.
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Gênio do xadrez considerado terrorista
Milênio: Garry Kasparov, ex-campeão de xadrez, fala de Rússia e Putin
Também nesta quinta-feira, a Rússia incluiu o campeão mundial de xadrez russo Garry Kasparov na lista de “terroristas e extremistas” do país, de acordo com a agência de notícias estatal russa RIA.
Kasparov, de 60 anos, foi o jogador mais jovem a se tornar número 1 no xadrez mundial. Forte crítico do governo de Putin, ele fugiu da Rússia em 2014 por medo de perseguição.
A listagem impõe limites às transações bancárias dos indivíduos e os obriga a buscar aprovação sempre que quiserem usar suas contas.
Bombardeio a comitiva de Zelensky
Na quarta-feira (6), a Rússia bombardeou a área portuária da cidade de Odessa, no sul da Ucrânia, no momento em que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, visitava a área acompanhado do primeiro-ministro da Grécia.
O ataque, segundo a Ucrânia, não atingiu os líderes, mas deixou cinco mortos, todos moradores da cidade. Zelensky acusou tropas russas de tentarem cometer um atentado contra ele.
Segundo a imprensa grega, o governo russo lançou um míssil em direção a uma fila de veículos que acompanhavam os dois líderes na saída da visita ao porto. O ataque, no entanto, atingiu apenas os últimos automóveis, ainda de acordo com a imprensa do país.