20 de setembro de 2024

‘Uma cena de horror’: moradores da Região Metropolitana de Porto Alegre descrevem cenários de destruição ao voltar para casa

Enchente atingiu mais de 283 mil domicílios particulares em todo o estado, segundo governo do estado. Temporais no Rio Grande do Sul obrigaram 626,7 mil pessoas a sair de casa. Morador de Porto Alegre realiza limpeza de casa
Reprodução/RBS TV
Moradores de Porto Alegre e Região Metropolitana que estão voltando para casa após o nível da água baixar descrevem cenários de destruição. Além do lodo que permanece impregnado no chão, imóveis e memórias foram perdidas. O governo estima que mais de 283 mil domicílios particulares foram atingidos no Rio Grande do Sul.
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Desde o início das chuvas no Rio Grande do Sul, 2,3 milhões de pessoas foram afetadas pelos temporais e pelas cheias. Desse total, 626,7 mil seguem foram de casa, recebendo acolhimento de amigos, parentes e em abrigos. Aos poucos, ao retornar às residências, elas enxergam os locais em ruínas.
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Moradores limpam casas no bairro Humaitá
Adrielie Fontoura dos Anjos
É o caso da auxiliar financeira Andrea Duarte Cunha, que retornou na quinta-feira (30) para iniciar o trabalho de limpeza. A moradora do bairro Humaitá, na Zona Norte da Capital, abandonou o imóvel após escutar no rádio sobre a possível inundação. Ela colocou tudo o que pode em cima de tijolos para tentar evitar estragos, mas não foi o suficiente.
“Um lodo, um lodo horrível. Tudo, tudo. Um cheiro insuportável, e tinha ficado carne no freezer. Então, assim, foi uma cena de horror, de horror. Só a gente vivendo para saber o que que é. Parecia o que a gente via em filmes, essas cenas. Mas depois de hoje é muito triste, dói demais”, afirma.
Dia foi de limpeza na Orla de Ipanema, em Porto Alegre
Andrea também revela preocupação com o bairro, que está coberto de entulho e lama. Em Porto Alegre, segundo a prefeitura, tanto a região onde mora Andrea quanto o bairro Farrapos somam 30 mil habitantes e mais de 3,5 mil empresas, além da Arena do Grêmio. Ao todo, 157.7 mil pessoas foram afetadas na capital.
Essa também é a realidade de moradores do bairro Guarujá, na Zona Sul, onde 1,2 mil pessoas tiveram prejuízos. O nível do Guaíba baixou na Orla de Ipanema, onde a população costumava praticar atividades físicas e ter momentos de lazer. Com isso, equipes da prefeitura realizaram trabalhos de limpeza em 15 pontos da região.
Com a presença do sol, a representante comercial Carla Verroni aproveitou para retirar entulhos, limpar a casa e contabilizar os prejuízos. Além das perdas materiais, a moradora revela a dor de ver a memória destruída.
“Essa é uma foto de um quadro, quase se perdeu, né, foi fora já e, aí, ficou a foto, que a gente vai tentar recuperar, que é eu e a minha mãe quando eu era pequena, então, vamos tentar recuperar para ficar com essa lembrança”, afirma.
Carla Verroni tenta recuperar foto com a mãe
Reprodução/RBS TV
Transtornos na Região Metropolitana
Em São Leopoldo, Região Metropolitana da capital, 40,7% da população foi atingida segundo o Piratini, entre elas, a técnica de enfermagem Irisiane Araújo Prates, que só conseguiu chegar em casa na quinta-feira. Ela vistoriou o local onde reside há 23 anos e calcula que só será possível voltar a morar na própria casa em, pelo menos, um mês.
“Foi muito triste, sabe, chegar na frente da nossa casa e ver o nosso jardim, que a gente gostava e a gente cultivava com muito amor, muito carinho, toda semana a gente fazia as podas e organizava”, diz.
“Tudo que tu olha, lembra de algo. Tu lembra de um momento, então tudo marca demais, sabe? Até por uma simples xícara que eu juntei do chão, que eu tinha ganhado de Dia das Mães no ano passado da minha filha”, complementa.
Casas ficaram destruídas após enchente na Região Metropolitana de Porto Alegre
Gerson Prates
Três municípios da Região Metropolitana tiveram mais de 40% da população atingida pelas cheias até esta quinta. Eldorado do Sul (80,8%), Canoas (44%) e São Leopoldo (40,7%) somam 273,3 mil pessoas afetadas diretamente.
Os dados são do governo do estado, que lançou nesta quinta o Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP). O documento analisa dados da tragédia a partir de imagens de satélite de alta resolução. Até o momento, já foram mapeados 262 dos 297 municípios gaúchos.
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