Cestas estão sendo distribuídas no Casarão, no Centro da cidade. Doações estarão disponíveis enquanto houver estoque de donativos, mas entrega é sistematizada baseada no CPF do atingido pela cheia. Moradores de áreas alagadas aguardam para receber doação de cestas básicas
Richard Lauriano/ Rede Amazônica
O programa “Juntos pelo Acre” iniciou, nesta quinta-feira (7), a entrega de cestas básicas para as famílias atingidas pela alagação em Rio Branco. Por conta disto, filas foram registradas em frente ao Casarão, que fica na Avenida Brasil, no Centro da cidade. Os atendimentos para a entrega foram antecipados, já que no início do dia já havia uma grande aglomeração no local.
👉 Contexto: Em 2024, já são 48 bairros e 23 comunidades rurais atingidas pela cheia do Rio Acre em Rio Branco, e mais de 4 mil pessoas estão desabrigadas, segundo a prefeitura da capital, com dados desta quinta (7). Mais de 70 mil pessoas foram afetadas, direta ou indiretamente, pelo transbordo do manancial.
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Logo nas primeiras horas da manhã desta quinta, já havia uma fila grande nas proximidades do Casarão, com famílias em busca de cestas básicas.
A presidente em exercício do Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor no Acre (Procon-AC), Camila Lima, explica que na última quarta-feira (6) a estrutura para entrega dos donativos estava sendo montada e algumas pessoas chegaram ao local buscando doações e foram atendidas. Por esse motivo, nesta manhã outras pessoas buscaram os donativos.
“O local já é conhecido do ano passado. O ano passado teve a distribuição, então as pessoas já viram as tendas e já começaram a chegar e aí a gente já fez algumas doações testes, nós doamos 100 cestas ontem. Com isso a informação passa muito rápido e hoje no amanhecer do dia tínhamos uma fila aqui de espera”, disse Camila.
Cestas básicas são entregues para atingidos pela cheia do Rio Acre e ato causa fila
Os atendimentos estão sendo realizados por uma equipe do Procon que já está familiarizada com atendimento ao público. A presidente falou que as equipes estão preparadas.
“Nós recebemos o convite segunda-feira (4) da Casa Civil para fazer a coordenação da entrega das cestas básicas aqui no Casarão. Fomos escolhidos justamente pelo público, a gente já está acostumado a lidar com o público que já está um pouco estressado em situações que já tentou resolver alguma demanda consumerista. Aí trouxemos nossos atendentes com expertise para fazer o atendimento das famílias alagadas que também estão nesse momento emocional fragilizado”, complementou.
A presidente conta que só foi possível atender a todos nesta quinta, pois foram recebidas doações de 700 cestas que servirão para atender as pessoas que já se encontravam no local desde cedo.
Doações
Camila esclarece que esse ano a entrega é sistematizada, ou seja, cada pessoa que buscar atendimento terá seu CPF cadastrado e será verificado se a pessoa mora em um dos 50 bairros que está alagado. “Se caso surgir alguém que não está ali no bairro, não vai conseguir levar a cesta. Esse programa ‘Juntos pelo Acre’, ele foi pensado nesse momento para famílias alagadas, então todo mundo que vier buscar vai ter o CPF e seu bairro cadastrado”, afirmou.
As entregas não têm data para acabar, e serão realizadas de 8h às 13h, enquanto houver doações para serem repassadas à população. A presidente ainda diz que é importante frisar que vão ser entregues os mantimentos que foram doados por empresas, famílias e as pessoas que querem ajudar, então há a possibilidade de que as entregas sejam interrompidas pela falta de insumos.
“A gente aproveita pra pedir ajuda daqueles que podem, façam a doação quem quiser doar está sendo recolhido na Biblioteca Pública. Então primeiro é entregue na Biblioteca Pública e eles passam pra cá para fazer a distribuição para a população”, falou a presidente.
Amarildo e Maria Rute foram em busca da doação
Richard Lauriano/Rede Amazônica
O auxiliar de serviços gerais, Amarildo Bonfim, é um dos afetados pela cheia do Rio Acre e agradeceu a doação. “Eu fico muito gratificante. Vou ver todo mundo receber esse pouquinho, mas um pouco com Deus é muito, sem Deus não é nada. Graças a Deus, eu só deixei a geladeira dentro da água. Deus abençoe”, disse.
Maria Rute Faria, aposentada, disse que estava precisando da doação nesse período em que está com a casa alagada. “É uma alegria para mim [receber a doação]. Minha situação tá triste porque eu sou aposentada, mas o banco põe todo o meu dinheiro. A minha casa foi alagada até na metade, mas já tá abaixando. Graças a Deus, essa cesta veio na hora certa, porque se eu não preciso, eu não venho [sic]”, afirmou.
Equipes do Procon realizam a entrega das doações de cestas básicas para afetados pela cheia
Richard Lauriano/ Rede Amazônica
Enchente
O Rio Acre na capital acreana apresenta os primeiros sinais de baixa. Na manhã desta quinta-feira (7), a medição das 6h apresentou a metragem de 17,76 metros, com diminuição de 11 centímetros em comparação à ultima medição de quarta-feira (6) às 18h, segundo a Defesa Civil de Rio Branco. Às 12h, o rio baixou para 17,65 metros.
O manancial está acima dos 17 metros há uma semana e na última quarta, alcançou a maior cota do ano, de 17,89 metros. Essa já é a segunda maior cheia da história, desde que a medição começou a ser feita, em 1971. A maior cota histórica já registrada é de 18,40 metros em 2015.
Somente nos abrigos mantidos pela prefeitura de Rio Branco, no Parque de Exposições e escolas, são 4.115 pessoas desabrigadas, segundo a Defesa Civil Municipal nesta quinta (7):
Parque de Exposições Wildy Viana: 888 famílias – 3.552 pessoas
Escolas da capital: 184 famílias em 10 escolas da capital, um total de 563 pessoas
Cheia no Rio Acre atinge 7 municípios
Arte g1
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