26 de dezembro de 2024

‘Teatro não é terapia, mas pode ser terapêutico’: Karina Silva usa a arte como ferramenta para ajudar mulheres no autoconhecimento

No Dia Internacional da Mulher (8), conheça a história da professora de teatro de Uberlândia que reúne mulheres em um ambiente seguro e livre para criar expressões artísticas a partir dos sonhos e dos medos. Apresentação teatral no final da ‘Oficina de Teatro para Mulheres’
Acervo Pessoal
As luzes do teatro acendem e 11 mulheres sobem juntas ao palco. O espetáculo começa, as emoções vão à flor da pele. As professoras, do lado de fora do palco, se emocionam com a performance das alunas. As mulheres, que 4 meses antes nem imaginavam estar ali, sorriem ao perceber que estão neste espaço e, acima de tudo, juntas.
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Karina Silva, de 29 anos, formada em Teatro pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), conduziu em 2023 a “Oficina de Teatro para Mulheres”, uma iniciativa gratuita da universidade com o objetivo de tornar o teatro mais acessível para a população.
Desde então, a produtora percebeu a potência da arte para apoiar outras mulheres na jornada do autoconhecimento.
O início de uma jornada
No Dia Internacional da Mulher (8), o g1 conversou com a Karina, que desde pequena se interessa pelo mundo artístico. Ela começou a cursar Teatro com 22 anos, momento em que decidiu largar tudo em São Paulo e vir morar em Uberlândia.
Karina Silva, produtora e organizadora da Oficina
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Ao longo de sua graduação, Karina focou no ensino para crianças. Mas, quando chegou ao final de seu curso, decidiu se desafiar e fazer um estágio com adultos – mais especificamente, com mulheres.
Em conjunto com sua colega Bianca Cechinel, as estudantes organizaram uma oficina com duração de 4 meses, com aulas semanais de 3 horas, lecionadas às sextas. Já na primeira aula, Karina teve uma grande surpresa ao encontrar a sala com 15 mulheres em uma sexta à noite de uma semana comum.
A primeira dinâmica feita com as mulheres foi uma roda de conversa, em que todas compartilharam o maior sonho e maior medo.
“O mais bonito que achei é que de alguma forma, todas se identificaram com os medos e sonhos uma das outras. Nesse momento, percebi o tanto que ser mulher é algo que realmente só a gente entende, só nós conseguimos entender a fundo as dores que temos. Conseguimos reunir um grupo de mulheres prontas para fazer teatro e compartilhar suas dores”.
A arte como cura
Para Karina, reunir mulheres em um ambiente seguro e livre para criar expressões artísticas é a sua prioridade.
Por experiências pessoais no curso de Teatro, ela percebeu a potência da arte para curar traumas e inseguranças e decidiu investir para descobrir como seria a interação em um ambiente apenas com mulheres.
A produtora gosta de falar que teatro não é terapia, mas pode ser terapêutico. Através da arte, as mulheres podem elaborar e entender melhor o que está acontecendo com elas, sendo uma forma de trabalhar as inseguranças e incertezas.
“Nosso corpo tem memória. Quando trabalhamos o corpo e a mente, ele vai nos trazer memórias. É como se você descobrisse partes de você que estão ali e você nem sabe. Essa é a potência da arte, de nos fazer questionar e lidar com nossas belezas e sombras.”
De desconhecidas a uma rede de apoio
Depois de 4 meses com encontros semanais, as participantes já não eram mais desconhecidas. Elas tinham dores, belezas, inseguranças e superações em comum. Segundo Karina, a cada aula percebia a sua evolução e das alunas.
No final da oficina, as alunas apresentaram uma cena teatral criada por elas mesmas, com o apoio de Karina e Bianca.
Alunas da ‘Oficina de Teatro para Mulheres’ e professoras
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Com o encerramento, Karina percebeu que ela poderia, sim, trabalhar ensinando teatro para adultos. Motivada com a experiência, ela continuou seus trabalhos como professora em um estúdio particular, onde ela leciona para mulheres de todas as idades.
“É comum ouvir que só faz teatro quem tem dom. Mas, todos somos capazes, se você tem desejo e vontade de fazer teatro, você já é boa o suficiente.”
Unidas em um espaço inusitado nas noites de sexta, mulheres entusiastas do teatro se tornaram uma rede de apoio. Sem esperar, Karina descobriu uma nova vocação para a sua vida e curou inseguranças pessoais ao ensinar sobre formas de se expressar para outras mulheres.
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