19 de setembro de 2024

Em 3 anos, Prefeitura de SP cumpre 12% da meta de substituição da frota de ônibus por veículos elétricos

Gestão municipal precisa colocar 2,1 mil ônibus movidos a energia renovável em circulação até o final deste ano para cumprir objetivo estabelecido para o mandato atual. Prefeito diz que culpa pela falta da infraestrutura necessária é de distribuidora de energia. Ônibus elétricos adquiridos pela Prefeitura de São Paulo em 2023.
Divulgação/Secom/PMSP
A Prefeitura de São Paulo possui apenas 2,4% de sua frota de ônibus composta por veículos elétricos, segundo dados da SPTrans atualizados nesta quinta-feira (7). Com 285 coletivos movidos a energia renovável, a capital atingiu somente 11,9% da meta que precisa ser cumprida até o final deste ano.
No início da gestão Bruno Covas/Ricardo Nunes, um plano com as metas para o mandato (2021-2024) foi estabelecido. Dentre os objetivos, a chapa se comprometeu a encerrar 2024 com 20% de sua frota de ônibus composta por veículos de matriz energética limpa — o equivalente a 2.390 veículos do total de 11.950 que circulam na capital.
A frota atual é composta por:
84 ônibus movidos a bateria;
201 trólebus antigos;
11.665 veículos movidos a diesel.
Durante uma agenda nesta quarta-feira (7), Nunes responsabilizou a Enel-SP pelo situação. Segundo o prefeito, a implantação da infraestrutura necessária para receber os veículos elétricos nas garagens das concessionárias seria de responsabilidade da distribuidora de energia.
“Em mais um episódio, a Enel atrapalha a cidade de São Paulo. A gente tinha uma previsão de um valor de R$ 600 milhões para fazer infraestrutura nas garagens para poder recepcionar os ônibus elétricos, para que fossem carregados. E, agora, a Enel vem com uma surpresa de R$ 1,6 bilhão”, disse o prefeito.
Sem mencionar números, Nunes afirmou que a capital já possui “vários” ônibus elétricos à disposição, mas que ainda não podem ser incluídos nas frotas por não haver pontos de recarga suficientes.
“A gente está em um impasse. Nós já estamos com vários ônibus prontos, e a gente não consegue colocar na frota porque não vai ter a infraestrutura para ele carregar a bateria, porque a Enel se recusa a fazer ou cria dificuldade, como esses preços absurdos, para não atender”, afirmou.
Segundo a Enel-SP, o valor total do projeto de infraestrutura e o cronograma de implantação variam de acordo com a solução adotada pela concessionária do transporte coletivo, como o uso de média ou alta tensão.
A distribuidora também afirmou que existem outras empresas no mercado capazes de oferecer o mesmo serviço de implantação da infraestrutura para carregamento.
O g1 questionou a Secretaria de Transportes e Mobilidade Urbana sobre o número de veículos que estão aguardando para fazer parte da frota. Porém, a pasta apenas informou que a meta de 20% está mantida e que “os ônibus estão sendo fabricados de acordo com a capacidade produtiva dos diversos fornecedores envolvidos no processo de construção”.
A secretaria informou ainda que segue trabalhando com os envolvidos na implantação da infraestrutura necessária para carregar grandes frotas de forma simultânea nas garagens.
Plano de metas
Capital publica regra para compra de ônibus elétricos
Em dezembro de 2023, a prefeitura publicou regras para o repasse de verba às concessionárias de transporte coletivo nas compras de veículos elétricos. Dependendo do modelo, eles podem custar cinco vezes mais do que os ônibus movidos a diesel.
A portaria da gestão municipal estabelece que o valor pago às empresas não pode ultrapassar a diferença entre os preços dos ônibus elétricos e a diesel.
Além do plano de metas, a adoção deste tipo de transporte impactaria diretamente no cumprimento das metas de redução de emissão de poluentes da prefeitura. De acordo com a legislação, a administração municipal deve reduzir em 50% as emissões de gás carbônico no transporte coletivo e de coleta de lixo até 2028, zerando as emissões até 2038.
Em setembro de 2023, a capital recebeu 50 ônibus elétricos e as concessionárias firmaram contrato com a Enel X, braço de mobilidade da Enel, para ter infraestrutura de recarga nas garagens. Durante a entrega dos veículos, Ricardo Nunes falou da expectativa de atingir 600 elétricos na frota até o fim daquele ano, o que não se concretizou.

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