Aproveitar frutas e legumes em sua totalidade e reaproveitar refeições prontas em outros preparos são alternativas para diminuir a quantidade de comida jogada fora. Valor que uma família desperdiça todos os anos com comida jogada fora pode ultrapassar salário-mínimo
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Pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revela que cada brasileiro joga fora cerca de 60 quilos de alimentos bons para o consumo todos os anos. Os dados são de 2022.
Informação e criatividade são grandes aliados na hora de reduzir a quantidade de comida descartada.
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Em vez de jogar fora a casca, o talo e as folhas de frutas e hortaliças, por que não incorporá-los à alimentação? Em alguns casos, essas partes – normalmente pouco valorizadas – são as que concentram a maior parte dos nutrientes, como explicam as nutricionistas Hellen Suleman, do Senac Paraná, e Karla Suzana Moresco, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Veja alguns exemplos:
🥒 Os talos do alho-poró contêm mais vitaminas C e K do que o próprio bulbo;
🎃 As sementes de abóbora são excelentes fontes de proteína, fibras, magnésio e zinco;
🥦 Os talos do brócolis são ricos em fibras, vitamina C e cálcio;
🥕 As folhas da cenoura possuem altos níveis de vitamina K, potássio e cálcio;
⚠️ Mas atenção: algumas folhas são impróprias para o consumo, como é o caso da batata, mandioca e tomate. Elas contêm solanina, uma substância que pode ser tóxica ou causar efeitos colaterais no sistema gastrointestinal.
Desperdício desde a lavoura
Levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que o Brasil desperdiça 27 milhões de toneladas de alimentos por ano e que 80% do descarte acontece antes mesmo dos produtos chegarem à mesa, sendo desperdiçados nas etapas de produção, manuseio, transporte e abastecimento.
Os dados de 2022 colocam o Brasil na 10ª posição entre os países que mais desperdiçam comida no mundo. Professores do curso de Agronomia no Paraná explicam que nas propriedades rurais a perda de alimentos pode estar associada a fatores como adubação ineficiente, ataque de pragas e doenças, e uso inadequado de plantadeiras e colheitadeiras.
A professora Fernanda Bastos, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), afirma que o ponto de colheita das hortaliças, frutos, grãos e flores faz diferença na durabilidade, principalmente no transporte.
“Alimentos colhidos muito maduros tendem a estragar antes mesmo de chegar aos mercados”, complementa.
O ato de apertar as frutas para verificar se estão boas para o consumo é um hábito que prejudica a durabilidade desses alimentos. “Isso reduz a qualidade por dano mecânico”, alerta a professora.
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Apertar alimentos pode contribuir para que eles estraguem mais rápido
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O professor Paulo de Tarso de Lara Pires, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), cita que os valores pagos pelos alimentos também interferem na taxa de desperdício.
“Os preços dos produtos agrícolas nos mercados interno e externo podem levar o produtor ao descarte de produtos que não garantem um valor mínimo que viabilize a colheita e o transporte. A falta de locais adequados para armazenamento deixa o produtor vulnerável às bruscas variações do mercado, que fica sujeito a comercializar seus produtos por valores muito baixos ou mesmo à perda dos alimentos de rápida deterioração”, reforça.
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Antes seria lixo, hoje é adubo
Mesmo que seja possível evitar o desperdício de alimentos no dia a dia, o descarte de alguns resíduos é inevitável.
A compostagem é uma alternativa sustentável que mesmo quem mora em apartamento consegue aderir, seja empilhando caixas ou baldes plásticos ou usando kits prontos à venda na internet e em lojas físicas.
“Além de formar um ótimo adubo orgânico sólido, sem cheiro algum e sem atrair insetos, a composteira caseira gera um chorume de alta qualidade nutricional para as plantas”, ressalta a professora Fernanda.
Confira algumas dicas do professor Paulo para que a compostagem proporcione os benefícios esperados:
evite incluir na composteira resíduos como restos de carne, ossos, queijos, óleos, gorduras e fezes de animais, os quais podem gerar odores indesejáveis;
ao depositar os materiais, adicione pelo menos de duas a três vezes o volume de folhas secas ao volume de restos de comida;
certifique-se de que os restos de comida estão cobertos por quatro a oito polegadas de folhas secas;
para garantir a circulação do ar, vire o composto de vez em quando usando um garfo de jardinagem;
se a pilha estiver muito seca, adicione um pouco de água, revolva e deixe descansar.
Receitas aproveitam 100% do alimento
A pedido do g1, as nutricionistas sugeriram duas opções de receitas em que é possível usar os alimentos em sua totalidade. Confira:
Pastel assado de ricota recheado com talos de couve
Ingredientes
1 xícara (chá) de ricota
3 colheres (sopa) de margarina
2 xícaras (chá) de farinha de trigo
1 xícara (chá) de couve manteiga picada (incluindo os talos)
3 colheres (sopa) de óleo
2 colheres (sopa) de cebola picada
1 dente de alho picado
5 azeitonas verdes picadas
1 ovo
Sal, pimenta e orégano a gosto
Modo de preparo
Para fazer a massa, esmague a ricota com a margarina, adicione o sal e a farinha. Se a mistura ficar com pouco úmida, adicione água aos poucos para dar liga. Envolva a massa em plástico filme e leve à geladeira por 30 minutos.
Para preparar o recheio, aqueça o óleo em uma panela e refogue a cebola, o alho e a azeitona. Em seguida adicione a couve e tempere com sal, pimenta e orégano.
Abra a massa com o rolo em uma superfície enfarinhada, corte-a em pedaços iguais, distribua o recheio, feche os pastéis e pincele com o ovo. Asse a 180°C por 30 minutos ou até dourar.
Bolo de casca de banana
Bolo com cascas da banana é opção para aproveitar alimento e diminuir o descarte de resíduos
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Ingredientes
3 bananas maduras com as cascas
2 ovos
1 copo de iogurte natural
½ xícara (chá) de farinha de trigo
4 colheres (sopa) de aveia (flocos finos)
2 colheres (sopa) de mel
1 colher (chá) de fermento em pó
Modo de preparo
Pré-aqueça o forno a 180ºC, descasque as bananas, lave as cascas em água corrente e bata-as no liquidificador. Esmague as bananas com um garfo e junte-as às cascas liquidificadas, acrescentando também as gemas, o iogurte e o mel e bata até obter uma mistura homogênea.
Adicione a aveia e a farinha e bata mais um pouco e, por último, incorpore as claras em neve à massa. Leve ao forno para assar durante 30 a 40 minutos.
Se no momento do preparo muitos alimentos vão parar no lixo, o mesmo acontece com as refeições prontas. Pesquisa de empresa do ramo alimentício revela que o item mais desperdiçado nas casas brasileiras é o arroz. Pensando nisso, a instrutora do Senac dá mais uma sugestão de receita para reaproveitar o alimento:
Pizza com massa de arroz
Ingredientes
1 xícara (chá) de leite
1/2 xícara (chá) de óleo
2 xícaras (chá) de arroz cozido
2 colheres (sopa) de parmesão ralado
1 colher (sopa) de fermento em pó
Sal a gosto
Modo de preparo
Bata todos os ingredientes no liquidificador até triturar bem. Despeje a massa em uma forma de pizza untada e enfarinhada e leve ao forno médio pré-aquecido a 180 ºC por cerca de 20 minutos ou até começar a dourar na lateral.
Recheie a pizza a gosto, volte ao forno para derreter o queijo e sirva em seguida.
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