Quem nunca se sentiu insegura ao andar na rua de noite, passar por lugares afastados ou parques vazios? Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o g1 mostra como elas experienciam a cidade. Veja. Centro de Juiz de Fora, foto de arquivo
TV Integração/Reprodução
O assédio, a importunação sexual e outros crimes de violência são uma realidade na vida da maioria das mulheres. Quem nunca se sentiu insegura ao andar na rua de noite, passar por lugares afastados ou parques vazios?
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Entretanto, muitas delas, ainda que tenham sido vítimas, não sabem como se defender e denunciar o fato. Para marcar o 8 de março, data em que se comemora o Dia da Mulher, o g1 foi às ruas de Juiz de Fora para saber se as moradoras se sentem seguras na cidade.
A reportagem também conversou com uma psicóloga e com a Delegada de Mulheres sobre o assunto. Veja mais abaixo.
Você se sente segura?
Raiana Alfredo, estudante
“Não me sinto segura. Nenhuma mulher, né? De dia e de noite não me sinto segura andando na rua. Mas eu mesma nunca sofri nenhum tipo de assédio, mas quem estava comigo já sofreu”.
Adrielle Cristina David, estudante
“Não tenho sensação de segurança. Acho que por eu ser mulher estou muito suscetível a sofrer assédio. Evito fazer algumas coisas, por exemplo, não saio sozinha à noite”.
Marcia Ferreira, cabeleireira
“De dia e de noite não estou me sentindo segura, e de noite é ainda pior. Eu deixo de ir em lugares afastados, mas nunca senti nenhum tipo de assédio”.
Carla Cristina Barros Mendes, vendedora
“Parcialmente, depende, em alguns lugares sim, debaixo de viadutos, ruas mais escuras. Já sofri assédio sim, é desconfortável. Às vezes nós mulheres estamos andando e os homens mexem com a gente”.
Edneia, 48 anos
“Me sinto segura, mas saio muito pouco de casa, e quando saio fico mais aqui no Centro. Então talvez eu não possa falar com muita propriedade, o pouco que eu venho aqui me sinto segura”.
Qual a diferença entre assédio e importunação?
Exemplos de condutas que podem ser classificadas como assédio, conforme o Ministério da Defesa:
Insinuações, explícitas ou veladas, de caráter sexual;
Gestos ou palavras, escritas ou faladas, de duplo sentido, que constranjam sexualmente outra pessoa;
Conversas indesejadas, impertinentes e ofensivas de conteúdo sexual;
Narração de piadas ou uso de expressões impertinentes de conteúdo sexual que ofendam a dignidade;
Contato físico, de forma não razoável, que tenha contexto sexual;
Convites impertinentes e inconvenientes;
Pedidos de favores sexuais, entre outros.
Já a importunação sexual, segundo o Tribunal de Justiça, é um crime mais grave por se tratar de um ato libidinoso, como, por exemplo, apalpar, lamber, tocar, masturbar ou ejacular em público. Todos com objetivo de satisfação sexual na presença da vítima, sem autorização.
Mais de 140 casos de importunação sexual em 2023
Foi apenas em 2019 que o crime de importunação sexual foi incluído no Registro de Eventos de Defesa Social em Juiz de Fora.
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Dados do Observatório de Segurança Pública apontam que no ano passado a cidade registrou 143 casos. Já em 2022 foram 90 notificações.
A Sejusp não soube informar os locais de onde os registros aconteceram.
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A delegada Carolina Gonçalves, contou que nos últimos dois anos, a Delegacia da Mulher teve um aumento significativo do número de registros de ocorrência de importunação sexual.
“Acredito que isso seja pela maior conscientização da população. Hoje até testemunhas têm denunciado”.
De acordo com a delegada, a maioria dos registros acontece nos ônibus, mas outros lugares como praças, ruas e casas de festa são alguns outros espaços relatados pelas vítimas.
Como denunciar?
“A população não pode se calar”, reforçou. A orientação da Polícia Civil é chamar a polícia logo depois do fato. “É importante que as imagens dos fatos não sejam apagadas, para a gente poder localizar quem cometeu o crime”, disse Carolina Gonçalves.
A delegada explica que a denúncia pode ser feita diretamente na Delegacia da Mulher, que fica no Santa Cruz Shopping, Centro da cidade, ou:
Ligue 180, Central de Atendimento à Mulher, que, através de ligação gratuita, presta escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência em todo o país;
Atendente virtual “Chame a Frida”, que atende pelo número de Whatsapp (31) 99141-6954;
Delegacia virtual, que registra ocorrências diretamente pelo site delegaciavirtual.sids.mg.gov.br.
A importância do planejamento urbano
Todas as mulheres deveriam se sentir seguras em espaços públicos, em qualquer lugar, a qualquer hora. É o direito de ir e vir. Segundo especialistas, essa realidade pode ser atingida através do conceito de “democratização do espaço urbano”.
A reportagem procurou a Prefeitura de Juiz de Fora para saber se a administração planeja realizar um planejamento urbano que atenda requisitos básicos como iluminação dos espaços públicos, guardas municipais, capina de mato alto, arborização e revitalização de parques e aguarda retorno.
Conscientização da população
Para a psicóloga Narenda de Freitas é necessário o constante diálogo sobre a temática.
Conforme a profissional, é importante o acompanhamento psicológico depois do fato para a vítima ser acolhida, orientada e ouvida.
“Dessa forma ela começa a organizar os pensamentos e sentimentos, como vergonha, culpa, medo, que permeiam a situação de violência”, ela explica que é assim que a mulher consegue se fortalecer e quebrar esse ciclo.
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