26 de dezembro de 2024

Após ameaça de guerra nuclear ‘capaz de destruir a civilização’, Rússia convoca embaixadora dos EUA

Diplomata foi chamada no Ministério das Relações Exteriores, que acusou Washington de interferência em assuntos internos da Rússia, como as eleições que acontecem na semana que vem, e ameaçou expulsar todos os funcionários da Embaixada. Na semana passada, Putin disse que usará armas nucleares altamente destrutivas caso EUA e Europa enviem tropas da Otan para a Ucrânia. A embaixadora dos Estados Unidos na Rússia, Lynne Tracy.
Alexander Zemlianichenko/ AP
A Rússia convocou nesta quinta-feira (7) a embaixadora dos Estados Unidos em Moscou, Lynne Tracy, para acusar os EUA de “ações subversivas” e interferência em “assuntos internos”. O Kremlin ameaçou ainda expulsar o corpo diplomático norte-americano do país.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Na semana passada, o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou usar armas nucleares “capazes de destruir a civilização” caso líderes ocidentais decidissem enviar tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para lutar contra a Rússia na guerra na Ucrânia.
A possibilidade que soldados da Otan passem a lutar contra tropas russas havia sido levantada dias antes pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
Nesta quinta, representantes do Ministério das Relações Exteriores disseram à embaixadora norte-americana que ONGs e diplomatas dos EUA vêm interferindo no que o Kremlin chama de “assuntos internos” russos, incluindo a guerra na Ucrânia, segundo a pasta.
“(Na reunião), destacamos em particular que as tentativas de interferência nos assuntos internos da Rússia […] serão reprimidas com veemência”, afirmou o ministério em comunicado.
O governo russo acusou ainda os EUA de tentar intervir no processo de eleições presidenciais na Rússia, que acontecem na semana que vem e que deve reeleger Putin. E disse que, caso constate qualquer tipo de intervenção, vai declarar todo o corpo diplomático dos EUA na Rússia ‘personas non gratas’.
O Ministério das Relações Exteriores também exigiu que a Embaixada dos EUA deixasse de apoiar organizações sem fins lucrativos norte-americanas que, segundo ele, executavam “programas anti-russos” no país com o objetivo de “recrutar ‘agentes de influência’ sob o pretexto de intercâmbios educacionais e culturais”.
A Embaixada dos EUA na Rússia disse à agência de notícias Reuters que não comentaria a convocação.
LEIA MAIS:
EUA x RÚSSIA: Washington fala em ‘retórica irresponsável’ de Putin; presidente russo ameaçou usar armas ‘capazes de destruir a civilização’
SUÉCIA NA OTAN: Entrada de país nórdico faz aliança militar do Ocidente ‘encurralar’ Rússia no Mar Báltico
SANDRA COHEN: Ucrânia enfrenta o momento mais perigoso e delicado, dois anos após a invasão russa
Gênio do xadrez considerado terrorista
Milênio: Garry Kasparov, ex-campeão de xadrez, fala de Rússia e Putin
Também nesta quinta-feira, a Rússia incluiu o campeão mundial de xadrez russo Garry Kasparov na lista de “terroristas e extremistas” do país, de acordo com a agência de notícias estatal russa RIA.
Kasparov, de 60 anos, foi o jogador mais jovem a se tornar número 1 no xadrez mundial. Forte crítico do governo de Putin, ele fugiu da Rússia em 2014 por medo de perseguição.
A listagem impõe limites às transações bancárias dos indivíduos e os obriga a buscar aprovação sempre que quiserem usar suas contas.
Bombardeio a comitiva de Zelensky
Na quarta-feira (6), a Rússia bombardeou a área portuária da cidade de Odessa, no sul da Ucrânia, no momento em que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, visitava a área acompanhado do primeiro-ministro da Grécia.
O ataque, segundo a Ucrânia, não atingiu os líderes, mas deixou cinco mortos, todos moradores da cidade. Zelensky acusou tropas russas de tentarem cometer um atentado contra ele.
Segundo a imprensa grega, o governo russo lançou um míssil em direção a uma fila de veículos que acompanhavam os dois líderes na saída da visita ao porto. O ataque, no entanto, atingiu apenas os últimos automóveis, ainda de acordo com a imprensa do país.

Mais Notícias