26 de dezembro de 2024

Mulheres recebem menos apoio de instituições que homens quando decidem empreender, diz pesquisa

Dados do Sebrae mostram que 28% das mulheres entrevistadas relataram não ter tido apoio de nenhuma entidade em Santa Catarina ao abrir um negócio. Imagem ilustrativa
CDC/Amanda Mills
Mulheres ainda recebem menos apoio institucional que os homens quando decidem empreender em Santa Catarina, embora o estado esteja em uma posição melhor que os demais do país, aponta uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, o g1 destaca que 28% das empreendedoras entrevistadas no estudo relataram não ter tido apoio de nenhuma entidade ao abrir um negócio no estado.
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Apesar de serem menos apoiadas que os homens, que tiveram um percentual de 22%, Santa Catarina ocupa a melhor posição do Brasil no quesito. Em São Paulo, por exemplo, 57% das empreendedoras afirmaram não ter tido suporte de entidades ao abrir um negócio, o maior número do país (veja ranking mais abaixo).
Diretora administrativa financeira de uma empresa que oferece suporte a empreendedores, Lucia Cristiana Ribas Gomez avalia que os números são influenciados pela carga desigual de responsabilidades que as mulheres ainda têm na sociedade.
“Fica difícil equilibrar todas as suas atribuições com família, filhos, casa, trabalho, sendo o desafio de empreender uma jornada bem intensa e desafiadora, como todos sabem”, afirma.
Dados da pesquisa, divulgada no final de 2023, e que entrevistou 277 pessoas no estado, mostram que as empreendedoras catarinenses gastam cerca de duas vezes mais tempo diário em cuidados com pessoas da família e com afazeres domésticos, se comparadas aos homens.
Gomez percebe, no entanto, maior participação feminina no empreendedorismo a cada ano, com ênfase em Santa Catarina.
“Essa mudança é gradativa, mas já apresenta reflexos bastante positivos, e aponta para um cenário com cada vez mais atuação feminina no empreendedorismo”, informa.
Entre as ações praticadas para reverter esse quadro, na empresa onde atua, estão a realização de programas de capacitação, palestras, mentorias e oficinas, incluindo programas direcionados ao público exclusivamente feminino, como o Cocreation Social Lab Mulher.
A empreendedora Cassiana Mendes é uma das empresárias que participou das mentorias, palestras e workshops oferecidos pelo projeto. Ela afirma que a startup dela, a Ritualiza, é a primeira do país a trabalhar com cosméticos naturais de alto desempenho de forma personalizada.
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“Eu sou farmacêutica, tenho mestrado e doutorado na área, mas nunca tinha empreendido. […] Sem dúvidas, não estaríamos no patamar em que estamos hoje sem o apoio de projetos e editais como esses”, afirma.
Ela destaca que a rede de apoio em grupos de mulheres empreendedoras também a ajudou a criar conexões importantes, que acabaram virando parceiras, incluindo sua atual sócia, Natália Bráulio dos Santos.
Cassiana Mendes participou de mentorias dedicadas a mulheres empreendedoras
Divulgação
Segundo Marina Barbieri, gestora do programa Sebrae Delas Mulher de Negócios, o incentivo a mulheres que começam a empreender é importante para que os negócios sejam melhor estruturados e tenham condições de prosperar.
“Percebemos que a maioria das mulheres empreende por necessidade, e elas acabam se perdendo ao começarem os negócios sem estruturá-los. […] Ao trabalhar com essas empreendedoras, nós olhamos para o todo, levando em conta o negócio, a própria empreendedora e o ecossistema, a fim de fortalecer outras redes de apoio na sociedade’, destaca.
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