27 de dezembro de 2024

Arthur Lira quebra silêncio e reage: plenário da Câmara não será sequestrado por comissões

Presidente da Câmara dos Deputados diz ao blog que “seria antidemocrático” interferir em escolhas de partidos para comissões e que “não censura nenhum deputado”, de direita ou de esquerda. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em discurso de posse como presidente do Parlamento do G20
Reprodução
Criticado nesta semana por não ter interferido diretamente nos nomes escolhidos pelos partidos para comandarem comissões importantes da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), quebrou o silêncio.
Em longa conversa com o blog, Lira avalia que o assunto está sendo “supervalorizado”. O presidente da Câmara lembra que desde o ano passado foi firmado um acordo entre os partidos da Casa por um rodízio nas principais comissões. “A única coisa que cabia definir era o ano em que cada um ocuparia a presidência da comissão”.
“Nenhum presidente da Câmara tem direito ou atribuição de interferir na escolha dos líderes para as comissões. Eu não posso, assim como o Pacheco [presidente do Senado] não pode. Assim como não puderem [Michel] Temer ou Aécio [Neves] e outros presidentes da Câmara”, afirmou Lira.
Lira diz ainda que usar o cargo para vetar a escolha garantida pelo regimento aos líderes de cada partido seria abuso. “Isso seria antidemocrático — e, além do mais, eu não faço censura a nenhum deputado.”
Ele sustenta que não haverá alteração no andamento de projetos na Casa, porque o plenário não será “sequestrado pelas comissões”.
“Não há celeuma. Nem eu sou dono do plenário, nem presidente de comissão é dono da pauta de comissão. Toda comissão temática é importante. Mas elas não sequestram o Parlamento. Assim como o Parlamento não sequestra o governo.”
Publicamente, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, criticou o não envolvimento de Lira no veto a alguns indicados pelo PL que são considerados radicais, como Nikolas Ferreira (PL-MG), escolhido para comandar a Comissão de Educação da Casa. O deputado mineiro jamais apresentou no Parlamento projeto relacionado à área.
“No ano de minha eleição para a presidência da Câmara foi feito um acordo para o rodízio de partidos nas principais comissões. Eu honro todos os acordos que faço. E tenho um compromisso com a estabilidade.”
Lira ainda deu um recado sobre a mistura dos debates entre ocupantes de comissões e sua sucessão. Ele tem mandato de presidente da Casa até o início do ano que vem. “Querer apressar a disputa da Câmara como a do Senado é querer enfraquecer o Parlamento. É uma estratégia.”

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